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Entendi e Fechar
Agricultores adotam manejo org?nico para a produ??o de cacau
Produzir cacau numa lavoura r?stica, ? sombra das ?rvores da floresta atl?ntica e sem usar agrot?xico. Esse ? o sistema praticado por agricultores do sul da Bahia, que adotaram o manejo org?nico.

Ao longo dos s?culos, o fruto colorido se tornou um dos s?mbolos do sul da Bahia. Origin?rio da Amaz?nia, o cacau chegou ? Bahia h? mais de 250 anos. Com o tempo, o cultivo ganhou espa?o e virou o motor econ?mico da regi?o.

Mas no final dos anos 1980 o cen?rio se transforma. Problemas no clima e pre?os baixos no mercado internacional atingem em cheio os fazendeiros. A situa??o se complica de vez com a chegada da vassoura de bruxa, um fungo agressivo que derruba a produtividade das lavouras.

A crise econ?mica tamb?m provocou mudan?as na paisagem da regi?o. Endividados e sem perspectiva, muitos agricultores foram desistindo da atividade. A? surgiram ?reas degradadas, fazendas abandonadas e instala??es em ru?nas. Boa parte das velhas planta??es de cacau acabou se transformando em pasto.

Foi nesse contexto que um grupo de agricultores resolveu apostar num mercado alternativo. A ideia era conquistar compradores com um cacau de qualidade e com apelo ecol?gico.

No ano 2000, foi fundada a Cooperativa dos Produtores Org?nicos do sul da Bahia. Atualmente, a entidade conta com 40 cooperados, como o su??o Mark N?scheler, que vive h? 25 anos na regi?o e ? o atual presidente da cooperativa.

?A gente n?o trabalha s? esse lado do manejo org?nico, a gente trabalha tamb?m a qualidade do cacau. Isso te abre nichos e pre?os mais altos", disse o cooperado.

A am?ndoa dos produtores ? vendida pela cooperativa para clientes do Brasil e do exterior. Todas as fazendas t?m selo org?nico do Instituto Biodin?mico, uma certificadora reputada, com sede em S?o Paulo.

Fernando Botelho produz cacau org?nico certificado h? seis anos. Ele nos recebe na sua propriedade, no munic?pio de Barro Preto. ? uma dessas fazendas antigas, com constru??es tradicionais. Ali?s, a fam?lia da esposa dele cultiva cacau h? s?culos.

Segundo o Fernando, todo o cacau org?nico da fazenda ? cultivado no ambiente tradicional da regi?o, conhecido como cabruca. Os cacaueiros ficam embaixo das ?rvores nativas.

No andar de cima, jequitib?, pau darco, gameleira. Embaixo, os cacaueiros nem sempre obedecem a um espa?amento r?gido. Na m?dia, uma lavoura dessas abriga cerca de 800 p?s por hectare. Seu Fernando lembra que esse cultivo sombreado, o cacau cabruca, domina a regi?o desde o s?culo XVIII.

?Os pioneiros chegaram na regi?o e viram essa Mata Atl?ntica. Ent?o, eles resolveram implantar o cacau na mata. Eles ralearam, quer dizer, brocaram. Do termo brocar ficou o nome de cabruca", conta.

Uma das riquezas do ambiente ? a qualidade do solo. "Olha s? quanta mat?ria org?nica tem. Isso tudo ? decomposi??o de folhas. Tudo o que cai aqui vai se decompondo. Qual ? a cultura que n?o gosta desse tipo de solo?", pergunta.

Para receber a certifica??o org?nica, o produtor deve cumprir uma s?rie de exig?ncias. N?o pode usar veneno contra praga nem herbicida ou fungicida. Aduba??o qu?mica com NPK tamb?m ? proibida. Para enriquecer ainda mais o solo, de tempos em tempos, seu Fernando espalha um pouco de p? de rocha, um produto natural, rico em f?sforo e micro-nutrientes.

Outra medida ? pulverizar os cacaueiros com um fertilizante org?nico. ? feito na pr?pria fazenda e cont?m esterco, mela?o, p? de rocha e outros ingredientes que refor?am a sa?de das fruteiras.

As plantas mais saud?veis enfrentam melhor o principal inimigo do cultivo: a vassoura de bruxa, que continua presente na regi?o, reduzindo a produtividade das ?rvores.

Para reduzir a contamina??o no cultivo, sem usar fungicida, os trabalhadores da fazenda retiram regularmente todos os focos de vassoura de bruxa das copas das ?rvores.

Ao longo do ano, uma lavoura de cacau rende duas colheitas. A primeira vai de mar?o a junho, e a segunda, mais importante, de setembro a novembro. Quando maduros, os frutos ficam bem amarelos e algumas variedades puxam para o roxo ou vermelho.

Enquanto uma turma vai cortando e recolhendo, outro grupo j? come?a a fazer a sele??o. Para um lado, v?o os frutos atacados pela vassoura de bruxa e, para o outro, os produtos sadios.

A sele??o ? importante, pois o cacau livre de doen?a tem am?ndoas de qualidade superior e pode ser vendido para compradores exigentes, que pagam mais caro. J? as am?ndoas de frutos contaminados v?o ser negociadas no mercado convencional. Em seguida, os trabalhadores partem os frutos, retiram o miolo e descartam a casca.

Terminado o servi?o de campo, come?a outra etapa importante do projeto. Incentivados pela cooperativa, muitos dos produtores j? come?aram a investir em derivados do cacau org?nico. A ideia ? conquistar novas fontes de renda e n?o depender s? das am?ndoas.

O agricultor Fernando Botelho montou uma beneficiadora. Ela conta com despolpadeira e com equipamento para embalar a polpa. Em uma sala, em grandes tachos, dona ?urea, mulher de seu Fernando, comanda a produ??o da geleia de cacau. Al?m disso, o casal j? est? testando outros produtos como bombons caseiros e am?ndoas caramelizadas, tudo org?nico.

A venda de derivados, como geleia ou polpa, ocorre em pequena escala. Na pr?tica, a principal fonte de renda dos cooperados continua sendo a velha e boa am?ndoa de cacau.

Patrick Labarrere nasceu e cresceu no sudoeste na Fran?a. S? que quando foi para a Bahia, nos anos 80, n?o quis mais saber de voltar. Num s?tio pequeno, no munic?pio de Una, ele cultiva 38 hectares de cacau org?nico.

Basta um giro para perceber que a lavoura ? cuidada com capricho. Os cacaueiros s?o bonitos, carregados. Para segurar a vassoura de bruxa, Patrick faz a poda regular das partes infestadas e, nos ?ltimos anos, foi substituindo as ?rvores velhas por variedades tolerantes ao fungo.

Algumas dessas variedades s?o o resultado de uma sele??o feita por ele mesmo no s?tio. O resultado desse trabalho fica claro com os dados de produtividade. Atualmente, Patrick j? consegue colher 45 arrobas de am?ndoas por hectare por ano. ? o triplo da produ??o m?dia da regi?o.

Saindo da lavoura, o cacau ? levado para um lugar protegido. Am?ndoas e polpa s?o despejadas em grandes cochos de madeira e cobertas com folhas. A polpa, rica em a??cares, vai fermentar durante uma semana. Nesse processo, a temperatura sobe bastante e, com o calor, as am?ndoas passam por uma esp?cie de cozimento. V?o ficando mais escuras, macias, o que ? excelente para a qualidade do chocolate.

Ao longo da fermenta??o, a polpa do cacau vai se desfazendo nos cochos. Terminada essa etapa, chega a hora da secagem final.

As am?ndoas da fazenda t?m tido sa?da constante e garantida. Os principais compradores s?o fabricantes de chocolate tanto do Brasil quanto do exterior.

?A diferen?a de pre?o em rela??o ao mercado tradicional pode chegar a 40% ou 50%. ? uma boa valoriza??o do produto, compensa. Tudo nasce com a filosofia, mas no final se torna um bom neg?cio", diz Patrick.

Com o trabalho de produtores como Patrick, o cacau org?nico se consolidou como fonte de renda para v?rias de fazendas. Al?m de vender a mat?ria prima para chocolateiros finos, a cooperativa j? come?ou a negociar os seus produtos com a ind?stria de cosm?ticos e quer abrir novos mercados para os derivados de cacau.



Fonte: Campo Vivo

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