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Agricultor familiar também pode e deve exportar alimentos
Em março, uma cooperativa de pequenos produtores de cacau do sul da Bahia enviou para a Suíça meia tonelada de massa de cacau, preparada com amêndoas selecionadas de agricultores familiares. Foi o segundo lote de exportação da Coopercabruca, que fez seu processo de capacitação para acessar o mercado externo pelo programa Agro.BR da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA).

Acordo quer fortalecer a agricultura familiar nas escolas
Os cacauicultores associados à Cabruca fazem parte do maior grupo de produtores rurais do Brasil, os agricultores familiares que abrangem 77% dos estabelecimentos rurais, segundo o último Censo Agropecuário feito pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). São 3,89 milhões de pequenas propriedades, ocupando mais de 10 milhões dos cerca de 18 milhões de trabalhadores rurais do país.

Neste 25 de maio, quando se comemora o Dia do Trabalhador Rural, é importante destacar que o agricultor familiar produz 11% do arroz, 42% do feijão, 70% da mandioca, 71% do pimentão e 45% do tomate que o brasileiro consome.

Na pecuária, o setor é responsável por 64% do leite de vaca do país, concentra 31% do rebanho bovino, 51% dos suínos e 46% das aves. Mesmo com esse gigantismo, o pequeno agricultor ou agricultor familiar participa pouco das exportações do agro brasileiro, segundo especialistas.

Sueme Mori, diretora de Relações Internacionais da CNA, diz que isso precisa mudar porque a exportação de alimentos é um negócio viável para todos os produtores, independentemente do porte. “O Brasil é uma grife no mercado internacional de alimentos, assim como é no futebol. Exportamos muito volume de soja, milho, algodão, carnes, mas a pauta exportadora brasileira não reflete a diversidade de nossa produção. Tem que ampliar a base e os pequenos agricultores têm necessariamente que participar desse mercado junto com os médios e grandes.”

Diversificação
O projeto da CNA, em parceria com a Apex Brasil, visa promover a internacionalização de pequenos e médios produtores em setores que não têm grande peso nas exportações como mel, frutas, nozes e pescados. “O Brasil é o terceiro maior produtor de frutas do mundo, por exemplo, mas exporta muito pouco do que produz. Precisa ampliar e entrar em novos mercados.”

Além de aumentar a balança comercial brasileira, a vantagem da exportação, segundo Sueme, é que, embora seja um mercado muito competitivo, o comprador do exterior geralmente paga melhor que o interno ou, pelo menos, serve como equilíbrio para os preços. A questão do preço maior e da ampliação de mercados também é citada como vantagens da exportação por Orlantildes Pereira, presidente da Coopercabruca, que tem cerca de 60 associados.

“Além disso, o foco no mercado externo garante mais credibilidade ao nosso trabalho. O fato de nós, pequenos produtores, conseguirmos acessar um mercado tão exigente como o da Suíça dá visibilidade ao nosso chocolate e abre oportunidades de exportação de volumes maiores para outros mercados com contratos de longo prazo.”

Padrão
A Cooperativa dos Agricultores Familiares do Baixo Sul (Coopafbasul), com sede em Ituberá (BA), também já estreou no comércio internacional. Em 2018 exportou um lote de 14 toneladas de guaraná para a França e em 2021 mandou 21 toneladas para os Estados Unidos. Com a pouca produtividade atual do guaraná e o baixo preço, passou a exportar coco de piaçava para o Egito. Já foram enviadas 400 toneladas das 800 toneladas previstas para este ano.

“A exportação é um desafio. Ter um produto com os padrões para exportação é ter o reconhecimento do nosso trabalho na agricultura familiar. Principalmente em um país como os Estados Unidos com padrões tão rigorosos de qualidade, e rastreabilidade”, diz o diretor da Coopafbasul, Gileno Araújo dos Santos.

Diversificação de receitas e aumento da visibilidade global também são citados como vantagens do acesso ao mercado externo por Fábio Pizzamiglio, diretor da Efficienza, empresa especializada em comércio exterior com escritórios em São Paulo, Caxias do Sul (RS) e Porto Alegre (RS).

Políticas públicas
Alberto Broch, vice-presidente e secretário de Relações Internacionais da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag) e vice-presidente do Fórum Rural Mundial, diz que a agricultura familiar já tem participação nas exportações, mas pode aumentar bastante. “Estatísticas comprovam que em torno de 70% de todos os alimentos da mesa do brasileiro vêm da agricultura familiar, mas o setor também participa das exportações e tem potencial para aumentar a produção tanto para o mercado externo como para o interno.”

Segundo ele, mais ou menos 30% da soja exportada pelo Rio Grande do Sul vem da agricultura familiar, assim como parte do café do Espírito Santo, das frutas do Rio Grande do Norte e os produtos do extrativismo da Amazônia, como açaí e castanhas. Broch ressalta que o aumento de exportações pelo setor depende de políticas públicas e da própria organização dos trabalhadores por meio de associativismo ou cooperativismo, por exemplo.

Dicas para exportar
Os especialistas apontam que não basta ter vontade de exportar. A diretora da CNA diz que, primeiro, o produtor tem que ter consciência de que o processo para se habilitar a exportar é longo, pode demorar até três anos, demanda investimento pessoal e financeiro e não pode ser um embarque ocasional para se livrar de excesso de produção, por exemplo. “A negociação gera uma relação de confiança, que precisa ser mantida”, diz Sueme.

Aceitando esses pré-requisitos, o produtor precisa buscar entidades públicas ou privadas para se capacitar, fazer cursos, networking, criar parcerias e participar de feiras.

Sueme cita a própria CNA, o Sebrae, sindicatos, federações estaduais, cooperativas e empresas de comércio exterior como exemplos do ecossistema que existe para ajudar o produtor de qualquer porte a identificar mercados, estudar a concorrência, formar preços e participar de rodadas de negócios.

Produzir materiais de promoção do produto em outra língua, usar os recursos da tecnologia para fazer negócios e não partir direto para a exportação direta também são dicas importantes. “Conheço um produtor pequeno que exporta há um bom tempo sem falar nada de inglês. Ele usa a tecnologia a seu favor e faz vendas on-line com a ajuda de tradutores.”

A dica de investir em outra língua já é usada pela Coopercabruca. Em seu site, a cooperativa tem todos os materiais em português e inglês. A exportação direta e não por uma empresa de comércio internacional, diz Sueme, elimina intermediários, mas demanda do produtor uma maturidade no processo que precisa ser construída ao longo dos embarques para evitar muitos problemas.

Adaptações
Segundo o diretor da Efficienza, antes de exportar, o agricultor familiar, além do planejamento estratégico detalhado, precisa adequar o seu produto às exigências internacionais. “Cada mercado é diferente e oferece uma quantidade expressiva de adaptações que devem ser realizadas pelos produtos brasileiros. Como é o caso da China, por exemplo, e das iniciativas ambientais recentes da União Europeia.”

Ele cita também o investimento em certificações como fator para garantir a competitividade dos produtos no mercado global. Melhor ainda se a certificação demonstrar que os produtos seguem as diretrizes do ESG, sigla em inglês que significa governança ambiental, social e corporativa e que deve nortear o futuro das exportações do agronegócio.

Pizzamiglio recomenda ainda que o produtor busque informações sobre o drawback, regime aduaneiro que tem a função de diminuir os custos de produção das mercadorias voltadas à exportação e aumentar a competitividade do Brasil no mercado internacional.

Fonte: Site/Globo Rural

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