Entrevista especial: Maior produtor de caf? e mam?o, ES ainda busca a??es para escoar melhor a produ??o, avalia presidente da Faes
1 de setembro de 2020
Embora represente apenas 0,5% do territ?rio brasileiro, quando se trata de agricultura e pecu?ria o Estado do Esp?rito Santo tem desempenho de ?gente grande?, exibindo n?meros e resultados que imp?em respeito a qualquer um. Maior produtor nacional de caf? Conilon, maior exportador brasileiro de mam?o, detentor de 14 p?los de uma fruticultura variada e de qualidade, apenas para citar alguns destaques, poder?amos dizer, plagiando Pedro ?lvares Cabral, que ?em terras capixabas, em se plantando, tudo d??. O Estado tem alt?ssima produtividade e muita tecnologia e conhecimento aplicados ao campo, mas ainda carece de a??es governamentais que garantam a mesma efici?ncia na hora de escoar e comercializar a produ??o. Este e outros assuntos foram tema da conversa desta semana com o presidente da Federa??o da Agricultura do Esp?rito Santo (Faes), Julio da Silva Rocha Junior.
FV: Durante muitos anos a agricultura capixaba destacou-se apenas pelo caf?. Como ? o panorama agr?cola no Estado hoje?
Julio Rocha: Temos uma economia prim?ria diversificada, com destaque para a bovinocultura de leite e de corte, a suinocultura, a avicultura, a aquicultura, a ovinocultura, a carcinocultura, a fruticultura, as especiarias (pimenta-do-reino, pimenta-rosa, gengibre), a heveicultura, a cacauicultura, o reflorestamento, o agroturismo e o ramo de bebidas, com destaque para o vinho e a aguardente.
FV: O Esp?rito Santo chegou ao s?culo 21 com uma economia bem mais diversificada. Qual a import?ncia do caf?, hoje, para a economia estadual?
Julio Rocha: A cultura do caf? emprega mais do que todas as grandes empresas e o governo, somados; nosso Estado ? o 2? produtor nacional, tendo colhido na ?ltima safra mais de 11,5 milh?es de sacas. A safra deste ano, apesar de ter sido um pouco afetada pela seca, dever? se repetir.
FV: Sabemos que a evolu??o da agricultura capixaba deveu-se, em grande parte, ? aplica??o ao campo de novas tecnologias e conhecimentos, com grande participa??o do INCAPER e outros ?rg?os do setor. Existe dificuldade com a m?o de obra rural para adotar essas novas t?cnicas? Se sim, como ela tem sido superada (ou n?o tem)?
Julio Rocha: Existe muita dificuldade para a m?o de obra, tanto em disponibilidade, como em qualidade; a concorr?ncia de outros segmentos e os programas sociais ? que deveriam ser melhor avaliados, para se proceder a poss?veis redirecionamentos ?, figuram como os respons?veis principais. As parcerias envolvendo os sindicatos rurais, as cooperativas, a Faes, o Senar, o Sebrae e o poder p?blico t?m capacitado relevante n?mero de trabalhadores.
FV: Tecnologia e conhecimento s?o atrativos para os mais jovens. Aqui no Estado, isso tem sido suficiente para manter os jovens no campo? Como ? hoje a situa??o do ES em rela??o ao ?xodo dos jovens para as cidades?
Julio Rocha: Programas de identifica??o de novas lideran?as, Jovem Aprendiz, Empreendedor Rural, Proatec, realizados pelo Senar em parceria com o Sebrae e demais ?rg?os citados, com o apoio da iniciativa privada e o Governo oferecendo melhores condi??es de vida e de renda, t?m atenuado a evas?o do campo. A expans?o do cr?dito, pelos governos federal e estadual, a custos e prazos mais acess?veis, tamb?m tem ajudado.
FV: Ao lado da tecnologia, tamb?m a irriga??o tem contribu?do para o aumento da produtividade das lavouras do Estado. Como isso, o setor agr?cola ? o que mais consome ?gua, um recurso finito. Como a Faes tem trabalhado esse assunto junto aos associados? Existe preocupa??o com a preserva??o dos recursos h?dricos?
Julio Rocha: A Faes, reconhecendo a import?ncia do tema, criou o seu Conselho de Meio Ambiente e Recursos H?dricos, que tem servido, inclusive, ao poder p?blico. Destaco ainda os treinamentos do Senar e a orienta??o sistem?tica para se desenvolver o crescimento sustent?vel de nossas atividades, racionalizando os recursos naturais, al?m do engajamento no programa Agricultura de Baixo Carbono e no Projeto de Integra??o Agricultura, Florestas e Pecu?ria.
FV: J? existe consenso com rela??o ? cobran?a do uso de ?gua das bacias pelos comit?s de bacia? Como est? essa situa??o hoje?
Julio Rocha: A cobran?a pelo uso da ?gua ? assunto pol?mico. Primeiro, porque o consumidor urbano ainda n?o paga pela ?gua que usa; paga pelos servi?os de capta??o, tratamento e distribui??o. No meio rural, essas etapas s?o feitas pelo produtor, que ? tamb?m um produtor de ?gua, j? que ? o respons?vel direto pela manuten??o do meio ambiente, do qual depende para produzir. Existe necessidade de se proporcionar maior confian?a no uso dos recursos a serem arrecadados, que dever?o assegurar, de fato, benef?cios para a respectiva bacia. Nenhum motivo deve ser impeditivo para se criar condicionantes de racionaliza??o.
FV: Ainda na ?rea de meio ambiente, os fertilizantes e defensivos agr?colas, t?xicos ao meio ambiente e ?s pessoas, muitas vezes s?o usados e descartados sem a devida preocupa??o, contaminando agricultores, solo e ?gua. A Faes tem algum trabalho de preven??o nesse sentido? Como ? feito o controle disso atualmente?
Julio Rocha: Os cursos e treinamentos dados pelo Senar t?m incentivado o uso racional dos defensivos e a preven??o de problemas por meio de maiores cuidados com os aplicadores, com a ?gua superficial, os len??is fre?ticos e com os consumidores, como medida de defesa ambiental e de seguran?a alimentar. O ES, em propor??o, ? o Estado que desenvolve o programa mais abrangente de preven??o, incluindo o recolhimento de embalagens usadas.
FV: Existe um esfor?o do poder p?blico em disseminar a consci?ncia e as pr?ticas de sustentabilidade no campo, seja pelo estimulo ? produ??o/comercializa??o de produtos org?nicos, a divulga??o dos conceitos da agroecologia e a cria??o de mecanismos de financiamento ? chamada agricultura de baixo carbono, entre outros. Qual sua avalia??o a respeito da efetividade dessas a??es? Quais os resultados pr?ticos disso no Esp?rito Santo?
Julio Rocha: A efetividade ainda ? baixa, o poder p?blico precisa fazer mais investimentos nesta ?rea. Tamb?m deve propugnar para que as a??es educativas cada vez mais prevale?am sobre as a??es punitivas; as taxas de licenciamentos para iniciativas que contribuem com a sustentabilidade deveriam ser simb?licas.
FV: Fechando o assunto, como a Faes e seus associados receberam a aprova??o do Novo C?digo Florestal? Quais os principais impactos da nova lei para os produtores capixabas (especialmente os pequenos, que s?o mais de 90%)?
Julio Rocha: Os pequenos produtores sa?ram da condi??o de inseguran?a e de serem responsabilizados como criminosos; permanecem como os ?nicos respons?veis pelo cumprimento da Legisla??o Florestal. Houve avan?os, ainda que n?o nos n?veis desejados e merecidos. Ficam mantidas as lavouras implantadas, ressalvadas as recupera??es de matas ciliares previstas na lei. Precisamos mobilizar a opini?o p?blica mundial para que a responsabilidade de se resguardar as APPs (?reas de Preserva??o Permanente) seja de todos os pa?ses do planeta.
FV: Os resultados da atividade agr?cola s?o influenciados por vari?veis incontrol?veis, como o clima, as pragas etc. Por isso, os financiamentos s?o t?o importantes. Atualmente, as linhas oferecidas pelo mercado atendem as necessidades dos agricultores? Se n?o, o que deveria ser melhorado?
Julio Rocha: Os juros e os prazos precisam ser melhorados, para serem compat?veis com as ind?strias a c?u aberto que configuram a agricultura. Esta precisa crescer exponencialmente a ?rea coberta com seguro e com irriga??o, al?m da politica de pre?os m?nimos e das condi??es de log?stica, principalmente de transportes e de armazenagem, que precisam ser substancialmente melhoradas.
FV: Diante da introdu??o de v?rias novas culturas, onde est?o as melhores oportunidades, hoje, na agricultura capixaba, e por qu??
Julio Rocha: Creio que no caf?, pela excel?ncia alcan?ada em produtividade, gra?as ao trabalho de pesquisa desenvolvido pelo Incaper com o caf? Conilon. Mas todas as culturas podem ser atraentes, desde que adotadas tecnologias de ultima gera??o, aliadas a compet?ncia de gest?o, j? que as margens de lucro s?o modestas.
FV: A falta de estrutura adequada para escoar a produ??o tem sido apontada como um dos grandes gargalos no campo. Por outro lado, o Estado tem investido na abertura de novas estradas e na melhoria das existentes. J? chegamos ao ponto ideal?
Julio Rocha: O ponto ideal sempre estar? por ser alcan?ado, j? que somos dependentes de fatores externos e de outros estados. O transporte rodovi?rio ? o mais caro; o ferrovi?rio ? intermedi?rio; e o aqu?vi?rio, o mais acess?vel. Temos que apreciar, portanto, a demanda do pa?s, que em seis anos tem que duplicar a capacidade de opera??o dos nossos portos; de 142 pa?ses em que a situa??o dos portos foi levantada, o Brasil ocupa a 130? posi??o. N?o podemos deixar de aprovar a MP 595/12 (nova Lei dos Portos), em vias de ser votada no Congresso.
FV: Como avalia os investimentos recentes do governo estadual na compra e distribui??o de m?quinas ?s prefeituras e na expans?o do programa Luz para Todos? Isso resolve os problemas estruturais do campo?
Julio Rocha: Acredito que os benefici?rios deveriam ter sido mais ouvidos; a ?nsia de atender pode ter deixado de alcan?ar melhores resultados. Ainda n?o se resolveram os problemas estruturais do campo: ainda temos energia de baixa qualidade, que oscila muito em sua frequ?ncia, comprometendo equipamentos e os produtos perec?veis, impedindo tamb?m as instala??es e uso de equipamentos mais produtivos, que podem atenuar os custos de produ??o. A telefonia e a disponibilidade de rede para alcance dos recursos da Internet precisam se adequar ?s necessidades demandadas pelo setor.
FV: Qual sua expectativa quanto ? anunciada amplia??o do alcance do sinal de internet para as ?reas rurais que ainda n?o t?m essa facilidade? O quanto isso muda a vida do agricultor?
Julio Rocha: N?o mais podemos prescindir do alcance do sinal de internet pelos produtores, que t?m que estar focados em tecnologia de precis?o e em op??es de comercializa??o, al?m do acompanhamento da legisla??o, das informa??es climatol?gicas, das op??es de cr?dito, transportes, tend?ncias de mercado, cursos ? distancia, dentre outros. Os produtores precisam acompanhar o fluxo de demanda dos consumidores, tanto interna como externamente; maximizarem seu campo de informa??es e minimizarem seus custos, para serem mais competitivos e exercerem maior protagonismo junto aos seus ?rg?os de classe, os sindicatos rurais, as cooperativas, associa??es, federa??es de agricultura e Confedera??o da Agricultura e Pecu?ria do Brasil.
O entrevistado
J?lio da Silva Rocha Junior ? formado em Engenharia Agron?mica pela Universidade Federal de Vi?osa/MG. Nascido em uma fam?lia de agricultores, sempre atuou em defesa dos interesses dos produtores rurais. ? frente da Faes ? Federa??o da Agricultura e Pecu?ria do Esp?rito Santo desde 2006, tem contribu?do para o fortalecimento do setor prim?rio no Esp?rito Santo, valorizando as atividades do campo e oferecendo condi??es para a melhoria da qualidade de vida das fam?lias rurais. Al?m de presidir a Faes, Julio da Silva Rocha Junior ? vice-presidente diretor da CNA ? Confedera??o da Agricultura e Pecu?ria do Brasil, representando a Regi?o Sudeste; presidente do Conselho Deliberativo do Sebrae-ES e coordenador do F?rum de Entidades e Federa??es do ES ? FEF.
Fonte: Folha Vit?ria
FV: Durante muitos anos a agricultura capixaba destacou-se apenas pelo caf?. Como ? o panorama agr?cola no Estado hoje?
Julio Rocha: Temos uma economia prim?ria diversificada, com destaque para a bovinocultura de leite e de corte, a suinocultura, a avicultura, a aquicultura, a ovinocultura, a carcinocultura, a fruticultura, as especiarias (pimenta-do-reino, pimenta-rosa, gengibre), a heveicultura, a cacauicultura, o reflorestamento, o agroturismo e o ramo de bebidas, com destaque para o vinho e a aguardente.
FV: O Esp?rito Santo chegou ao s?culo 21 com uma economia bem mais diversificada. Qual a import?ncia do caf?, hoje, para a economia estadual?
Julio Rocha: A cultura do caf? emprega mais do que todas as grandes empresas e o governo, somados; nosso Estado ? o 2? produtor nacional, tendo colhido na ?ltima safra mais de 11,5 milh?es de sacas. A safra deste ano, apesar de ter sido um pouco afetada pela seca, dever? se repetir.
FV: Sabemos que a evolu??o da agricultura capixaba deveu-se, em grande parte, ? aplica??o ao campo de novas tecnologias e conhecimentos, com grande participa??o do INCAPER e outros ?rg?os do setor. Existe dificuldade com a m?o de obra rural para adotar essas novas t?cnicas? Se sim, como ela tem sido superada (ou n?o tem)?
Julio Rocha: Existe muita dificuldade para a m?o de obra, tanto em disponibilidade, como em qualidade; a concorr?ncia de outros segmentos e os programas sociais ? que deveriam ser melhor avaliados, para se proceder a poss?veis redirecionamentos ?, figuram como os respons?veis principais. As parcerias envolvendo os sindicatos rurais, as cooperativas, a Faes, o Senar, o Sebrae e o poder p?blico t?m capacitado relevante n?mero de trabalhadores.
FV: Tecnologia e conhecimento s?o atrativos para os mais jovens. Aqui no Estado, isso tem sido suficiente para manter os jovens no campo? Como ? hoje a situa??o do ES em rela??o ao ?xodo dos jovens para as cidades?
Julio Rocha: Programas de identifica??o de novas lideran?as, Jovem Aprendiz, Empreendedor Rural, Proatec, realizados pelo Senar em parceria com o Sebrae e demais ?rg?os citados, com o apoio da iniciativa privada e o Governo oferecendo melhores condi??es de vida e de renda, t?m atenuado a evas?o do campo. A expans?o do cr?dito, pelos governos federal e estadual, a custos e prazos mais acess?veis, tamb?m tem ajudado.
FV: Ao lado da tecnologia, tamb?m a irriga??o tem contribu?do para o aumento da produtividade das lavouras do Estado. Como isso, o setor agr?cola ? o que mais consome ?gua, um recurso finito. Como a Faes tem trabalhado esse assunto junto aos associados? Existe preocupa??o com a preserva??o dos recursos h?dricos?
Julio Rocha: A Faes, reconhecendo a import?ncia do tema, criou o seu Conselho de Meio Ambiente e Recursos H?dricos, que tem servido, inclusive, ao poder p?blico. Destaco ainda os treinamentos do Senar e a orienta??o sistem?tica para se desenvolver o crescimento sustent?vel de nossas atividades, racionalizando os recursos naturais, al?m do engajamento no programa Agricultura de Baixo Carbono e no Projeto de Integra??o Agricultura, Florestas e Pecu?ria.
FV: J? existe consenso com rela??o ? cobran?a do uso de ?gua das bacias pelos comit?s de bacia? Como est? essa situa??o hoje?
Julio Rocha: A cobran?a pelo uso da ?gua ? assunto pol?mico. Primeiro, porque o consumidor urbano ainda n?o paga pela ?gua que usa; paga pelos servi?os de capta??o, tratamento e distribui??o. No meio rural, essas etapas s?o feitas pelo produtor, que ? tamb?m um produtor de ?gua, j? que ? o respons?vel direto pela manuten??o do meio ambiente, do qual depende para produzir. Existe necessidade de se proporcionar maior confian?a no uso dos recursos a serem arrecadados, que dever?o assegurar, de fato, benef?cios para a respectiva bacia. Nenhum motivo deve ser impeditivo para se criar condicionantes de racionaliza??o.
FV: Ainda na ?rea de meio ambiente, os fertilizantes e defensivos agr?colas, t?xicos ao meio ambiente e ?s pessoas, muitas vezes s?o usados e descartados sem a devida preocupa??o, contaminando agricultores, solo e ?gua. A Faes tem algum trabalho de preven??o nesse sentido? Como ? feito o controle disso atualmente?
Julio Rocha: Os cursos e treinamentos dados pelo Senar t?m incentivado o uso racional dos defensivos e a preven??o de problemas por meio de maiores cuidados com os aplicadores, com a ?gua superficial, os len??is fre?ticos e com os consumidores, como medida de defesa ambiental e de seguran?a alimentar. O ES, em propor??o, ? o Estado que desenvolve o programa mais abrangente de preven??o, incluindo o recolhimento de embalagens usadas.
FV: Existe um esfor?o do poder p?blico em disseminar a consci?ncia e as pr?ticas de sustentabilidade no campo, seja pelo estimulo ? produ??o/comercializa??o de produtos org?nicos, a divulga??o dos conceitos da agroecologia e a cria??o de mecanismos de financiamento ? chamada agricultura de baixo carbono, entre outros. Qual sua avalia??o a respeito da efetividade dessas a??es? Quais os resultados pr?ticos disso no Esp?rito Santo?
Julio Rocha: A efetividade ainda ? baixa, o poder p?blico precisa fazer mais investimentos nesta ?rea. Tamb?m deve propugnar para que as a??es educativas cada vez mais prevale?am sobre as a??es punitivas; as taxas de licenciamentos para iniciativas que contribuem com a sustentabilidade deveriam ser simb?licas.
FV: Fechando o assunto, como a Faes e seus associados receberam a aprova??o do Novo C?digo Florestal? Quais os principais impactos da nova lei para os produtores capixabas (especialmente os pequenos, que s?o mais de 90%)?
Julio Rocha: Os pequenos produtores sa?ram da condi??o de inseguran?a e de serem responsabilizados como criminosos; permanecem como os ?nicos respons?veis pelo cumprimento da Legisla??o Florestal. Houve avan?os, ainda que n?o nos n?veis desejados e merecidos. Ficam mantidas as lavouras implantadas, ressalvadas as recupera??es de matas ciliares previstas na lei. Precisamos mobilizar a opini?o p?blica mundial para que a responsabilidade de se resguardar as APPs (?reas de Preserva??o Permanente) seja de todos os pa?ses do planeta.
FV: Os resultados da atividade agr?cola s?o influenciados por vari?veis incontrol?veis, como o clima, as pragas etc. Por isso, os financiamentos s?o t?o importantes. Atualmente, as linhas oferecidas pelo mercado atendem as necessidades dos agricultores? Se n?o, o que deveria ser melhorado?
Julio Rocha: Os juros e os prazos precisam ser melhorados, para serem compat?veis com as ind?strias a c?u aberto que configuram a agricultura. Esta precisa crescer exponencialmente a ?rea coberta com seguro e com irriga??o, al?m da politica de pre?os m?nimos e das condi??es de log?stica, principalmente de transportes e de armazenagem, que precisam ser substancialmente melhoradas.
FV: Diante da introdu??o de v?rias novas culturas, onde est?o as melhores oportunidades, hoje, na agricultura capixaba, e por qu??
Julio Rocha: Creio que no caf?, pela excel?ncia alcan?ada em produtividade, gra?as ao trabalho de pesquisa desenvolvido pelo Incaper com o caf? Conilon. Mas todas as culturas podem ser atraentes, desde que adotadas tecnologias de ultima gera??o, aliadas a compet?ncia de gest?o, j? que as margens de lucro s?o modestas.
FV: A falta de estrutura adequada para escoar a produ??o tem sido apontada como um dos grandes gargalos no campo. Por outro lado, o Estado tem investido na abertura de novas estradas e na melhoria das existentes. J? chegamos ao ponto ideal?
Julio Rocha: O ponto ideal sempre estar? por ser alcan?ado, j? que somos dependentes de fatores externos e de outros estados. O transporte rodovi?rio ? o mais caro; o ferrovi?rio ? intermedi?rio; e o aqu?vi?rio, o mais acess?vel. Temos que apreciar, portanto, a demanda do pa?s, que em seis anos tem que duplicar a capacidade de opera??o dos nossos portos; de 142 pa?ses em que a situa??o dos portos foi levantada, o Brasil ocupa a 130? posi??o. N?o podemos deixar de aprovar a MP 595/12 (nova Lei dos Portos), em vias de ser votada no Congresso.
FV: Como avalia os investimentos recentes do governo estadual na compra e distribui??o de m?quinas ?s prefeituras e na expans?o do programa Luz para Todos? Isso resolve os problemas estruturais do campo?
Julio Rocha: Acredito que os benefici?rios deveriam ter sido mais ouvidos; a ?nsia de atender pode ter deixado de alcan?ar melhores resultados. Ainda n?o se resolveram os problemas estruturais do campo: ainda temos energia de baixa qualidade, que oscila muito em sua frequ?ncia, comprometendo equipamentos e os produtos perec?veis, impedindo tamb?m as instala??es e uso de equipamentos mais produtivos, que podem atenuar os custos de produ??o. A telefonia e a disponibilidade de rede para alcance dos recursos da Internet precisam se adequar ?s necessidades demandadas pelo setor.
FV: Qual sua expectativa quanto ? anunciada amplia??o do alcance do sinal de internet para as ?reas rurais que ainda n?o t?m essa facilidade? O quanto isso muda a vida do agricultor?
Julio Rocha: N?o mais podemos prescindir do alcance do sinal de internet pelos produtores, que t?m que estar focados em tecnologia de precis?o e em op??es de comercializa??o, al?m do acompanhamento da legisla??o, das informa??es climatol?gicas, das op??es de cr?dito, transportes, tend?ncias de mercado, cursos ? distancia, dentre outros. Os produtores precisam acompanhar o fluxo de demanda dos consumidores, tanto interna como externamente; maximizarem seu campo de informa??es e minimizarem seus custos, para serem mais competitivos e exercerem maior protagonismo junto aos seus ?rg?os de classe, os sindicatos rurais, as cooperativas, associa??es, federa??es de agricultura e Confedera??o da Agricultura e Pecu?ria do Brasil.
O entrevistado
J?lio da Silva Rocha Junior ? formado em Engenharia Agron?mica pela Universidade Federal de Vi?osa/MG. Nascido em uma fam?lia de agricultores, sempre atuou em defesa dos interesses dos produtores rurais. ? frente da Faes ? Federa??o da Agricultura e Pecu?ria do Esp?rito Santo desde 2006, tem contribu?do para o fortalecimento do setor prim?rio no Esp?rito Santo, valorizando as atividades do campo e oferecendo condi??es para a melhoria da qualidade de vida das fam?lias rurais. Al?m de presidir a Faes, Julio da Silva Rocha Junior ? vice-presidente diretor da CNA ? Confedera??o da Agricultura e Pecu?ria do Brasil, representando a Regi?o Sudeste; presidente do Conselho Deliberativo do Sebrae-ES e coordenador do F?rum de Entidades e Federa??es do ES ? FEF.
Fonte: Folha Vit?ria