Brasil perde 10 milh?es de quilos de carne/ano por conta de les?o nas carca?as
1 de setembro de 2020
A cada dois animais abatidos no Brasil, ao menos um apresenta hematomas graves. E cada um desses hematomas, quando ? retirado na graxaria dos frigor?ficos, implica em perda de meio quilo de carne. A informa??o ? do professor da USP e UNESP, Mateus Paranhos, que exp?e os n?meros causados pelos maus tratos. ?Levando em conta expectativas otimistas, o Brasil perde cerca de 10 milh?es de quilos de carne por ano s? com os hematomas?. Mais do que isso, 40% desses machucados n?o ocorrem durante o transporte ou abate, mas ainda dentro da fazenda.
Paranhos apresentou estes dados durante a palestra ?Bem estar animal e ?tica na produ??o de bovinos? no Circuito Feicorte NFT 2013, que ocorre nestes dias 6 e 7 de maio em Palmas, no Tocantins. A proposta trazida por ele ? simples: ?n?o fa?a com os outros aquilo que n?o quer que fa?am com voc??. Em sua fala, o pesquisador levantou quest?es concernentes n?o apenas ao manejo agressivo, mas tamb?m a at? que ponto o produtor est? disposto a ir para atingir bons resultados de produ??o.
?Vejam o Belgian Blue, por exemplo. Essa ra?a, do ponto de vista da produ??o ? excelente. Ganha peso muito r?pido, ? um animal muito forte?, esclarece. ?No entanto, ele fica t?o pesado que o reprodutor n?o ? capaz de cumprir suas fun??es de touro. O peso ? tanto que as articula??es n?o aguentam na hora da monta?. A reprodu??o da ra?a ? sempre feita por insemina??o artificial, e at? na hora do parto as f?meas precisam de interven??o - cesariana. ?Isso ? o que n?s queremos? Ser? que ? isso??.
O Bem Estar Animal
Especializado no tratamento adequado e no bem estar do gado, Paranhos faz quest?o de diferenciar a preocupa??o com a prote??o do animal das posi??es extremistas e ativistas ? geralmente levantadas na defesa do vegetarianismo. ?O importante ? entender que o animal n?o ? uma m?quina?, defende ele. ?A zootecnia desde o s?culo XIX instituiu essa vis?o, mas precisamos compreender um animal como um ser senciente, que sente medo sim, que fica nervoso sim. Mas que tamb?m sente prazer, que tamb?m fica feliz?.
Mas como o humor do animal pode influenciar? O m?dico veterin?rio Renato dos Santos, da Beckhauser, explica que quando o animal passa por estresse, ele queima glicog?nio, ?que ? o combust?vel que ele tem para sobreviver ao ambiente. E isso muda o Ph sangu?neo, o que faz as rea??es do ?cido l?tico n?o ocorrerem como deveriam?. Desta forma, a carne sofre de rigor mortis precoce, o que faz com que ela estrague antes do tempo. Al?m disso, ambientes com Phs n?o neutros s?o ideais para a multiplica??o de bact?rias nocivas a sa?de humana.
Ainda segundo Santos, quando se respeita as liberdades do animal, investindo num manejo adequado, h? benef?cios econ?micos. ?Um gado bem cuidado exige limpeza menor. ? nessa hora que o produtor acusa o frigor?fico de lhe estar ?roubando? peso da carne, mas n?o tem jeito. O consumidor n?o vai comprar uma carne com hematomas?. As contus?es no animal geram grandes perdas para a pecu?ria, e isso em todo o mundo. ?Na Argentina e no Paraguai, respectivamente, s?o perdidos 6 e 7% do animal acabado. No Brasil a perda ? de 10-15 kg por carca?a?, exp?e o veterin?rio da Beckhauser.
Manejo Racional
A gerente de comunica??o Mariana Beckhauser explica que a empresa que traz o sobrenome de sua fam?lia investe em um manejo racional, voltado para a preserva??o do animal e de quem precisa lidar com ele. Para isso, o empreendimento n?o se apoia somente nas linhas de controle ou nos troncos de conten??o, mas tamb?m na troca e difus?o de informa??o. ?N?o adianta investir no equipamento se o produtor, o pe?o ou o gerente do manejo n?o compreendem essa import?ncia?.
Paranhos tem uma opini?o bastante semelhante sobre o assunto. A legisla??o brasileira prev? pena para aquele que maltrata o animal, mas ele acrescenta: ?Essas pessoas que erram n?o devem ser somente alvo de cr?ticas, devem ser alvo de orienta??o?. Para ele, muitas vezes aquele que lida com o gado o maltrata sem muita reflex?o sobre suas a??es, apenas repete comportamentos tradicionais ou refletem o temor que o homem sente do gado. ?A pessoa que tem medo acha que sendo violento ela se protege, mas ? justamente o contr?rio. ? assim que ela se exp?e mais?.
Dentre as a??es que podem incentivar o produtor a investir nos cuidados do animal, um dos destaques ? a exig?ncia de mercado. Paranhos cita o exemplo de um grupo de 120 produtores que forneciam para o Carrefour, em Mato Grosso do Sul. ?A empresa tinha a pol?tica de n?o comprar as carca?as com hematomas graves e ent?o eles nos contrataram para tentar resolver o problema?, relembra. ?Em pouco mais de um ano, s? investindo no manejo, eles conseguiram passar de 20% das carca?as com contus?o para 1,3%?.
Ainda que possa trazer resultados vantajosos para o produtor rural, o palestrante n?o gosta de pensar somente nos benef?cios econ?micos como justificativa para investir no bem estar do gado. ?O animal pode ganhar em peso? Pode, e isso ? ?timo, mas ? importante porque vai fazer bem para o animal e para quem trata dele tamb?m. Trate bem porque isso ? bom?, finaliza.
Fonte: Campo VIvo
Paranhos apresentou estes dados durante a palestra ?Bem estar animal e ?tica na produ??o de bovinos? no Circuito Feicorte NFT 2013, que ocorre nestes dias 6 e 7 de maio em Palmas, no Tocantins. A proposta trazida por ele ? simples: ?n?o fa?a com os outros aquilo que n?o quer que fa?am com voc??. Em sua fala, o pesquisador levantou quest?es concernentes n?o apenas ao manejo agressivo, mas tamb?m a at? que ponto o produtor est? disposto a ir para atingir bons resultados de produ??o.
?Vejam o Belgian Blue, por exemplo. Essa ra?a, do ponto de vista da produ??o ? excelente. Ganha peso muito r?pido, ? um animal muito forte?, esclarece. ?No entanto, ele fica t?o pesado que o reprodutor n?o ? capaz de cumprir suas fun??es de touro. O peso ? tanto que as articula??es n?o aguentam na hora da monta?. A reprodu??o da ra?a ? sempre feita por insemina??o artificial, e at? na hora do parto as f?meas precisam de interven??o - cesariana. ?Isso ? o que n?s queremos? Ser? que ? isso??.
O Bem Estar Animal
Especializado no tratamento adequado e no bem estar do gado, Paranhos faz quest?o de diferenciar a preocupa??o com a prote??o do animal das posi??es extremistas e ativistas ? geralmente levantadas na defesa do vegetarianismo. ?O importante ? entender que o animal n?o ? uma m?quina?, defende ele. ?A zootecnia desde o s?culo XIX instituiu essa vis?o, mas precisamos compreender um animal como um ser senciente, que sente medo sim, que fica nervoso sim. Mas que tamb?m sente prazer, que tamb?m fica feliz?.
Mas como o humor do animal pode influenciar? O m?dico veterin?rio Renato dos Santos, da Beckhauser, explica que quando o animal passa por estresse, ele queima glicog?nio, ?que ? o combust?vel que ele tem para sobreviver ao ambiente. E isso muda o Ph sangu?neo, o que faz as rea??es do ?cido l?tico n?o ocorrerem como deveriam?. Desta forma, a carne sofre de rigor mortis precoce, o que faz com que ela estrague antes do tempo. Al?m disso, ambientes com Phs n?o neutros s?o ideais para a multiplica??o de bact?rias nocivas a sa?de humana.
Ainda segundo Santos, quando se respeita as liberdades do animal, investindo num manejo adequado, h? benef?cios econ?micos. ?Um gado bem cuidado exige limpeza menor. ? nessa hora que o produtor acusa o frigor?fico de lhe estar ?roubando? peso da carne, mas n?o tem jeito. O consumidor n?o vai comprar uma carne com hematomas?. As contus?es no animal geram grandes perdas para a pecu?ria, e isso em todo o mundo. ?Na Argentina e no Paraguai, respectivamente, s?o perdidos 6 e 7% do animal acabado. No Brasil a perda ? de 10-15 kg por carca?a?, exp?e o veterin?rio da Beckhauser.
Manejo Racional
A gerente de comunica??o Mariana Beckhauser explica que a empresa que traz o sobrenome de sua fam?lia investe em um manejo racional, voltado para a preserva??o do animal e de quem precisa lidar com ele. Para isso, o empreendimento n?o se apoia somente nas linhas de controle ou nos troncos de conten??o, mas tamb?m na troca e difus?o de informa??o. ?N?o adianta investir no equipamento se o produtor, o pe?o ou o gerente do manejo n?o compreendem essa import?ncia?.
Paranhos tem uma opini?o bastante semelhante sobre o assunto. A legisla??o brasileira prev? pena para aquele que maltrata o animal, mas ele acrescenta: ?Essas pessoas que erram n?o devem ser somente alvo de cr?ticas, devem ser alvo de orienta??o?. Para ele, muitas vezes aquele que lida com o gado o maltrata sem muita reflex?o sobre suas a??es, apenas repete comportamentos tradicionais ou refletem o temor que o homem sente do gado. ?A pessoa que tem medo acha que sendo violento ela se protege, mas ? justamente o contr?rio. ? assim que ela se exp?e mais?.
Dentre as a??es que podem incentivar o produtor a investir nos cuidados do animal, um dos destaques ? a exig?ncia de mercado. Paranhos cita o exemplo de um grupo de 120 produtores que forneciam para o Carrefour, em Mato Grosso do Sul. ?A empresa tinha a pol?tica de n?o comprar as carca?as com hematomas graves e ent?o eles nos contrataram para tentar resolver o problema?, relembra. ?Em pouco mais de um ano, s? investindo no manejo, eles conseguiram passar de 20% das carca?as com contus?o para 1,3%?.
Ainda que possa trazer resultados vantajosos para o produtor rural, o palestrante n?o gosta de pensar somente nos benef?cios econ?micos como justificativa para investir no bem estar do gado. ?O animal pode ganhar em peso? Pode, e isso ? ?timo, mas ? importante porque vai fazer bem para o animal e para quem trata dele tamb?m. Trate bem porque isso ? bom?, finaliza.
Fonte: Campo VIvo