Ap?s crise em 2018, pecu?ria de leite deve crescer este ano
1 de setembro de 2020
Melhora no cen?rio econ?mico e safra recorde de gr?os devem fazer este ano ser de retomada de crescimento para a pecu?ria leiteira brasileira. A an?lise ? de pesquisadores da equipe de socioeconomia da Embrapa Gado de Leite, MG, que fizeram um balan?o do setor leiteiro no ano que se passou.
Segundo Glauco Carvalho, um dos integrantes da equipe, quando forem publicados os ?ndices do per?odo, a atividade deve fechar o ano estagnada ou crescer muito pouco em rela??o a 2017. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estat?stica (IBGE), naquele ano, a produ??o de leite inspecionado cresceu 5%, ap?s um bi?nio complicado: 2015 (queda de 2,8%) e 2016 (queda de 3,7%). Isso significa que o setor deve fechar 2018 com um volume anual menor que o ano de 2014, antes da intensifica??o da crise econ?mica, quando a produ??o inspecionada foi de 24,7 bilh?es de litros de leite e o volume total chegou a 35,1 bilh?es de litros.
?Embora o produtor de leite esteja acostumado com desafios e sobressaltos, 2018 foi at?pico, desafiando o produtor em diversos aspectos?, observa Carvalho. O primeiro desafio, de acordo com o especialista, foi o pre?o do litro de leite pago ao produtor, que come?ou o ano em cerca de R$1,20 (pouco acima do que era pago em 2016, no auge da crise).
Al?m dos pre?os baixos no in?cio do ano, o custo de produ??o ficou elevado, fechando o primeiro semestre com alta de quase 6% em rela??o ao mesmo per?odo do ano anterior. Os itens que mais tiveram impacto na rentabilidade do pecuarista foram os ligados ? alimenta??o do rebanho (concentrado, produ??o de volumosos e sal mineral). Os pre?os do milho e da soja subiram em plena safra devido ? quebra da produ??o de gr?os na Argentina e ? redu??o da safra brasileira de milho, entre outros fatores.
Alta de 18,5% dos custos em 12 meses
Os pre?os internacionais dos gr?os tamb?m foram influenciados pela forte valoriza??o do d?lar frente ao real e pelos reflexos da guerra comercial entre Estados Unidos e China. Somados ao aumento dos pre?os da energia e do combust?vel no Brasil, isso levou a uma alta de 18,5% nos custos de produ??o no per?odo de outubro de 2017 a outubro de 2018. Dessa forma, o pre?o real ao produtor em 2018, deflacionado pelo custo de produ??o, registrou queda de 1,5% em rela??o a 2017.
Outro desafio foi a greve dos caminhoneiros, que al?m de afetar a produ??o prim?ria, comprometendo a alimenta??o dos animais, paralisou as atividades da ind?stria e consumiu os estoques dos latic?nios e dos varejistas. Em maio, quando ocorreu a greve, registrou-se o pior ?ndice que se tem not?cia para um ?nico m?s, com a produ??o ficando 9,3% mais baixa em rela??o a maio do ano anterior. Esse n?mero revela que deixaram de ser captados 176,7 milh?es de litros de leite. Sem poder escoar a produ??o durante os dez dias de paralisa??o, a conta da greve foi paga pelos pecuaristas e latic?nios.
Leite argentino e uruguaio mais competitivo
O terceiro desafio veio de fora. Argentina e Uruguai, os principais exportadores de leite do Mercosul, apresentaram pre?os mais competitivos que o Brasil, com o produto chegando a custar R$ 1,00 o litro. Por aqui, no pico do pre?o, o produtor chegou a receber pelo litro de leite acima R$ 1,50. Com valores dos pa?ses vizinhos t?o baixos, a importa??o foi estimulada, principalmente no ?ltimo trimestre. ?O Pa?s continua sendo um importador l?quido e devemos fechar 2018 com um d?ficit de meio bilh?o de d?lares, o que equivale a um bilh?o de litros de leite?, frisa Carvalho.
O cen?rio mundial, para al?m do Mercosul, tamb?m n?o ? favor?vel aos pre?os. Segundo o ?ndice do Global Dairy Trade (GDT), o leite em p? integral foi vendido, na primeira semana de dezembro, a US$ 2.667,00 a tonelada. Nos ?ltimos tr?s anos, a melhor cota??o ocorreu em dezembro de 2016: cerca de US$ 3.600,00.
J? o quarto desafio ? um velho conhecido da cadeia produtiva do leite: o fraco desempenho do consumo de produtos l?cteos, associado ? baixa renda da popula??o. Apesar da t?mida recupera??o da economia, a taxa de desemprego ainda ? alta (11,6%). O pesquisador da Embrapa Gado de Leite Jo?o C?sar Resende diz que o consumo de l?cteos ? bastante sens?vel ?s varia??es do poder de compra do consumidor. Segundo ele, quando h? uma retra??o da economia, produtos como iogurte e queijo s?o alguns dos primeiros a serem eliminados da lista de compras.
Mesmo com o litro do leite UHT sendo vendido a R$ 1,85 em alguns supermercados, no quarto trimestre, a demanda n?o demonstrou f?lego para se aquecer. As previs?es para o PIB tamb?m decepcionaram. Em janeiro, a expectativa dos economistas era de que o PIB fechasse 2018 com um crescimento de 2,66%. No fim do ano, a expectativa caiu para 1,30%
Os pesquisadores acreditam que 2019 ser? melhor para a cadeia produtiva do leite. A primeira barreira a ser superada diz respeito aos pre?os dos concorrentes no Mercosul. O analista da Embrapa, Denis Teixeira da Rocha, afirma que os pre?os praticados pelos parceiros do Cone Sul n?o s?o sustent?veis e devem, em algum momento, voltar ? realidade. ?Devido ? rentabilidade negativa, nos ?ltimos anos, tr?s grandes latic?nios fecharam suas portas no Uruguai?, destaca Rocha.
O mundo precisar? de mais leite
Com rela??o ao mercado global, durante a confer?ncia anual da International Farm Comparison Network (IFCN), em 2018, realizada em Parma, na It?lia, os especialistas estimaram um crescimento um pouco mais robusto na demanda de l?cteos para 2019. Segundo o pesquisador da Embrapa Gado de Leite Lorildo Stock, que representou o Brasil na confer?ncia, as estimativas do IFCN s?o que, para atender ? demanda por produtos l?cteos em 2030, o setor dever? aumentar a produ??o em 304 milh?es de toneladas por ano. Isso equivale a tr?s vezes a produ??o leiteira dos Estados Unidos, atualmente. Para ativar essa produ??o, o IFCN acredita que o pre?o do leite mundial atinja US$0,40, valor superior ? m?dia hist?rica.
Internamente, a expectativa de mudan?as na economia com o novo governo tem animado o mercado. A Organiza??o para a Coopera??o e o Desenvolvimento Econ?mico (OCDE) prev? um crescimento da economia brasileira de 2,1%. J? o mercado espera por um ?ndice um pouco maior: 2,5%. De qualquer forma, segundo Carvalho, ser? o ritmo de andamento das reformas que ir? ditar o compasso do mercado para este ano.
Para o pesquisador, h? uma demanda reprimida por produtos l?cteos que se arrasta por anos e algum crescimento econ?mico ir? impulsionar a venda desses produtos. Carvalho acredita ainda em melhoria nas margens de lucro dos latic?nios, que se encontram baixas desde meados de 2016.
Mais gr?os, menos custos com alimenta??o
No que diz respeito aos lucros do produtor, 2019 come?ou com os pre?os em patamares um pouco mais elevados que os do in?cio do ano anterior. A boa produ??o de gr?os da safra 2018/2019, que pela expectativa da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) deve superar 230 milh?es de toneladas, ? um ponto positivo para a pecu?ria de leite. O recorde nas safras de soja e milho contribui para o recuo nos custos com a alimenta??o das vacas, sobretudo a produ??o de concentrados. ?A redu??o do pre?o de importantes insumos deve melhorar a rentabilidade das fazendas, culminando na expans?o da produ??o leiteira em 2019?, conclui Carvalho.
Fonte: Campo Vivo com informa??es da Embrapa
Segundo Glauco Carvalho, um dos integrantes da equipe, quando forem publicados os ?ndices do per?odo, a atividade deve fechar o ano estagnada ou crescer muito pouco em rela??o a 2017. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estat?stica (IBGE), naquele ano, a produ??o de leite inspecionado cresceu 5%, ap?s um bi?nio complicado: 2015 (queda de 2,8%) e 2016 (queda de 3,7%). Isso significa que o setor deve fechar 2018 com um volume anual menor que o ano de 2014, antes da intensifica??o da crise econ?mica, quando a produ??o inspecionada foi de 24,7 bilh?es de litros de leite e o volume total chegou a 35,1 bilh?es de litros.
?Embora o produtor de leite esteja acostumado com desafios e sobressaltos, 2018 foi at?pico, desafiando o produtor em diversos aspectos?, observa Carvalho. O primeiro desafio, de acordo com o especialista, foi o pre?o do litro de leite pago ao produtor, que come?ou o ano em cerca de R$1,20 (pouco acima do que era pago em 2016, no auge da crise).
Al?m dos pre?os baixos no in?cio do ano, o custo de produ??o ficou elevado, fechando o primeiro semestre com alta de quase 6% em rela??o ao mesmo per?odo do ano anterior. Os itens que mais tiveram impacto na rentabilidade do pecuarista foram os ligados ? alimenta??o do rebanho (concentrado, produ??o de volumosos e sal mineral). Os pre?os do milho e da soja subiram em plena safra devido ? quebra da produ??o de gr?os na Argentina e ? redu??o da safra brasileira de milho, entre outros fatores.
Alta de 18,5% dos custos em 12 meses
Os pre?os internacionais dos gr?os tamb?m foram influenciados pela forte valoriza??o do d?lar frente ao real e pelos reflexos da guerra comercial entre Estados Unidos e China. Somados ao aumento dos pre?os da energia e do combust?vel no Brasil, isso levou a uma alta de 18,5% nos custos de produ??o no per?odo de outubro de 2017 a outubro de 2018. Dessa forma, o pre?o real ao produtor em 2018, deflacionado pelo custo de produ??o, registrou queda de 1,5% em rela??o a 2017.
Outro desafio foi a greve dos caminhoneiros, que al?m de afetar a produ??o prim?ria, comprometendo a alimenta??o dos animais, paralisou as atividades da ind?stria e consumiu os estoques dos latic?nios e dos varejistas. Em maio, quando ocorreu a greve, registrou-se o pior ?ndice que se tem not?cia para um ?nico m?s, com a produ??o ficando 9,3% mais baixa em rela??o a maio do ano anterior. Esse n?mero revela que deixaram de ser captados 176,7 milh?es de litros de leite. Sem poder escoar a produ??o durante os dez dias de paralisa??o, a conta da greve foi paga pelos pecuaristas e latic?nios.
Leite argentino e uruguaio mais competitivo
O terceiro desafio veio de fora. Argentina e Uruguai, os principais exportadores de leite do Mercosul, apresentaram pre?os mais competitivos que o Brasil, com o produto chegando a custar R$ 1,00 o litro. Por aqui, no pico do pre?o, o produtor chegou a receber pelo litro de leite acima R$ 1,50. Com valores dos pa?ses vizinhos t?o baixos, a importa??o foi estimulada, principalmente no ?ltimo trimestre. ?O Pa?s continua sendo um importador l?quido e devemos fechar 2018 com um d?ficit de meio bilh?o de d?lares, o que equivale a um bilh?o de litros de leite?, frisa Carvalho.
O cen?rio mundial, para al?m do Mercosul, tamb?m n?o ? favor?vel aos pre?os. Segundo o ?ndice do Global Dairy Trade (GDT), o leite em p? integral foi vendido, na primeira semana de dezembro, a US$ 2.667,00 a tonelada. Nos ?ltimos tr?s anos, a melhor cota??o ocorreu em dezembro de 2016: cerca de US$ 3.600,00.
J? o quarto desafio ? um velho conhecido da cadeia produtiva do leite: o fraco desempenho do consumo de produtos l?cteos, associado ? baixa renda da popula??o. Apesar da t?mida recupera??o da economia, a taxa de desemprego ainda ? alta (11,6%). O pesquisador da Embrapa Gado de Leite Jo?o C?sar Resende diz que o consumo de l?cteos ? bastante sens?vel ?s varia??es do poder de compra do consumidor. Segundo ele, quando h? uma retra??o da economia, produtos como iogurte e queijo s?o alguns dos primeiros a serem eliminados da lista de compras.
Mesmo com o litro do leite UHT sendo vendido a R$ 1,85 em alguns supermercados, no quarto trimestre, a demanda n?o demonstrou f?lego para se aquecer. As previs?es para o PIB tamb?m decepcionaram. Em janeiro, a expectativa dos economistas era de que o PIB fechasse 2018 com um crescimento de 2,66%. No fim do ano, a expectativa caiu para 1,30%
Os pesquisadores acreditam que 2019 ser? melhor para a cadeia produtiva do leite. A primeira barreira a ser superada diz respeito aos pre?os dos concorrentes no Mercosul. O analista da Embrapa, Denis Teixeira da Rocha, afirma que os pre?os praticados pelos parceiros do Cone Sul n?o s?o sustent?veis e devem, em algum momento, voltar ? realidade. ?Devido ? rentabilidade negativa, nos ?ltimos anos, tr?s grandes latic?nios fecharam suas portas no Uruguai?, destaca Rocha.
O mundo precisar? de mais leite
Com rela??o ao mercado global, durante a confer?ncia anual da International Farm Comparison Network (IFCN), em 2018, realizada em Parma, na It?lia, os especialistas estimaram um crescimento um pouco mais robusto na demanda de l?cteos para 2019. Segundo o pesquisador da Embrapa Gado de Leite Lorildo Stock, que representou o Brasil na confer?ncia, as estimativas do IFCN s?o que, para atender ? demanda por produtos l?cteos em 2030, o setor dever? aumentar a produ??o em 304 milh?es de toneladas por ano. Isso equivale a tr?s vezes a produ??o leiteira dos Estados Unidos, atualmente. Para ativar essa produ??o, o IFCN acredita que o pre?o do leite mundial atinja US$0,40, valor superior ? m?dia hist?rica.
Internamente, a expectativa de mudan?as na economia com o novo governo tem animado o mercado. A Organiza??o para a Coopera??o e o Desenvolvimento Econ?mico (OCDE) prev? um crescimento da economia brasileira de 2,1%. J? o mercado espera por um ?ndice um pouco maior: 2,5%. De qualquer forma, segundo Carvalho, ser? o ritmo de andamento das reformas que ir? ditar o compasso do mercado para este ano.
Para o pesquisador, h? uma demanda reprimida por produtos l?cteos que se arrasta por anos e algum crescimento econ?mico ir? impulsionar a venda desses produtos. Carvalho acredita ainda em melhoria nas margens de lucro dos latic?nios, que se encontram baixas desde meados de 2016.
Mais gr?os, menos custos com alimenta??o
No que diz respeito aos lucros do produtor, 2019 come?ou com os pre?os em patamares um pouco mais elevados que os do in?cio do ano anterior. A boa produ??o de gr?os da safra 2018/2019, que pela expectativa da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) deve superar 230 milh?es de toneladas, ? um ponto positivo para a pecu?ria de leite. O recorde nas safras de soja e milho contribui para o recuo nos custos com a alimenta??o das vacas, sobretudo a produ??o de concentrados. ?A redu??o do pre?o de importantes insumos deve melhorar a rentabilidade das fazendas, culminando na expans?o da produ??o leiteira em 2019?, conclui Carvalho.
Fonte: Campo Vivo com informa??es da Embrapa