CNA orienta produtores a p?r o p? no freio
Integrante da bancada de oposi??o ao governo no Congresso, a senadora K?tia Abreu (DEM-TO), presidente da CNA (Confedera??o da Agricultura e Pecu?ria do Brasil), disse ? Folha que tem orientado os associados da entidade a trabalhar com uma perspectiva de p? no freio para a pr?xima safra (2009/2010). A colheita dessa safra ocorrer? justamente ?s v?speras da campanha ao Pal?cio do Planalto. "N?o quero pregar o terror, mas ? preciso cautela", afirmou ela.
"Aumentar a produ??o n?o ? um bom neg?cio", disse, em audi?ncia na C?mara na semana passada, o professor Guilherme Dias, da Faculdade de Economia da Universidade de S?o Paulo, consultor da entidade.
A CNA enxerga dois cen?rios que contribuem para essa orienta??o: o endividamento dos produtores (sem dinheiro, n?o pagam as parcelas vencidas e ficam sem a possibilidade de novos financiamentos banc?rios) e o fato de a crise internacional ter gerado n?o apenas a falta de cr?dito, mas tamb?m a diminui??o no consumo (ou seja, n?o haver? compradores em caso de produ??o recorde).
Procurados pela reportagem, representantes de outras entidades disseram apoiar a estrat?gia da CNA. Luiz Antonio Nabhan Garcia, presidente da UDR (Uni?o Democr?tica Ruralista), afirma que o "p? no freio" tem de ocorrer tamb?m por uma quest?o pol?tica.
"? preciso meter o p? no freio. N?o d? para fazer gra?a, n?o d? para fazer campanha. O governo [Lula] se reelegeu com a propaganda do alimento barato e at? hoje n?o implementou uma pol?tica de subs?dio."
J? para Ces?rio Ramalho da Silva, presidente da SRB (Sociedade Rural Brasileira), a cautela e a elei??o s?o apenas uma coincid?ncia. "O produtor n?o tem bandeira pol?tica. A cautela ? plenamente necess?ria por uma quest?o econ?mica. S? pode investir naquilo que tenha retorno r?pido."
Ruim para todos
Diante do endividamento e da falta de cr?dito, uma primeira alternativa aos produtores seria manter a ?rea plantada, mas diminuir o uso de tecnologia. Para a CNA, essa op??o j? est? em pr?tica na atual safra (2008/2009) e ? "improv?vel" que seja repetida na seguinte (2009/2010), por conta dos riscos de desgaste do solo. Restaria, ent?o, a troca por culturas mais baratas (algod?o por soja, por exemplo) e a diminui??o da ?rea plantada.
"Uma safra menor ? ruim para todo mundo, inclusive para os pol?ticos que est?o no poder. Quem est? no poder tem a caneta na m?o e precisa tomar as atitudes. N?o h? d?vida nenhuma de que uma safra maior ? bom para o pa?s todo", disse Rui Prado, presidente da Famato (Federa??o da Agricultura e Pecu?ria de Mato Grosso).
Para a Conab, a ?rea plantada na atual safra totalizar? 47,4 milh?es de hectares. Esse n?mero, segundo a CNA, poder? cair em ao menos 20% naquela que vai de julho de 2009 a junho de 2010.
Essa estimativa tem como base o recuo j? registrado na ind?stria (queda de 17,2% em janeiro, ante o mesmo m?s de 2009) e a queda na compra de fertilizantes.
De acordo com a Anda (Associa??o Nacional para Difus?o de Adubos), no primeiro bimestre de 2009 houve queda de 26,4% na entrega de fertilizantes aos produtores do pa?s em compara??o com o mesmo per?odo de 2008.
Nesse mesmo per?odo, segundo a Anda, ca?ram tamb?m a produ??o nacional (32,7%) e a importa??o do produto (87,6%). Isso, para a CNA, ? um demonstrativo claro da paralisia dos produtores.
Ywao Miyamoto, presidente da Abrase (Associa??o Brasileira de Sementes e Mudas), diz que a cautela da CNA tem a ver com o tamanho da ?rea. "A cautela ? para n?o sair arrendando novas ?reas. ? para trabalhar com a ?rea que tem, usando para isso uma alta tecnologia."
Fonte:CapitalNews