Fam?lia produtora de caf? do Capara? consegue ?timos pre?os e produto de qualidade
1 de setembro de 2020
A agricultura familiar ?, muitas vezes, associada ? pouca tecnologia e ? baixa produtividade, mas uma fam?lia de pequenos produtores de caf?s especiais prova que n?o ? bem assim. Mais de 20 pessoas da fam?lia Lacerda vivem de uma pequena lavoura em Minas Gerais. Eles investiram em tecnologia e conhecimento e o resultado ? um caf? de alta qualidade, com ?timo pre?o de mercado.
A lavoura da fam?lia Lacerda fica na divisa de Minas Gerais com o Esp?rito Santo, entre os munic?pios de Espera Feliz e Dores do Rio Preto. A regi?o ? conhecida pelo Parque Nacional do Capara?, que abriga o Pico da Bandeira, com quase tr?s mil metros de altura. ? nesse cen?rio, bem ao lado do parque, que fica o s?tio Forquilha do Rio, com 48 hectares, dos quais 21 plantados com caf? ar?bica.
?A fam?lia aqui tem meus pais, Onofre e Concei??o, tem as duas irm?s, Aparecida a Geralda, e n?s tr?s, os irm?os Afonso, Ademir e eu. Tem tamb?m meus cunhados, sobrinhos e filhos. S?o 22 pessoas no total que moram no s?tio. Dezoito trabalham diariamente no caf??, conta o agricultor Jos? Alexandre de Lacerda.
Onofre conta que o pai e o av? dele j? produziam caf?, mas enfrentavam dificuldade para sustentar a fam?lia: ?Era dif?cil, porque o dinheiro era muito pouco. Hoje mudou, ? outra realidade, outra vida?.
A virada come?ou em 2010, quando a fam?lia ganhou um primeiro concurso regional de qualidade do caf?. Na ?poca, foi uma surpresa e, desde ent?o, os agricultores centraram foco na qualidade e melhoraram ainda mais a produ??o. O caf? do s?tio foi ganhando fama e a fam?lia foi mudando de vida.
Um primeiro ponto que ? fundamental para a qualidade do caf? da fam?lia ? a natureza do lugar. O s?tio Forquilha est? em uma situa??o privilegiada para os cafezais: uma regi?o de serra, com clima fresco o ano todo, chuvas bem distribu?das e uma altitude que varia de 1.100 a 1.400 metros. Segundo Afonso, irm?o de Alexandre, o clima mais fresco pode at? reduzir o volume de produ??o, mas ? ?timo para a qualidade: ?O caf? tem uma matura??o mais lenta e a? tem mais tempo do gr?o absorver a??car. Isso d? qualidade e sabor no caf??.
Outra vantagem do clima de serra ? que a fam?lia n?o enfrenta pragas, como a broca, e doen?as, como a ferrugem, que s?o comuns pelo pa?s afora. Al?m disso, o solo da regi?o ? muito bom.
Vale lembrar que os irm?os s?o da terceira gera??o de agricultores no s?tio. Gente que tem intimidade com a natureza do lugar e com o comportamento do caf? na regi?o. Essa experi?ncia acumulada ? outro diferencial.
Ao mesmo tempo a fam?lia n?o se contentou com o conhecimento tradicional e, principalmente nos ?ltimos anos, soube se abrir para a inova??o, para t?cnicas modernas de cultivo. Para isso, foi importante a participa??o de entidades como Emater, Incaper e Sebrae.
O agr?nomo do Instituto Federal do Esp?rito Santo, Jo?o Batista Pavesi, ? um dos que ajuda no s?tio: ?Eles faziam, geralmente, a corre??o do solo e aduba??o sem resultado de an?lise. Estavam colocando ou demais ou de menos e sem equil?brio. Ent?o, a an?lise do solo come?ou a ser feita todos os anos, houve uma redu??o na despeja com insumos da ordem de 17% e aumentou a produtividade em 26%?.
Com orienta??o, a fam?lia tamb?m passou a podar regularmente os p?s, para deixar as plantas mais baixas e vigorosas. Al?m disso, de uns anos pra c?, a fam?lia come?ou a fazer cursos ligados a agricultura, caf?, meio ambiente. ?O diploma traz aquela certeza t?cnica da coisa. A gente olhava, com meus pais, e falava que o terreno era bom, mas n?o sabia explicar porque ele era bom. Fazendo cursos, aprendemos a explicar porque ele ? bom?, relata Afonso.
Colheita e secagem
A colheita ? outra atividade decisiva para a qualidade de caf?. O trabalho ocorre de maio a dezembro, ou seja, ? uma colheita longa, que se espalha ao longo do ano.
A fam?lia cultiva o caf? catua? e um outro, de cor amarela, que ? aparentado do bourbon, e ? chamado de capara?. Os irm?os procuram retirar apenas os frutos maduros da planta. ? a colheita seletiva, diferente da convencional, na qual o trabalhador puxa todos os gr?os ao mesmo tempo. ?Pra comer uma fruta, normalmente, a gente escolhe uma madura. Com o caf? n?o poderia ser diferente. Aqui na nossa peneira temos os gr?os maduros, em torno de 90% a 95%. S?o caf?s de excel?ncia, caf?s superiores?, explica Ademir.
Segundo Ademir, outro ponto importante para garantir qualidade ? que todo o trabalho ? feito pela pr?pria fam?lia: ?Se voc? ? dono, voc? toma a frente disso, voc? trabalha com mais cuidado, mais dedica??o. O caf? precisa de muito cuidado, ent?o, a gente como dono vai ter essa preocupa??o e carinho?.
O s?tio produz, em m?dia, 550 sacas de caf? por ano. Saindo da lavoura, come?a outra etapa essencial para a qualidade: o trabalho de p?s colheita, que deve ser feito com todo capricho. Nessa fase, a maior parte do caf? j? ? de gr?os maduros, de qualidade superior. Mesmo assim, para completar a sele??o, a fam?lia usa um equipamento que separa o caf? por peso. Assim, ? poss?vel retirar o que ainda sobrou de gr?os pretos, que passaram do ponto, e verdes, que ser?o vendidos separadamente, como caf? comum. Os caf?s maduros j? saem descascados do equipamento.
A pr?xima etapa ? a secagem e os caf?s especiais s?o secados em estufas fechadas. Ficam protegidos da chuva, isolados de animais e devem ser revirados v?rias vezes ao dia. Quem cuida do servi?o ? Amanda, filha do Afonso, e Cl?udia, mulher do Alexandre.
Uma parte do caf? do s?tio ? secada com casca. Nesse caso, o terreiro ? suspenso e a separa??o dos gr?os verdes ou passados ? feita manualmente. Uma atividade que mobiliza av?s, filhos e netos.
Pr?mios
De fato, o caf? do s?tio ficou famoso porque desde 2010 a fam?lia ganhou 16 pr?mios de qualidade. Os concursos s?o promovidos pela Emater de Minas Gerais, pelo Incaper do Esp?rito Santo e por entidades nacionais, como a Associa??o Brasileira da Ind?stria do Caf? (Abic).
A qualidade e a fama trouxeram tamb?m ganho econ?mico. Afinal, os caf?s especiais s?o vendidos com pre?os bem acima do mercado comum. Enquanto uma saca de ar?bica convencional ? negociada hoje na regi?o por cerca de R$ 470, o caf? dos Lacerda alcan?a um pre?o m?dio de R$ 1.500 por saca, o triplo do valor.
Setenta por cento dos caf?s especiais do s?tio s?o exportados principalmente para a Europa, Jap?o e Estados Unidos. Os outros 30% s?o comprados, principalmente, em mercados e lojas de caf?s finos das grandes cidades do Brasil.
Al?m da venda do caf? em gr?o, a fam?lia montou uma cafeteria dentro do s?tio. Altilina, esposa do Afonso, m?i e torra cerca de 5% da produ??o, o que aumenta os lucros da fam?lia e ainda divulga o produto para compradores e turistas que visitam a propriedade.
Com os bons resultados do caf? e qualidade de vida, os jovens da fam?lia n?o t?m vontade de deixar o campo. Amanda, por exemplo, nasceu e cresceu no s?tio. Hoje tem 16 anos e est? no segundo ano do ensino m?dio: ?Eu quero me formar em agronomia, quero continuar o que meu pai e meu av? come?aram, porque ? um orgulho ter o que eles come?aram?.
Aos 15 anos, Helen, filha do Ademir, tamb?m est? no ensino m?dio e pretende ajudar a fam?lia na exporta??o: ?Eu tenho estudado ingl?s e pretendo fazer uma faculdade de letras e pretendo. Se chegar algu?m estrangeiro e quiser saber mais sobre nosso caf?, vai ter algu?m pra conversar com eles. Acho que vai ajudar muito?.
Exemplo a ser seguido
Esse trabalho, focado na qualidade, tamb?m est? servindo de exemplo para v?rios outros s?tios. Atualmente, a produ??o de caf?s especiais j? faz parte do dia-a-dia de cerca de 250 propriedades da regi?o do Parque Nacional do Capara?. Esse n?mero s? tende a aumentar nos pr?ximos anos. ? uma maneira de melhorar a renda e qualidade de vida de milhares de fam?lias pequenos produtores de caf?.
A fam?lia Lacerda j? conseguiu vender o caf? do s?tio por quase R$ 5 mil a saca e em leil?es especializados, os caf?s especiais podem alcan?ar valores ainda mais altos.
Fonte: SafraES
A lavoura da fam?lia Lacerda fica na divisa de Minas Gerais com o Esp?rito Santo, entre os munic?pios de Espera Feliz e Dores do Rio Preto. A regi?o ? conhecida pelo Parque Nacional do Capara?, que abriga o Pico da Bandeira, com quase tr?s mil metros de altura. ? nesse cen?rio, bem ao lado do parque, que fica o s?tio Forquilha do Rio, com 48 hectares, dos quais 21 plantados com caf? ar?bica.
?A fam?lia aqui tem meus pais, Onofre e Concei??o, tem as duas irm?s, Aparecida a Geralda, e n?s tr?s, os irm?os Afonso, Ademir e eu. Tem tamb?m meus cunhados, sobrinhos e filhos. S?o 22 pessoas no total que moram no s?tio. Dezoito trabalham diariamente no caf??, conta o agricultor Jos? Alexandre de Lacerda.
Onofre conta que o pai e o av? dele j? produziam caf?, mas enfrentavam dificuldade para sustentar a fam?lia: ?Era dif?cil, porque o dinheiro era muito pouco. Hoje mudou, ? outra realidade, outra vida?.
A virada come?ou em 2010, quando a fam?lia ganhou um primeiro concurso regional de qualidade do caf?. Na ?poca, foi uma surpresa e, desde ent?o, os agricultores centraram foco na qualidade e melhoraram ainda mais a produ??o. O caf? do s?tio foi ganhando fama e a fam?lia foi mudando de vida.
Um primeiro ponto que ? fundamental para a qualidade do caf? da fam?lia ? a natureza do lugar. O s?tio Forquilha est? em uma situa??o privilegiada para os cafezais: uma regi?o de serra, com clima fresco o ano todo, chuvas bem distribu?das e uma altitude que varia de 1.100 a 1.400 metros. Segundo Afonso, irm?o de Alexandre, o clima mais fresco pode at? reduzir o volume de produ??o, mas ? ?timo para a qualidade: ?O caf? tem uma matura??o mais lenta e a? tem mais tempo do gr?o absorver a??car. Isso d? qualidade e sabor no caf??.
Outra vantagem do clima de serra ? que a fam?lia n?o enfrenta pragas, como a broca, e doen?as, como a ferrugem, que s?o comuns pelo pa?s afora. Al?m disso, o solo da regi?o ? muito bom.
Vale lembrar que os irm?os s?o da terceira gera??o de agricultores no s?tio. Gente que tem intimidade com a natureza do lugar e com o comportamento do caf? na regi?o. Essa experi?ncia acumulada ? outro diferencial.
Ao mesmo tempo a fam?lia n?o se contentou com o conhecimento tradicional e, principalmente nos ?ltimos anos, soube se abrir para a inova??o, para t?cnicas modernas de cultivo. Para isso, foi importante a participa??o de entidades como Emater, Incaper e Sebrae.
O agr?nomo do Instituto Federal do Esp?rito Santo, Jo?o Batista Pavesi, ? um dos que ajuda no s?tio: ?Eles faziam, geralmente, a corre??o do solo e aduba??o sem resultado de an?lise. Estavam colocando ou demais ou de menos e sem equil?brio. Ent?o, a an?lise do solo come?ou a ser feita todos os anos, houve uma redu??o na despeja com insumos da ordem de 17% e aumentou a produtividade em 26%?.
Com orienta??o, a fam?lia tamb?m passou a podar regularmente os p?s, para deixar as plantas mais baixas e vigorosas. Al?m disso, de uns anos pra c?, a fam?lia come?ou a fazer cursos ligados a agricultura, caf?, meio ambiente. ?O diploma traz aquela certeza t?cnica da coisa. A gente olhava, com meus pais, e falava que o terreno era bom, mas n?o sabia explicar porque ele era bom. Fazendo cursos, aprendemos a explicar porque ele ? bom?, relata Afonso.
Colheita e secagem
A colheita ? outra atividade decisiva para a qualidade de caf?. O trabalho ocorre de maio a dezembro, ou seja, ? uma colheita longa, que se espalha ao longo do ano.
A fam?lia cultiva o caf? catua? e um outro, de cor amarela, que ? aparentado do bourbon, e ? chamado de capara?. Os irm?os procuram retirar apenas os frutos maduros da planta. ? a colheita seletiva, diferente da convencional, na qual o trabalhador puxa todos os gr?os ao mesmo tempo. ?Pra comer uma fruta, normalmente, a gente escolhe uma madura. Com o caf? n?o poderia ser diferente. Aqui na nossa peneira temos os gr?os maduros, em torno de 90% a 95%. S?o caf?s de excel?ncia, caf?s superiores?, explica Ademir.
Segundo Ademir, outro ponto importante para garantir qualidade ? que todo o trabalho ? feito pela pr?pria fam?lia: ?Se voc? ? dono, voc? toma a frente disso, voc? trabalha com mais cuidado, mais dedica??o. O caf? precisa de muito cuidado, ent?o, a gente como dono vai ter essa preocupa??o e carinho?.
O s?tio produz, em m?dia, 550 sacas de caf? por ano. Saindo da lavoura, come?a outra etapa essencial para a qualidade: o trabalho de p?s colheita, que deve ser feito com todo capricho. Nessa fase, a maior parte do caf? j? ? de gr?os maduros, de qualidade superior. Mesmo assim, para completar a sele??o, a fam?lia usa um equipamento que separa o caf? por peso. Assim, ? poss?vel retirar o que ainda sobrou de gr?os pretos, que passaram do ponto, e verdes, que ser?o vendidos separadamente, como caf? comum. Os caf?s maduros j? saem descascados do equipamento.
A pr?xima etapa ? a secagem e os caf?s especiais s?o secados em estufas fechadas. Ficam protegidos da chuva, isolados de animais e devem ser revirados v?rias vezes ao dia. Quem cuida do servi?o ? Amanda, filha do Afonso, e Cl?udia, mulher do Alexandre.
Uma parte do caf? do s?tio ? secada com casca. Nesse caso, o terreiro ? suspenso e a separa??o dos gr?os verdes ou passados ? feita manualmente. Uma atividade que mobiliza av?s, filhos e netos.
Pr?mios
De fato, o caf? do s?tio ficou famoso porque desde 2010 a fam?lia ganhou 16 pr?mios de qualidade. Os concursos s?o promovidos pela Emater de Minas Gerais, pelo Incaper do Esp?rito Santo e por entidades nacionais, como a Associa??o Brasileira da Ind?stria do Caf? (Abic).
A qualidade e a fama trouxeram tamb?m ganho econ?mico. Afinal, os caf?s especiais s?o vendidos com pre?os bem acima do mercado comum. Enquanto uma saca de ar?bica convencional ? negociada hoje na regi?o por cerca de R$ 470, o caf? dos Lacerda alcan?a um pre?o m?dio de R$ 1.500 por saca, o triplo do valor.
Setenta por cento dos caf?s especiais do s?tio s?o exportados principalmente para a Europa, Jap?o e Estados Unidos. Os outros 30% s?o comprados, principalmente, em mercados e lojas de caf?s finos das grandes cidades do Brasil.
Al?m da venda do caf? em gr?o, a fam?lia montou uma cafeteria dentro do s?tio. Altilina, esposa do Afonso, m?i e torra cerca de 5% da produ??o, o que aumenta os lucros da fam?lia e ainda divulga o produto para compradores e turistas que visitam a propriedade.
Com os bons resultados do caf? e qualidade de vida, os jovens da fam?lia n?o t?m vontade de deixar o campo. Amanda, por exemplo, nasceu e cresceu no s?tio. Hoje tem 16 anos e est? no segundo ano do ensino m?dio: ?Eu quero me formar em agronomia, quero continuar o que meu pai e meu av? come?aram, porque ? um orgulho ter o que eles come?aram?.
Aos 15 anos, Helen, filha do Ademir, tamb?m est? no ensino m?dio e pretende ajudar a fam?lia na exporta??o: ?Eu tenho estudado ingl?s e pretendo fazer uma faculdade de letras e pretendo. Se chegar algu?m estrangeiro e quiser saber mais sobre nosso caf?, vai ter algu?m pra conversar com eles. Acho que vai ajudar muito?.
Exemplo a ser seguido
Esse trabalho, focado na qualidade, tamb?m est? servindo de exemplo para v?rios outros s?tios. Atualmente, a produ??o de caf?s especiais j? faz parte do dia-a-dia de cerca de 250 propriedades da regi?o do Parque Nacional do Capara?. Esse n?mero s? tende a aumentar nos pr?ximos anos. ? uma maneira de melhorar a renda e qualidade de vida de milhares de fam?lias pequenos produtores de caf?.
A fam?lia Lacerda j? conseguiu vender o caf? do s?tio por quase R$ 5 mil a saca e em leil?es especializados, os caf?s especiais podem alcan?ar valores ainda mais altos.
Fonte: SafraES