At? 2020 o Brasil ultrapassar? os Estados Unidos como o maior exportador de alimentos do mundo, apesar dos elevados custos no transporte de gr?os
1 de setembro de 2020
Mesmo com perdas de at? 4 milh?es de toneladas de soja e milho, ocorridas no decorrer de 2014, em consequ?ncia das defici?ncias na infraestrutura, que elevam os custos de transporte, tornando insuport?veis para o setor produtivo brasileiro, at? 2020 o Brasil ultrapassar? os Estados Unidos, tornando-se o maior exportador de alimentos do mundo, afirmou o Consultor de Infraestrutura e Log?stica, da Confedera??o da Agricultura e Pecu?ria do Brasil (CNA), Luiz Ant?nio Fayet, em reportagem publicada neste final de semana pela revista Carta Capital. A mat?ria da revista enfoca a defici?ncia e as medidas que foram e dever?o ser implementadas para reduzir o chamado ?Custo Brasil?.
Muito al?m do necess?rio
Todo ano a cena se repete. Centenas de caminhoneiros transportam soja e milho do Centro-Oeste e do Norte para os portos de Santos e Paranagu?, por causa da falta de op??es no sistema log?stico do Arco Norte. Em 2014, foram 64 milh?es de toneladas de gr?os enviadas para os terminais por conta do gargalo, que pesa no bolso dos agricultores. Enquanto argentinos e norte americanos pagam cerca de 20 d?lares para enviar a soja ao exterior, os brasileiros desembolsam quatro vezes mais.
Para o Brasil evitar esse tipo de situa??o, continuar competitivo no cen?rio internacional, elevar a renda interna e fortalecer as cadeias produtivas da ind?stria e do agroneg?cio, ser? essencial realizar o que sucessivos governos n?o t?m conseguido: deslanchar os investimentos em infraestrutura. O debate ganha ainda mais relev?ncia neste momento de crise econ?mica e de uma agenda obsessivamente focada no ajuste fiscal. No intuito de oferecer op??es e discutir os impasses na ?rea, Carta Capital reuniu na segunda-feira 15 em S?o Paulo autoridades, empres?rios e acad?micos no semin?rio "Infraestrutura: motor do crescimento".
Fonte de grandes expectativas do setor privado, os leil?es de terminais portu?rios t?m atra?do muito interesse de investidores nacionais e estrangeiros, garante o ministro-chefe da Secretaria Especial dos Portos, Edinho Ara?jo (entrevista ao lado). Dos 198,4 bilh?es de reais anunciados na nova fase do Programa de Investimentos em Log?sticos, 37,4 bilh?es vir?am de concess?es na ?rea.
O governo promete licitar oito terminais em Santos e cinco no Par? no segundo semestre. Os investimentos somados devem alcan?ar 2,1 bilh?es de reais. Quando a Lei dos Portos foi sancionada em 2013, a expectativa era de que o modelo de licita??o consagrasse vencedora a empresa que combinasse maior movimenta??o e menor tarifa. Recentemente, por?m, o governo editou um novo decreto que inclui a cobran?a de outorga onerosa entre os crit?rios de licita??o. O Pal?cio do Planalto, informa o ministro, far? uma consulta ao Tribunal de Contas da Uni?o para avaliar a possibilidade de aplica??o do crit?rio nas licita??es deste ano.
Fernando Sarti, diretor do Instituto de Economia da Unicamp, afirmou que a agenda de infraestrutura ? essencial para o Brasil voltar a crescer de forma sustentada, mas criticou a timidez do plano lan?ado na ter?a-feira 9. Segundo Sarti, para cumprir o objetivo de crescimento sustentado de 4% a 5% ao ano, ele precisaria ser muito mais ambicioso. Atualmente, o Pa?s investe perto de 2% do PIB em obras, enquanto seus rivais emergentes aplicam 5%. A compara??o com os chineses ? ainda pior. "Entre2003e 2013, a China investiu 8,5% e a infraestrutura representou 20% do PIB chin?s, enquanto aqui est? em 10%. Pod?amos ter como meta de longo prazo aumentarmos nossos porcentuais."
O economista ressalta ainda outro fator negligenciado em sucessivos planos de investimento: a necessidade de estimular a produ??o industrial interna e n?o simplesmente comprar m?quinas e equipamentos do exterior. "H? uma oportunidade de aumento de renda, de recuperar a ind?stria e a pesquisa e desenvolvimento. Enquanto 35% do PIB chin?s ? ind?stria, chegamos a 13%", observou. "A demanda que vamos criar com esses projetos de infraestrutura ser? suprida por n?s ou compraremos m?quinas da Alemanha, sistemas de comunica??o da China e plataformas da Cor?ia do Sul?"
Por problemas no escoamento da produ??o, o Pa?s deixou de produzir 4 milh?es de toneladas de gr?os, calcula a CNA
At? 2020 , projeta a Confedera??o Nacional da Agricultura, o Brasil ultrapassar? os Estados Unidos e se tomar? o maior exportador de alimentos do planeta. Esse avan?o poder?a ser mais r?pido n?o fossem as perdas geradas pela inefici?ncia na infraestrutura. "Por incapacidade de arcar com os custos de transporte, deixamos de produzir 4 milh?es de toneladas de soja e milho em 2014", informou Luiz Ant?nio Fayet, consultor em log?stica da CNA.
Coordenador do N?cleo de Log?stica, Supply Chain e Infraestrutura da Funda??o Dom Cabral, Paulo Resende afirmou que a matriz de transportes continuar? desequilibrada pelos pr?ximos 10 a 15 anos. "Somos um pa?s sobre rodas, que transporta 80% dos produtos nos caminh?es em rodovias que est?o em p?ssimas condi??es." O programa de concess?es, acredita, dever? atrair a iniciativa privada e poder? atrair novas empresas para o setor. "Deveremos assistir a uma especializa??o de cargas, com os portos do Norte especializados em commodities e Santos ampliando a participa??o em cont?ineres." Destravar a agenda de investimentos em infraestrutura, considerou, exige outra postura, a de buscar projetos com qualidade. "Nesses ?ltimos 30 anos, vivemos uma invers?o perigosa: trocamos o planejamento pelo risco. Para os gestores p?blicos e as concession?rias, o ambiente de gest?o de riscos permite se apropriar dos pr?prios riscos, com a cultura dos aditivos contratuais. Para a gest?o do risco malfeito, o processo atual ? ?timo." Seria preciso seguir alguns crit?rios. Primeiro, disse, quem elabora o projeto n?o deveria participar da concess?o. Segundo, os projetos executivos devem ser benfeitos e usados como base nas licita??es. "O governo deve se limitar a ser guardi?o da qualidade dos servi?os e a fazer bem os marcos regulat?rios de cada um dos setores."
Para o presidente da Associa??o Nacional dos Usu?rios do Transporte de Cargas, Luiz Henrique Baldez, o programa de concess?es do governo tem alguns problemas. O principal seria a cobran?a de outorga onerosa nas ferrovias e portos. Ele citou a licita??o de um terminal de gr?os no Maranh?o, cujo investimento era de 350 milh?es de reais, mas a regra determinava como vencedor quem oferecesse o maior ?gio. O cons?rcio que ganhou a obra pagou 300 milh?es acima do pre?o m?nimo. Quem vai pagar a conta? Os usu?rios, diz o executivo. "Um ?gio de 20% em uma licita??o representa alta de 25% da tarifa." Baldez ainda tem d?vidas em rela??o ao novo modelo ferrovi?rio. "Muitos produtores s?o impedidos de transportar seus produtos por ferrovias. E um monop?lio que n?o d? espa?o para todos os setores da economia e perpetua a baixa competitividade da economia." Atualmente, 75% da malha ferrovi?ria ? dedicada exclusivamente ao transporte do min?rio de ferro.
Fonte: Canal do Produtor
Muito al?m do necess?rio
Todo ano a cena se repete. Centenas de caminhoneiros transportam soja e milho do Centro-Oeste e do Norte para os portos de Santos e Paranagu?, por causa da falta de op??es no sistema log?stico do Arco Norte. Em 2014, foram 64 milh?es de toneladas de gr?os enviadas para os terminais por conta do gargalo, que pesa no bolso dos agricultores. Enquanto argentinos e norte americanos pagam cerca de 20 d?lares para enviar a soja ao exterior, os brasileiros desembolsam quatro vezes mais.
Para o Brasil evitar esse tipo de situa??o, continuar competitivo no cen?rio internacional, elevar a renda interna e fortalecer as cadeias produtivas da ind?stria e do agroneg?cio, ser? essencial realizar o que sucessivos governos n?o t?m conseguido: deslanchar os investimentos em infraestrutura. O debate ganha ainda mais relev?ncia neste momento de crise econ?mica e de uma agenda obsessivamente focada no ajuste fiscal. No intuito de oferecer op??es e discutir os impasses na ?rea, Carta Capital reuniu na segunda-feira 15 em S?o Paulo autoridades, empres?rios e acad?micos no semin?rio "Infraestrutura: motor do crescimento".
Fonte de grandes expectativas do setor privado, os leil?es de terminais portu?rios t?m atra?do muito interesse de investidores nacionais e estrangeiros, garante o ministro-chefe da Secretaria Especial dos Portos, Edinho Ara?jo (entrevista ao lado). Dos 198,4 bilh?es de reais anunciados na nova fase do Programa de Investimentos em Log?sticos, 37,4 bilh?es vir?am de concess?es na ?rea.
O governo promete licitar oito terminais em Santos e cinco no Par? no segundo semestre. Os investimentos somados devem alcan?ar 2,1 bilh?es de reais. Quando a Lei dos Portos foi sancionada em 2013, a expectativa era de que o modelo de licita??o consagrasse vencedora a empresa que combinasse maior movimenta??o e menor tarifa. Recentemente, por?m, o governo editou um novo decreto que inclui a cobran?a de outorga onerosa entre os crit?rios de licita??o. O Pal?cio do Planalto, informa o ministro, far? uma consulta ao Tribunal de Contas da Uni?o para avaliar a possibilidade de aplica??o do crit?rio nas licita??es deste ano.
Fernando Sarti, diretor do Instituto de Economia da Unicamp, afirmou que a agenda de infraestrutura ? essencial para o Brasil voltar a crescer de forma sustentada, mas criticou a timidez do plano lan?ado na ter?a-feira 9. Segundo Sarti, para cumprir o objetivo de crescimento sustentado de 4% a 5% ao ano, ele precisaria ser muito mais ambicioso. Atualmente, o Pa?s investe perto de 2% do PIB em obras, enquanto seus rivais emergentes aplicam 5%. A compara??o com os chineses ? ainda pior. "Entre2003e 2013, a China investiu 8,5% e a infraestrutura representou 20% do PIB chin?s, enquanto aqui est? em 10%. Pod?amos ter como meta de longo prazo aumentarmos nossos porcentuais."
O economista ressalta ainda outro fator negligenciado em sucessivos planos de investimento: a necessidade de estimular a produ??o industrial interna e n?o simplesmente comprar m?quinas e equipamentos do exterior. "H? uma oportunidade de aumento de renda, de recuperar a ind?stria e a pesquisa e desenvolvimento. Enquanto 35% do PIB chin?s ? ind?stria, chegamos a 13%", observou. "A demanda que vamos criar com esses projetos de infraestrutura ser? suprida por n?s ou compraremos m?quinas da Alemanha, sistemas de comunica??o da China e plataformas da Cor?ia do Sul?"
Por problemas no escoamento da produ??o, o Pa?s deixou de produzir 4 milh?es de toneladas de gr?os, calcula a CNA
At? 2020 , projeta a Confedera??o Nacional da Agricultura, o Brasil ultrapassar? os Estados Unidos e se tomar? o maior exportador de alimentos do planeta. Esse avan?o poder?a ser mais r?pido n?o fossem as perdas geradas pela inefici?ncia na infraestrutura. "Por incapacidade de arcar com os custos de transporte, deixamos de produzir 4 milh?es de toneladas de soja e milho em 2014", informou Luiz Ant?nio Fayet, consultor em log?stica da CNA.
Coordenador do N?cleo de Log?stica, Supply Chain e Infraestrutura da Funda??o Dom Cabral, Paulo Resende afirmou que a matriz de transportes continuar? desequilibrada pelos pr?ximos 10 a 15 anos. "Somos um pa?s sobre rodas, que transporta 80% dos produtos nos caminh?es em rodovias que est?o em p?ssimas condi??es." O programa de concess?es, acredita, dever? atrair a iniciativa privada e poder? atrair novas empresas para o setor. "Deveremos assistir a uma especializa??o de cargas, com os portos do Norte especializados em commodities e Santos ampliando a participa??o em cont?ineres." Destravar a agenda de investimentos em infraestrutura, considerou, exige outra postura, a de buscar projetos com qualidade. "Nesses ?ltimos 30 anos, vivemos uma invers?o perigosa: trocamos o planejamento pelo risco. Para os gestores p?blicos e as concession?rias, o ambiente de gest?o de riscos permite se apropriar dos pr?prios riscos, com a cultura dos aditivos contratuais. Para a gest?o do risco malfeito, o processo atual ? ?timo." Seria preciso seguir alguns crit?rios. Primeiro, disse, quem elabora o projeto n?o deveria participar da concess?o. Segundo, os projetos executivos devem ser benfeitos e usados como base nas licita??es. "O governo deve se limitar a ser guardi?o da qualidade dos servi?os e a fazer bem os marcos regulat?rios de cada um dos setores."
Para o presidente da Associa??o Nacional dos Usu?rios do Transporte de Cargas, Luiz Henrique Baldez, o programa de concess?es do governo tem alguns problemas. O principal seria a cobran?a de outorga onerosa nas ferrovias e portos. Ele citou a licita??o de um terminal de gr?os no Maranh?o, cujo investimento era de 350 milh?es de reais, mas a regra determinava como vencedor quem oferecesse o maior ?gio. O cons?rcio que ganhou a obra pagou 300 milh?es acima do pre?o m?nimo. Quem vai pagar a conta? Os usu?rios, diz o executivo. "Um ?gio de 20% em uma licita??o representa alta de 25% da tarifa." Baldez ainda tem d?vidas em rela??o ao novo modelo ferrovi?rio. "Muitos produtores s?o impedidos de transportar seus produtos por ferrovias. E um monop?lio que n?o d? espa?o para todos os setores da economia e perpetua a baixa competitividade da economia." Atualmente, 75% da malha ferrovi?ria ? dedicada exclusivamente ao transporte do min?rio de ferro.
Fonte: Canal do Produtor