Cookies: Utilizamos cookies para otimizar nosso site e coletar estatísticas de uso. Por favor, verifique nossa política de cookies.

Entendi e Fechar
Bacia do Santa Maria tem 16% de ?rea degradada que agrava a seca
1 de setembro de 2020

Sobrevoo mostra rios sem ?gua pelo Esp?rito Santo.
Esp?rito Santo tem cerca de 16% de cobertura florestal.

De cima, recortes imensos de terra exposta, sem mata, sem replica breitling watches with diamond bezel vida. Os rios, sem ?gua e repletos de bancos de areia. Esse foi o cen?rio encontrado em um sobrevoo que nossa equipe fez no dia tr?s de novembro

Hoje, com a chegada das chuvas, a ?gua voltou a correr em alguns rios, mas isso n?o significa que o cen?rio se reverteu. A iced out breitling replica paisagem continua marcada pela degrada??o e os rios pelo assoreamento.

O Esp?rito Santo tem cerca de 16% de cobertura florestal. Pode-se dizer que 40% da ?rea total do estado ? de pasto e que parte consider?vel disso ? de pasto degradado.

De acordo com um estudo feito pelo Centro de Desenvolvimento do Agroneg?cio (Cedagro), em 2012, a Bacia do Santa Maria do Rio Doce tem uma ?rea de degrada??o relativa de quase 16%. ? a maior ?rea de degrada??o das bacias estudadas. Seguida pela bacia do Rio Guandu, com 15,73%, e do Santa Joana, com 15,36%.

Essa degrada??o se deve a fatores como a baixa cobertura florestal, o manejo inadequado das ?reas agr?colas, a elevada exposi??o do fake diamond breitling watches solo, por conta da baixa cobertura florestal, e o relevo com alta declividade. O Santa Maria do Doce e o Santa Joana s?o afluentes do Rio Doce. E o n?vel de degrada??o deles e dos outros rios que desaguam l? contribuem com a situa??o atual do Rio Doce.

Isso ? resultado de um processo hist?rico. Um processo que se iniciou em ?pocas diferentes para cada local do estado.

O engenheiro agr?nomo e especialista em recursos h?dricos, Henrique Lobo, explica que no final do s?culo XIX e in?cio do s?culo XX, o desmatamento de algumas ?reas se iniciou com a chegada de imigrantes europeus, que precisavam de espa?o para montar col?nia no Esp?rito Santo. Isso, principalmente, na regi?o das montanhas. Mas era um desmatamento menor, para as fam?lias se estabelecerem.

Com o tempo, come?ou a introdu??o das lavouras de caf?. Na regi?o Norte do estado, a mata come?ou a desaparecer durante um ciclo que foi da d?cada de 50 at? a de 70, com a constru??o e o asfaltamento da BR 101.

Durante esses 20 anos, grande parte das florestas do norte deu lugar ?s pastagens. Nessa ?poca, a cultura era outra. Os produtores precisavam ?abrir a mata? para produzir, e eles foram estimulados a isso. Na d?cada de 60, eram colocados cinco bois por hectare de pastagem.

Hoje, a m?dia ? de 0,8 cabe?a por hectare. Atualmente, a Bacia do Rio Doce, maior e principal do estado, tem apenas 11% de floresta nativa, a Mata Atl?ntica. Henrique Lobo afirma que ? uma das bacias mais degradadas do Sudeste, pode-se dizer que at? do Brasil.

Paulo Macarini, agricultor de Colatina, vivenciou esse processo. Ele relembra como era a mentalidade da ?poca: ?coisa linda, era s? arrancar e plantar?. Mas hoje o pensamento dele ? outro, o que ele viveu ensinou a import?ncia que a mata tem para a continuidade da agricultura.

A seca veio de uma forma t?o intensa que obrigou Paulo a arrancar seis mil p?s de caf?, quase metade do seu cafezal. A situa??o chegou a um ponto que o agricultor pensou que pudesse ficar sem ?gua para beber. ?Nunca esperava uma coisa dessas, coisa mais dif?cil que a gente viu na nossa vida. Estou com 66 anos, vou fazer agora em janeiro, e nunca vi isso na vida. De secar os c?rregos, o a?ude nosso seco...?

Agora, ele reflete que a for?a com que essa estiagem foi sentida tem rela??o direta com o modo como a ocupa??o aconteceu no passado. ?Foi n?s mesmo, n?? O ser humano? Foi cortando mata, derrubando ?rvore, achava que isso nunca vinha pra n?s, t? entendendo? Talvez podia vir para os filhos da gente, para os netos. E todo mundo geralmente n?o pensava isso?, fala Paulo.

Mais de 16% da ?rea agr?cola estadual ? degradada o que equivale a 393.321,55 hectares. A pastagem corresponde a maior parte dessa ?rea, com 238.943,66 hectares, em seguida vem o caf? com 118.706,79 hectares.

Dado da mesma pesquisa feita pelo Cedagro. Este estudo conceitua solo degradado como o solo em que a camada superficial, local onde se concentram os nutrientes e a mat?ria org?nica, foi parcialmente ou completamente removida ou compactada de forma que prejudique as atividades agr?colas. A regi?o do estado com maior ?rea agr?cola degradada em rela??o a ?rea total da regi?o ? o Noroeste, com 11,36%.

Realidade bem conhecida por C?sar Santos Carvalho, engenheiro florestal e extensionista do Incaper em Colatina. Ele refor?a que essa chuva que tem ca?do n?o vai reverter uma situa??o que chegou a esse ponto ocasionada por pr?ticas extrativistas antigas.

?Na verdade o que estamos percebendo ? que seca vai hibernar por um per?odo e voltar nos pr?ximos anos devido ao est?gio que a nossa bacia hidrogr?fica se encontra. O est?gio de conserva??o de ?gua ? muito baixo, pr?ticas extrativistas ainda muito fortes, colocando nosso solo exposto. Com n?vel de eros?o grande, degrada??o grande, perdendo muita ?gua?, destaca o engenheiro.

Ele acredita que este n?o ? s? um problema ambiental. A degrada??o do solo em n?veis t?o extremos pode levar ? desertifica??o, o que leva a um cen?rio de pobreza. Por isso, ? t?o urgente que se discuta isso.

Para o especialista, o maior erro ainda consiste em olhar para terra acreditando que a fertilidade ? infinita. Sem pensar que para plantar ? preciso ter o cuidado de retornar para o solo aquilo que ? tirado.

E existem medidas relativamente simples que o produtor rural pode tomar para diminuir o impacto, como: ado??o de caixas secas, tecnologia usada para ajudar a reter ?gua e a infiltrar ?gua no solo; evitar a capina, a??o que agride o solo; escolher o local ideal para se fazer uma estrada rural, e n?o contribuir com o deslocamento de terra; fazer represas em pontos estrat?gicos; preservar a mata, dando aten??o especial a ?reas de recarga h?drica.

Fazer um planejamento de produ??o de forma com que seja sustent?vel. ?Entender que onde tinha mata passou para o caf?, o solo empobreceu, chegou no capim e hoje nem o capim est? saindo ? uma consequ?ncia?, explica C?sar falando sobre o uso inadequado do solo.

Esses cuidados est?o diretamente relacionados com o ciclo hidrol?gico. Um solo pobre, compactado, sem cobertura vegetal, tem a capacidade de absor??o de ?gua drasticamente reduzida.

C?sar explica que o solo ? o reservat?rio natural de ?gua. Se a ?gua n?o infiltra, n?o tem ?gua nas nascentes, nem nos rios. ?A partir do momento que o produtor entende que a ?gua que infiltra no terreno ? a ?gua que alimenta o c?rrego dele, ele pensa eu tenho que conter esse escoamento superficial", explica o especialista.
Outro problema proveniente da degrada??o do solo ? a forma??o de grandes bancos de areia nos rios, principalmente nesta ?poca de seca. Quando o solo est? desprotegido, na ?poca das chuvas a terra desliza para os cursos de ?gua e isso faz com que aconte?a o assoreamento dos rios.

A cobertura vegetal tem o papel de reter essa ?gua e at? mesmo diminuir sua velocidade, evitando assim a eros?o do solo e o ac?mulo de sedimentos nos cursos de ?gua.

Al?m desse grave problema ocasionado pelo uso inadequado do solo, para se entender o cen?rio atual, deve-se considerar v?rios outros fatores que potencializam essa situa??o. A degrada??o do solo n?o ? a ?nica causa. A situa??o atual, que trouxe e vai continuar trazendo tantos impactos para o campo e para a cidade, ? complexa.

O professor do Ifes, Abrah?o Elesbon, doutor em engenharia agr?cola, resume as cinco principais quest?es relacionadas ao problema. Ele tamb?m ressalta que apenas a primeira n?o ? causada pelo homem.

O primeiro fator ? o evento climatol?gico, ou seja, a falta de ?gua - uma das mais fortes estiagens da hist?ria -; em seguida, o aumento do consumo, a demanda crescente por ?gua, por comida; o terceiro motivo ? o uso inadequado do solo da bacia, em teoria, na ?poca de chuva a ?gua deveria infiltrar no solo para que o ciclo hidrol?gico continuasse na ?poca de estiagem, o que n?o acontece por causa da alta degrada??o.

O outro motivo ? a qualidade da ?gua considerando as v?rias formas de polui??o, seja por produtos qu?micos ou por esgoto, e, por ?ltimo, mas igualmente importante, a degrada??o socioambiental da popula??o, que potencializa o uso inadequado dos recursos naturais.

Dentro dessas causas, o professor aponta alguns n?meros impactantes que demonstram como a sociedade necessita de uma transforma??o radical no modo como lida com os recursos naturais.

Por exemplo, dos quase 230 munic?pios que formam a Bacia do Rio Doce, apenas oito tratam o esgoto.

Ou seja, o restante joga o res?duo direto nos rios. ?Os nossos animais n?o fazem suas necessidades na ?gua que tomam. N?s, seres humanos, que dever?amos ser os racionais, fazemos. Isso ? algo que n?o ? admiss?vel mais?, diz Abrah?o.

Outra quest?o que ainda precisa avan?ar ? a ?gua usada na agricultura, que ? corresponde a cerca de 70% do total do recurso captado. A m?dia de efici?ncia da irriga??o no estado ? de 60 a 65%. Muita ?gua n?o ? aproveitada.

E a irriga??o ? uma forma de simular chuva artificial, ? preciso ter conhecimento para fornecer ? planta apenas o que ela precisa para o seu desenvolvimento.
Seja no campo ou na cidade, o que ? necess?rio ? usar a crise como forma de reflex?o e para implementar uma mudan?a efetiva na rela??o com os recursos naturais.

Os especialistas j? previam a chegada de um momento como este, a hist?ria apontou para este caminho. ?Para mim isso ? uma trag?dia anunciada, h? mais 20 anos que a gente, profissionalmente, vem sendo forjado nessa ?rea. Esse cen?rio j? era esperado. N?o tem nada de estranho. Podemos voltar a ter chuvas regulares, se a demanda de ?gua continuar nesse n?vel, vai continuar faltando ?gua. Chegar na ?poca da seca, os conflitos surgem novamente, os rios v?o secar novamente?, afirma C?sar.

Fonte: G1 Esp?rito Santo Agroneg?cios

Compartilhe nas Mídias Sociais

Fale Conosco
(27) 3185-9226
Av. Nossa Senhora da Penha, 1495, Torre A, 11° andar.
Santa Lúcia, Vitória-ES
CEP: 29056-243
CNPJ: 04.297.257/0001-08