Estiagem afeta gado de corte e produ??o de leite no ES
1 de setembro de 2020
Atividades movimentam quase 13% do agroneg?cio do estado.
Cooperativa de leite teve queda de 450 mil litros por dia para 300 mil litros
As atividades agropecu?rias movimentam quase 13% do agroneg?cio do Esp?rito Santo. S? em 2014, 480 mil litros de leite foram produzidos e 380 mil cabe?as de gado abatidas. Apesar disso, o per?odo estiagem por que passa o estado tem comprometido propriedades rurais e dificultado a pecu?ria.
Mais de 1,3 milh?o hectares s?o de pastagens no estado, sendo que o espa?o ? ocupado por 2.270.986 cabe?as de gado. Destes, 60% ? de gado de corte e 40% de vacas leiteiras.
Pelas estradas do Esp?rito Santo, o que se v? ? um cen?rio desolador, com pastos secos, degradados e, em muitos pontos, praticamente n?o h? mais capim. Em Presidente Kennedy, o produtor Jos? Ara?jo trabalha com o filho em uma pequena propriedade, de dois hectares, em Santo Eduardo.
Com a forte estiagem, o capim secou e o que restou foi destru?do por uma lagarta. ?N?o tinha nada para dar para o gado. At? pensei em desanimar, mas minha fam?lia e meu filho n?o deixaram e conseguimos superar a crise de lagarta e a seca?, falou o produtor.
A propriedade chegou a ter 18 animais, mas, por conta do pasto seco e da dificuldade de alimenta??o, o n?mero de vacas foi reduzido para 12. E elas s? se mant?m porque alguns insumos usados na ra??o foram doados pela prefeitura.
?Diminu? para poder manter a m?dia de leite e sobrei a ra??o, porque n?o tinha suficiente para dar a todos. N?o teria como voc? dar continuidade se n?o tivesse incentivo da prefeitura?, disse Jos? Ara?jo.
Na propriedade, a ordenha ? autom?tica, mas s? h? uma ordenhadeira. As vacas, todas mesti?as, produzem 110 litros de leite por dia. Toda a produ??o ? encaminhada para uma cooperativa de leite em Cachoeiro de Itapemirim, que ? a mais antiga do estado.
?A cooperativa n?o tem interesse em ganhar dinheiro do produtor. Ela tem interesse em ganhar dinheiro para os produtores, porque esse ? o objetivo. N?s somos reguladores do mercado, para que as ind?strias procurem pagar melhor os produtores?, falou o presidente da cooperativa, Rubens Moreira.
Com a forte estiagem e a dificuldade dos cooperados em alimentar o gado, a produ??o m?dia da cooperativa caiu de 450 mil litros de leite por dia para 300 mil litros por dia. Tudo o que chega ? cooperativa passa por uma an?lise e o produtor que tem qualidade recebe melhor, sendo at? R$ 0,07 a mais por litro de leite.
?O que n?s precisamos ? fazer algumas interven??es no processo produtivo, na produ??o prim?ria. O produtor precisa entender primeiro o processo de qualidade. Aqueles que n?o tiverem uma boa produ??o com boa qualidade n?o v?o continuar no mercado?, afirmou Moreira.
Noroeste
Por conta da seca e da falta d?gua, o Noroeste do estado tamb?m tem passado por dificuldades nas atividades pecu?rias. A veterin?ria e produtora rural Paula Galo contou que teve que suspender a irriga??o em hor?rios do dia, para preservar a ?gua.
?A gente est? passando apertado, porque, com essa seca, a quantidade de ?gua est? bem escassa e a gente n?o est? irrigando nas partes mais frescas do dia, para ter uma perda menor dessa ?gua?, falou.
A propriedade da fam?lia Galo fica no distrito de ?ngelo Franquiano, a 22 km do Centro de Colatina. S?o 1,2 mil cabe?as de gado que produzem leite, que ? levado para uma cooperativa em Nova Ven?cia.
?A cooperativa ajuda muito, porque ela paga pela qualidade do leite e, ent?o, isso incentiva o produtor a melhorar o rebanho e melhorar a maneira de trabalhar. E acaba ajudando de outras formas tamb?m, tentando comprar insumos para o produtor, para baratear os custos?, explicou.
De janeiro a setembro deste ano, a cooperativa deixou de receber mais de R$ 6 milh?es litros de leite, em compara??o ao mesmo per?odo de 2014. Na propriedade da fam?lia Galo, a produ??o m?dia era de 2,5 mil litros de leite por dia e, com a seca, caiu para mil litros de leite por dia.
Para os animais n?o ficarem sem alimento, a pecuarista tem encontrado formas de driblar a seca. ?A gente utiliza o piquete rotacionado tamb?m como uma maneira de escapar dessa seca, porque, a gente tendo um volumoso em campo, conseguimos diminuir o volumoso no coxo, relatou Paula.
Como ? dif?cil e caro trazer ra??o de outros estados, a solu??o encontrada pela fam?lia Galo foi plantar o pr?prio milho e produzir a silagem na propriedade. S?o seis hectares com milho que v?o virar ra??o para gado.
?Isso tem sido nosso alicerce, porque o ?nico objetivo que a gente tem ? poder ter alimento guardado, para ?pocas como essa que a gente est? passando. O pequeno produtor n?o consegue fazer isso. Ele teria que ter um apoio para conseguir se manter dessa forma, comprando um insumo mais barato?, disse a veterin?ria. A silagem pronta ? armazenada em trincheiras e, assim, dura at? dois anos.
Gado de corte
Com 1,6 mil cabe?as de gado de corte, sendo a maioria nelore, a fam?lia Galo teve que transferir grande parte para outra propriedade, que fica em Pancas. ?Tiramos cerca de 700 cabe?as de gado da propriedade e trouxemos para essa, que tem uma quest?o de pastagem um pouco maior, uma cobertura maior de capim?, falou Paula.
Para melhorar a gen?tica do gado de corte e de leite, a veterin?ria e pecuarista decidiu investir no laborat?rio de fertiliza??o in vitro, que atende a v?rios produtores do estado.
?A gente coleta os ov?citos da vaca a campo, traz para o laborat?rio para ser fecundado. A partir da hora que o embri?o estiver pronto, ele vai voltar a campo para ser implantado na m?e de aluguel. A vantagem ? que voc? tem a multiplica??o em larga escala de um animal melhorado?, explicou.
O gado de corte ? vendido para um frigor?fico em Colatina. Eles produzem cerca de 90 toneladas de corte de carne por dia, al?m de produtos como lingui?a e hamb?rguer. Quase metade da produ??o ? exportada para pa?ses ?rabes e da Uni?o Europeia.
Diretor operacional do frigor?fico, Edvaldo Lievore falou das dificuldades encontradas no mercado. ?Hoje, n?s temos, como cliente, um mercado mais exigente e estamos atravessando uma seca muito grande no nosso estado. Se n?s tiv?ssemos esse suplemento, n?s ter?amos um animal de melhor qualidade para atender nossos mercados, tanto interno quanto externo?, afirmou.
O estado tem um rebanho de mais de 1,3 milh?o de cabe?as de gado de corte. Em 2014, foram abatidas quase 400 mil cabe?as, mas a situa??o atual de estiagem tem comprometido essa produ??o.
?O que o mercado exige ? um boi com maior precocidade, um boi mais jovem, com acabamento de gordura melhor tamb?m. Na nossa regi?o, n?s temos poucos produtores que conseguem fazer esse acabamento, em virtude do suplemento. N?s temos alguns confinamentos no estado que j? atendem, mas s?o poucos perante a demanda?, ponderou Lievore.
Fonte: G1 Esp?rito Santo
Cooperativa de leite teve queda de 450 mil litros por dia para 300 mil litros
As atividades agropecu?rias movimentam quase 13% do agroneg?cio do Esp?rito Santo. S? em 2014, 480 mil litros de leite foram produzidos e 380 mil cabe?as de gado abatidas. Apesar disso, o per?odo estiagem por que passa o estado tem comprometido propriedades rurais e dificultado a pecu?ria.
Mais de 1,3 milh?o hectares s?o de pastagens no estado, sendo que o espa?o ? ocupado por 2.270.986 cabe?as de gado. Destes, 60% ? de gado de corte e 40% de vacas leiteiras.
Pelas estradas do Esp?rito Santo, o que se v? ? um cen?rio desolador, com pastos secos, degradados e, em muitos pontos, praticamente n?o h? mais capim. Em Presidente Kennedy, o produtor Jos? Ara?jo trabalha com o filho em uma pequena propriedade, de dois hectares, em Santo Eduardo.
Com a forte estiagem, o capim secou e o que restou foi destru?do por uma lagarta. ?N?o tinha nada para dar para o gado. At? pensei em desanimar, mas minha fam?lia e meu filho n?o deixaram e conseguimos superar a crise de lagarta e a seca?, falou o produtor.
A propriedade chegou a ter 18 animais, mas, por conta do pasto seco e da dificuldade de alimenta??o, o n?mero de vacas foi reduzido para 12. E elas s? se mant?m porque alguns insumos usados na ra??o foram doados pela prefeitura.
?Diminu? para poder manter a m?dia de leite e sobrei a ra??o, porque n?o tinha suficiente para dar a todos. N?o teria como voc? dar continuidade se n?o tivesse incentivo da prefeitura?, disse Jos? Ara?jo.
Na propriedade, a ordenha ? autom?tica, mas s? h? uma ordenhadeira. As vacas, todas mesti?as, produzem 110 litros de leite por dia. Toda a produ??o ? encaminhada para uma cooperativa de leite em Cachoeiro de Itapemirim, que ? a mais antiga do estado.
?A cooperativa n?o tem interesse em ganhar dinheiro do produtor. Ela tem interesse em ganhar dinheiro para os produtores, porque esse ? o objetivo. N?s somos reguladores do mercado, para que as ind?strias procurem pagar melhor os produtores?, falou o presidente da cooperativa, Rubens Moreira.
Com a forte estiagem e a dificuldade dos cooperados em alimentar o gado, a produ??o m?dia da cooperativa caiu de 450 mil litros de leite por dia para 300 mil litros por dia. Tudo o que chega ? cooperativa passa por uma an?lise e o produtor que tem qualidade recebe melhor, sendo at? R$ 0,07 a mais por litro de leite.
?O que n?s precisamos ? fazer algumas interven??es no processo produtivo, na produ??o prim?ria. O produtor precisa entender primeiro o processo de qualidade. Aqueles que n?o tiverem uma boa produ??o com boa qualidade n?o v?o continuar no mercado?, afirmou Moreira.
Noroeste
Por conta da seca e da falta d?gua, o Noroeste do estado tamb?m tem passado por dificuldades nas atividades pecu?rias. A veterin?ria e produtora rural Paula Galo contou que teve que suspender a irriga??o em hor?rios do dia, para preservar a ?gua.
?A gente est? passando apertado, porque, com essa seca, a quantidade de ?gua est? bem escassa e a gente n?o est? irrigando nas partes mais frescas do dia, para ter uma perda menor dessa ?gua?, falou.
A propriedade da fam?lia Galo fica no distrito de ?ngelo Franquiano, a 22 km do Centro de Colatina. S?o 1,2 mil cabe?as de gado que produzem leite, que ? levado para uma cooperativa em Nova Ven?cia.
?A cooperativa ajuda muito, porque ela paga pela qualidade do leite e, ent?o, isso incentiva o produtor a melhorar o rebanho e melhorar a maneira de trabalhar. E acaba ajudando de outras formas tamb?m, tentando comprar insumos para o produtor, para baratear os custos?, explicou.
De janeiro a setembro deste ano, a cooperativa deixou de receber mais de R$ 6 milh?es litros de leite, em compara??o ao mesmo per?odo de 2014. Na propriedade da fam?lia Galo, a produ??o m?dia era de 2,5 mil litros de leite por dia e, com a seca, caiu para mil litros de leite por dia.
Para os animais n?o ficarem sem alimento, a pecuarista tem encontrado formas de driblar a seca. ?A gente utiliza o piquete rotacionado tamb?m como uma maneira de escapar dessa seca, porque, a gente tendo um volumoso em campo, conseguimos diminuir o volumoso no coxo, relatou Paula.
Como ? dif?cil e caro trazer ra??o de outros estados, a solu??o encontrada pela fam?lia Galo foi plantar o pr?prio milho e produzir a silagem na propriedade. S?o seis hectares com milho que v?o virar ra??o para gado.
?Isso tem sido nosso alicerce, porque o ?nico objetivo que a gente tem ? poder ter alimento guardado, para ?pocas como essa que a gente est? passando. O pequeno produtor n?o consegue fazer isso. Ele teria que ter um apoio para conseguir se manter dessa forma, comprando um insumo mais barato?, disse a veterin?ria. A silagem pronta ? armazenada em trincheiras e, assim, dura at? dois anos.
Gado de corte
Com 1,6 mil cabe?as de gado de corte, sendo a maioria nelore, a fam?lia Galo teve que transferir grande parte para outra propriedade, que fica em Pancas. ?Tiramos cerca de 700 cabe?as de gado da propriedade e trouxemos para essa, que tem uma quest?o de pastagem um pouco maior, uma cobertura maior de capim?, falou Paula.
Para melhorar a gen?tica do gado de corte e de leite, a veterin?ria e pecuarista decidiu investir no laborat?rio de fertiliza??o in vitro, que atende a v?rios produtores do estado.
?A gente coleta os ov?citos da vaca a campo, traz para o laborat?rio para ser fecundado. A partir da hora que o embri?o estiver pronto, ele vai voltar a campo para ser implantado na m?e de aluguel. A vantagem ? que voc? tem a multiplica??o em larga escala de um animal melhorado?, explicou.
O gado de corte ? vendido para um frigor?fico em Colatina. Eles produzem cerca de 90 toneladas de corte de carne por dia, al?m de produtos como lingui?a e hamb?rguer. Quase metade da produ??o ? exportada para pa?ses ?rabes e da Uni?o Europeia.
Diretor operacional do frigor?fico, Edvaldo Lievore falou das dificuldades encontradas no mercado. ?Hoje, n?s temos, como cliente, um mercado mais exigente e estamos atravessando uma seca muito grande no nosso estado. Se n?s tiv?ssemos esse suplemento, n?s ter?amos um animal de melhor qualidade para atender nossos mercados, tanto interno quanto externo?, afirmou.
O estado tem um rebanho de mais de 1,3 milh?o de cabe?as de gado de corte. Em 2014, foram abatidas quase 400 mil cabe?as, mas a situa??o atual de estiagem tem comprometido essa produ??o.
?O que o mercado exige ? um boi com maior precocidade, um boi mais jovem, com acabamento de gordura melhor tamb?m. Na nossa regi?o, n?s temos poucos produtores que conseguem fazer esse acabamento, em virtude do suplemento. N?s temos alguns confinamentos no estado que j? atendem, mas s?o poucos perante a demanda?, ponderou Lievore.
Fonte: G1 Esp?rito Santo