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Entendi e Fechar
ARTIGO - Um her?i na UTI
1 de setembro de 2020

O agroneg?cio vai t?o bem que pouca gente presta a devida aten??o ao que se passa com cada ramo particular de produ??o.

Os ?ltimos anos t?m sido muito favor?veis ? maioria dos produtos que exportamos, mas, quando observamos de perto, vemos que os bons ventos n?o sopram igualmente para todos.

? o caso do caf?. A demanda mundial de gr?os e carnes tem crescido a taxas elevadas, com a melhoria de renda das popula??es que deixaram a condi??o de pobreza nas ?ltimas d?cadas. Muito concentrado em pa?ses mais desenvolvidos, h? cinco anos imersos numa s?ria crise econ?mica, o consumo de caf? n?o segue a mesma l?gica.

Em 2012, por exemplo, nossas exporta??es para os Estados Unidos ca?ram 27%; para a Alemanha, 19%; para a Espanha, outros 33%. E com a melhora na produtividade, nossos cafeeiros est?o produzindo mais.

Em princ?pio, quest?es de mercado devem ser resolvidas pelos mercados. Quedas de pre?os provocam, em seguida, queda da produ??o, reequilibrando oferta e demanda. ? isso que precisa ocorrer com a produ??o de caf??

Olhemos mais de perto a cafeicultura brasileira. Nosso parque cafeeiro ocupa 2,1 milh?es de hectares, com investimentos em torno de US$ 25 bilh?es. Essas ?reas s?o cultivadas por 380 mil produtores que geram US$ 7,5 bilh?es por ano. E grande parte delas n?o t?m aptid?o para cultivos alternativos, especialmente por quest?es topogr?ficas.

Exatos 58% da produ??o prov?m de pequenas propriedades. S? 17% do total produzido v?m de grandes propriedades, em m?dia com cerca de 450 hectares.

No ?ltimo tri?nio, o valor das exporta??es superou US$ 20 bilh?es. V?-se, portanto, que uma crise na economia do caf? n?o ? de modo algum uma quest?o trivial para a economia interna, nem para o balan?o de pagamentos. Compromete um produto que, por d?cadas, sustentou como um her?i solit?rio nosso super?vit comercial.

Nos cultivos anuais, o ajuste entre oferta e demanda pode ser feito a cada ano. Se os pre?os caem, a ?rea plantada de gr?os, por exemplo, ? reduzida. Se os pre?os se recuperam no ano seguinte, a ?rea ? novamente recomposta. Com o caf?, isso n?o ? poss?vel.

O caf? ? um cultivo permanente, com um ciclo de quatro a cinco anos entre o plantio e a colheita. Se os produtores est?o perdendo dinheiro, deixam simplesmente de cuidar da lavoura. Resultado: a degrada??o dos cafeeiros, que dificilmente podem ser recuperados.

Uma planta permanente n?o ? um equipamento que se desliga e, eventualmente, pode ser novamente posto a funcionar, se as circunst?ncias se alteram. Ciclos biol?gicos n?o podem ser interrompidos e depois retomados.

E os problemas de mercado n?o s?o estruturais. A crise nos pa?ses desenvolvidos est? aos poucos se dissipando e os mercados emergentes -como China, o restante da ?sia e pa?ses do Leste europeu- crescem a taxas superiores a 4% ano.

O pr?prio consumo interno brasileiro vem crescendo 3,5% ao ano. Previs?es da Organiza??o Internacional do Caf? indicam que, em 2018, o consumo mundial ficar? entre 157 a 173 milh?es de sacas. Ao ritmo em que crescem nossa produ??o e o nosso consumo interno, a perspectiva ? de falta e n?o de excesso do produto.

Por essas raz?es, ? o caso de perguntar se vale a pena para o pa?s abandonar a atividade ao seu pr?prio destino, ou se mais vale um esfor?o para manter intacta esta poderosa estrutura que ? a economia do caf?, geradora de 8 milh?es de empregos diretos e indiretos.

N?o tenho d?vidas quanto ? resposta correta: ? ?til e vantajoso para o Brasil a preserva??o da produ??o de caf?. H? mecanismos financeiros dispon?veis para equilibrar pre?os e custos, sem sacrif?cios indevidos para a sociedade.

Tamb?m n?o podemos deixar de considerar as dificuldades de todas as atividades intensivas de m?o de obra como o caf?, o cacau, a laranja e a cana, pelo elevado custo Brasil na ?rea trabalhista. Este ? um fator inerente ao produtor.

Neste caso, s? o governo pode efetivamente agir. Ao caminhar no presente, devemos sempre ter o cuidado de n?o destruir os caminhos do futuro.

Fonte: Campo Vivo

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