Arco Norte, o Eldorado da log?stica
1 de setembro de 2020
Qualquer que seja a nossa vis?o do Estado, quer sejamos mais liberais ou mais intervencionistas, todos concordamos em que nas sociedades modernas cabe ao Estado a responsabilidade pelas pol?ticas macroecon?micas, que assegurem a estabilidade dos pre?os e o maior n?vel de emprego poss?vel.
Mas, al?m disso, em economias n?o ainda suficientemente maduras, como a brasileira, cabe ao governo um papel indeleg?vel de planejamento setorial, com o prop?sito de orientar o investimento p?blico e articular o investimento privado, de modo que o crescimento das atividades produtivas n?o seja interrompido ou prejudicado pela oferta inadequada de infraestrutura ou de recursos humanos e institucionais.
O Brasil hoje ? um caso exemplar de sucesso econ?mico, obtido devido ? manuten??o de pol?ticas econ?micas racionais por sucessivos governos.
Porque tivemos a sabedoria de escolher a continuidade - e n?o a ruptura-, estamos progressivamente nos tornando uma economia mais forte e socialmente mais justa.
Mas o crescimento econ?mico est? cobrando algumas contas atrasadas. O Estado ainda n?o foi capaz de criar uma capacidade m?nima de planejamento que proporcione uma vis?o de longo prazo e que nos poupe dos estrangulamentos que hoje limitam a continuidade do crescimento.
Tamb?m n?o foi capaz de desenvolver compet?ncias gerenciais e executivas que dessem ? maioria das ag?ncias do governo um m?nimo de capacidade.
Apesar de fundamentais para v?rios setores da atividade produtiva, fa?o essas reflex?es para chamar a aten??o para uma grave distor??o que afeta a nossa produ??o de gr?os.
As regi?es agr?colas localizadas acima do paralelo 15 (regi?es Norte e Nordeste, metade norte da regi?o Centro-Oeste e norte do Estado de Minas Gerais) que, em 2001, respondiam por apenas 32% da produ??o nacional de milho e de soja, hoje colhem 52% do total do pa?s.
Nesse per?odo, a produ??o nacional desses gr?os cresceu 65%. Mas os sistemas de escoamento, al?m de prec?rios, comprovam a fragilidade do planejamento governamental, com os portos do Sul e do Sudeste embarcando cerca de 84% do total movimentado dos dois gr?os; os portos do que chamamos Arco Norte -de Porto Velho a S?o Luis- escoam apenas 16% da produ??o nacional.
A morosidade inexplic?vel na licita??o do porto de Itaqui, em S?o Luiz (MA), de Outeiro, no sistema de Bel?m (PA), do licenciamento da amplia??o do porto de Santar?m e dos investimentos p?blicos em Porto Velho impedem o pleno uso da capacidade portu?ria desses locais.
Da mesma forma, n?o h? explica??o para a falta de investimento nos grandes sistemas fluviais dos rios Madeira, Teles Pires/Tapaj?s e Tocantins, que poderiam ser transformados em grandes hidrovias.
Todo esse complexo permitiria o escoamento adicional de 10 milh?es de toneladas (algo em torno de 23% do total embarcado no pa?s) pelos portos dessa regi?o, baixando os custos de produ??o e descongestionando os portos do Sul e do Sudeste do pa?s.
? fundamental destacar que se trata de uma alternativa capaz de operar a custos moderados que podem ser, em sua maior parte, compartilhados com a iniciativa privada por meio das PPPs (Parcerias P?blico-Privadas). Os projetos do Arco Norte s?o uma nova alternativa de log?stica de grande capacidade. Implementados, podem reduzir o pre?o do frete da saca de soja em mais de 13%.
E isso n?o ? pouca coisa, uma vez que, no Brasil, os custos com log?stica podem comprometer cerca de 21% da renda do produtor -ante 5,3% nos Estados Unidos e 5,8% na Argentina.
Investimentos na log?stica do Arco Norte aumentar?o a nossa t?o comprometida competitividade nos mercados mundiais, em especial diante dos da ?sia. E, quando falamos em competitividade, n?o estamos privilegiando um setor. Estamos falando de mais renda, de mais empregos, de alimentos mais baratos e de desenvolvimento para o Brasil. Simples assim.
Fonte: Folha de S?o Paulo
Mas, al?m disso, em economias n?o ainda suficientemente maduras, como a brasileira, cabe ao governo um papel indeleg?vel de planejamento setorial, com o prop?sito de orientar o investimento p?blico e articular o investimento privado, de modo que o crescimento das atividades produtivas n?o seja interrompido ou prejudicado pela oferta inadequada de infraestrutura ou de recursos humanos e institucionais.
O Brasil hoje ? um caso exemplar de sucesso econ?mico, obtido devido ? manuten??o de pol?ticas econ?micas racionais por sucessivos governos.
Porque tivemos a sabedoria de escolher a continuidade - e n?o a ruptura-, estamos progressivamente nos tornando uma economia mais forte e socialmente mais justa.
Mas o crescimento econ?mico est? cobrando algumas contas atrasadas. O Estado ainda n?o foi capaz de criar uma capacidade m?nima de planejamento que proporcione uma vis?o de longo prazo e que nos poupe dos estrangulamentos que hoje limitam a continuidade do crescimento.
Tamb?m n?o foi capaz de desenvolver compet?ncias gerenciais e executivas que dessem ? maioria das ag?ncias do governo um m?nimo de capacidade.
Apesar de fundamentais para v?rios setores da atividade produtiva, fa?o essas reflex?es para chamar a aten??o para uma grave distor??o que afeta a nossa produ??o de gr?os.
As regi?es agr?colas localizadas acima do paralelo 15 (regi?es Norte e Nordeste, metade norte da regi?o Centro-Oeste e norte do Estado de Minas Gerais) que, em 2001, respondiam por apenas 32% da produ??o nacional de milho e de soja, hoje colhem 52% do total do pa?s.
Nesse per?odo, a produ??o nacional desses gr?os cresceu 65%. Mas os sistemas de escoamento, al?m de prec?rios, comprovam a fragilidade do planejamento governamental, com os portos do Sul e do Sudeste embarcando cerca de 84% do total movimentado dos dois gr?os; os portos do que chamamos Arco Norte -de Porto Velho a S?o Luis- escoam apenas 16% da produ??o nacional.
A morosidade inexplic?vel na licita??o do porto de Itaqui, em S?o Luiz (MA), de Outeiro, no sistema de Bel?m (PA), do licenciamento da amplia??o do porto de Santar?m e dos investimentos p?blicos em Porto Velho impedem o pleno uso da capacidade portu?ria desses locais.
Da mesma forma, n?o h? explica??o para a falta de investimento nos grandes sistemas fluviais dos rios Madeira, Teles Pires/Tapaj?s e Tocantins, que poderiam ser transformados em grandes hidrovias.
Todo esse complexo permitiria o escoamento adicional de 10 milh?es de toneladas (algo em torno de 23% do total embarcado no pa?s) pelos portos dessa regi?o, baixando os custos de produ??o e descongestionando os portos do Sul e do Sudeste do pa?s.
? fundamental destacar que se trata de uma alternativa capaz de operar a custos moderados que podem ser, em sua maior parte, compartilhados com a iniciativa privada por meio das PPPs (Parcerias P?blico-Privadas). Os projetos do Arco Norte s?o uma nova alternativa de log?stica de grande capacidade. Implementados, podem reduzir o pre?o do frete da saca de soja em mais de 13%.
E isso n?o ? pouca coisa, uma vez que, no Brasil, os custos com log?stica podem comprometer cerca de 21% da renda do produtor -ante 5,3% nos Estados Unidos e 5,8% na Argentina.
Investimentos na log?stica do Arco Norte aumentar?o a nossa t?o comprometida competitividade nos mercados mundiais, em especial diante dos da ?sia. E, quando falamos em competitividade, n?o estamos privilegiando um setor. Estamos falando de mais renda, de mais empregos, de alimentos mais baratos e de desenvolvimento para o Brasil. Simples assim.
Fonte: Folha de S?o Paulo