Investimento em pesquisa garantiu aumento de qualidade, valor e exporta??o do mam?o capixaba
1 de setembro de 2020
A ades?o da tecnologia ?Systems Approach? na produ??o do mam?o no Brasil nos ?ltimos anos permitiu derrubar uma barreira que impediu por muito tempo a exporta??o do produto para os Estados Unidos. E, com isso, o Esp?rito Santo tornou-se o maior exportador da fruta. O mam?o produzido no estado representa, atualmente, 95% do montante exportado para esse mercado, o que Omega Replica representa grande impacto econ?mico e social para o pa?s.
O ?Systems Approach? ? a integra??o de um conjunto de pr?ticas utilizadas em produ??o, colheita, embalagem e transporte do mam?o, que proporciona, em cada passo, a garantia do fruto livre de praga-alvo, isto ?, a redu??o de risco de infesta??o do mam?o por larvas de moscas-das-frutas. Desta forma, foi atingida a seguran?a quarenten?ria exigida por pa?ses exportadores.
Em consequ?ncia dos resultados no campo, o Estado teve, no ?ltimo ano, um aumento do pre?o do mam?o em 20%. S? em 2016, o Brasil exportou US $43 milh?es e, destes, o Esp?rito Santo exportou US $ 16,8 milh?es. Isso representa 39% de toda a exporta??o brasileira. E para os Estados Unidos, o Esp?rito Santo exportou US $ 3,5 milh?es (85%) dos 4,2 milh?es de d?lares exportado para esse mercado. Esse valor corresponde a 21% da exporta??o de mam?o do Estado.
O sistema foi pioneiro no Brasil, inicialmente aplicado em junho de 1993, em Linhares, no Norte do Estado e finalmente aprovado em mar?o de 1998. Em setembro de1998 ? que foi realizado o primeiro embarque de mam?o brasileiro para os Estados Unidos.
J? s?o mais de vinte anos da pr?tica segura na produ??o dos mamoeiros, com resultados positivos grandiosos para o pa?s. De l? pra c?, o Brasil j? exportou cerca de US $82,2 milh?es da fruta para os Estados Unidos, sendo 95% exportados pelo Esp?rito Santo, designado o maior exportador de mam?o do Brasil.
Os estudos que serviram de base para o desenvolvimento da tecnologia e tamb?m para o caminhar do Programa de Exporta??o do Mam?o Brasileiro para os Estados Unidos, foi fruto da intera??o entre o Instituto Capixaba de Pesquisa, Assist?ncia T?cnica e Extens?o Rural (Incaper), em conjunto com a Universidade Federal de S?o Paulo (USP), a Federa??o de Agricultura do Estado do Esp?rito Santo (FAES), o Servi?o Brasileiro de Apoio ?s Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE-ES), a Ex-Associa??o dos Produtores Rurais do Esp?rito Santo (APRUCENES), empresas de exporta??o de papaia do Estado e o Minist?rio da Agricultura, Pecu?ria e Abastecimento (MAPA).
A volta da exporta??o
Em 1985, apesar do bom padr?o de qualidade da fruta produzida no Brasil, foi comprovado que o dibrometo de etileno, um produto qu?mico utilizado como tratamento quarenten?rio para a desinfesta??o das frutas, poderia causar um efeito teratog?nico nos seres humanos, que seria a m? forma??o dos fetos. Por este motivo, as exporta??es de frutas, hospedeiras de moscas-das-frutas como o mam?o, a partir da? foram suspensas pelo Estados Unidos.
De acordo com o entomologista e pesquisador do Incaper David Martins, a abertura do mercado americano para o mam?o capixaba, por se tratar de um mercado potencial de cerca de 90 mil toneladas ano, atendido por alguns pa?ses da Am?rica Central e, principalmente, pelo M?xico, se apresentava como uma nova op??o de mercado para o mam?o brasileiro, que tem a uni?o europeia como principal destino da fruta. ?Diante do cen?rio instalado, as empresas tiveram que melhorar a qualidade dos seus campos de produ??o e das pr?prias casas de embalagens para atender a esse mercado?, explicou.
Segundo o pesquisador, o ?Systems Approach? representa uma grande evolu??o e alternativa aos tratamentos quarenten?rios que normalmente se baseiam no emprego de subst?ncias qu?micas t?xicas e processos f?sicos, como frio, calor e radia??o. O sistema tem ampla base ecol?gica, levando em considera??o informa??es biol?gicas, ecol?gicas e fisiol?gicas da fruta, na aplica??o de boas pr?ticas de pr? e p?s-colheita no processamento da fruta.
A sua primeira aplica??o foi para o Papaya no Hawa?, em 1991. A partir da?, o m?todo foi desenvolvido para diversas outras frutas, permitindo a exporta??o para os Estados Unidos do abacate do Hawa? e mam?o da Costa Rica. Tamb?m foi utilizado para ma?as e cerejas de Washington e pomelo (grapefruit) da regi?o central da Fl?rida para o Jap?o. Outros casos de sucesso s?o das nozes da Calif?rnia para a Nova Zel?ndia, abacate ?Hass?, do M?xico para os Estados do nordeste americano.
Segundo David Martins, a aplica??o do sistema abre grande perspectivas para a exporta??o de frutas produzidas em ?reas de baixa preval?ncia de moscas-das-frutas. ?Sua utiliza??o no Brasil dever? se constituir no principal instrumento para quebrar as barreiras quarenten?rias impostas pelos pa?ses importadores?.
Atualmente no Brasil apenas o Esp?rito Santo, a Bahia e o Rio Grande do Norte exportam a fruta para os Estados Unidos, ap?s a garantia de risco ?zero? de infesta??o com a aplica??o do sistema.
David dos Santos Martins ficou classificado em 2? lugar pelo projeto em quest?o: ?Systems approach: tecnologia capixaba que viabilizou a exporta??o do mam?o brasileiro para os Estados Unidos?, na categoria "Pesquisa", durante o Pr?mio Destaque Incaper 2016.
Estudos de monitoramento
A primeira fase dos estudos teve inicialmente dura??o de 18 meses nos anos 90, envolvendo seis ?reas de produ??o comercial de mam?o do Estado, representativas da regi?o produtora de mam?o do Esp?rito Santo, em Linhares, no Norte do Estado.
As seis ?reas produtoras de mam?o utilizadas experimentalmente foram monitoradas com duas armadilhas modelos, a McPhail (20 por ?rea) e Jackson (10 por ?rea) para monitorar a mosca-sul-americana (Anastrepha fraterculus) e a mosca-do-mediterr?neo (Ceratitis capitata)?. Ambas eram verificadas semanalmente e as moscas capturadas, contadas e identificadas. Durante as 75 semanas do projeto, as mais de 100 armadilhas capturaram um n?mero significativamente pequeno, mostrando que ?rea cultivada com mam?o no Estado ? de baixa preval?ncia dessas pragas.
Simultaneamente, a matura??o dos frutos foi dividida em cinco diferentes est?gios, variando desde o ponto de colheita ? anterior ao aparecimento da primeira lista amarela na casca do fruto ? at? o est?gio em que os frutos apresentam ? da sua casca amarela, j? impr?prios para uso comercial. Semanalmente, em cada uma das seis ?reas, 50 frutos de cada um dos cinco est?gios eram colhidos para corte e an?lise em laborat?rio, examinando-se um total de mais de 113 mil frutos no per?odo, n?o encontrando nenhum fruto infestado.
As infesta??es no campo foram testadas em gaiolas teladas, contendo duas plantas com frutos em todos os est?gios de matura??o, expostas separadamente por 48 horas a 50 casais da mosca-sul-americana e da mosca-do-mediterr?neo sexualmente maduros. Os resultados s? mostraram infesta??es nos frutos com mais de 75% de sua casca amarela.
Ap?s os resultados serem submetidos e reconhecidos e aprovados pelo Estados Unidos, por meio do Animal and Plant Health Inspection Service (APHIS) do United States Departamento of Agriculture (USDA), em julho de 1995, houve o treinamento de inspetores brasileiros do Minist?rio da Agricultura, Pecu?ria e Abastecimento (MAPA).
Em seguida, ap?s a Assinatura do Plano de Trabalho de operacionaliza??o do Programa de Exporta??o do Mam?o para os Estados Unidos, pelos dois pa?ses, representados pelas autoridades do Departamento Norte-Americano de Agricultura e do MAPA, as exporta??es foram reiniciadas em setembro de 1998.
Metodologia
O monitoramento ainda ? realizado constantemente com as armadilhas McPhail para a mosca-sul-americana e Jackson para mosca-do-mediterr?neo, colocadas no campo na densidade de uma por hectare, sendo 50% de cada modelo na ?rea, que ficam expostas durante sete dias da semana para serem avaliadas.
Na armadilha Jackson usa-se o ferorm?nio Trimedlure (em sach?) que atrai os machos da mosca-do-mediterr?neo, que logo s?o fixados por um piso de cola na parte inferior da estrutura. J? a McPhail utiliza-se a o atrativo alimentar prote?na hidrolisada 5%. Os t?cnicos do Instituto de Defesa Agropecu?ria e Florestal do Esp?rito Santo (Idaf) s?o os respons?veis pela fiscaliza??o
Caso o n?mero de mosca/armadilha/dia (MAD) atinja 1, se faz o controle, se atingir MAD > 2, suspende-se a colheita, faz o controle, e a colheita s? ? realizada novamente assim que o MAD ficar abaixo de 1.
?Mas para esse sistema usado no Estado, esses ?ndices n?o foram alcan?ados em lavouras do programa j? em exporta??o. Somente alguns casos raros foram observados em ?reas monitoradas antes de serem liberadas para exportar seus frutos. Nesses vinte anos, eu n?o me recordo de uma lavoura em que teve que se fazer o controle qu?mico dessa praga?, explicou David.
Etapas do Systems Approach:
Monitorar e controlar a praga toda vez que a densidade populacional das esp?cies-alvo atingir 1 mosca/armadilha/dia; suspender a colheita e fazer o controle e s? retornar a colheita quando a densidade da praga por armadilha/dia for menor que 1;
Colher os frutos antes que ? da superf?cie da casca esteja amarelecida; manter as plantas dos pomares livres de frutos com matura??o acima do est?gio de ? da superf?cie da casca esteja amarelecida; Retirar lavoura e destruir frutos refugados e ca?dos.
Manter o campo de produ??o em boas condi??es de sanidade e livres de plantas com viroses ? dever?o ser erradicadas no in?cio do aparecimento dos sintomas;
Transportar imediatamente os frutos colhidos para uma casa de embalagem (packing house) totalmente protegida contra a entrada de insetos-pragas.
Casa de empacotamento ou packing house
Assim que o mam?o chega do campo, ? retirada uma amostra do lote que foi colhido para verificar a presen?a de larvas e, uma vez que n?o tem a presen?a delas, o mam?o entra para o processo de lavagem e escova??o em ?gua clorada para eliminar as poss?veis contamina??es microbiol?gicas.
Em seguida, os frutos com poss?veis danos ou infestados s?o eliminados por trabalhadores treinados e os frutos v?o para o tratamento hidrot?rmico. Por l?, os frutos s?o tratados com ?gua quente a 48?+/-1?C por 20 minutos. Depois, os frutos passam pelo processo de resfriamento para que voltem a sua temperatura inicial, o mais r?pido poss?vel para que n?o percam a sua qualidade.
Ap?s o resfriamento os frutos s?o classificados por tamanho, embalados em caixas de papel?o, que s?o dispostas em pallets telados e lacrados, que s? ser?o abertos nos Estados Unidos. Durante o processo, qualquer fruto defeituoso por m? forma??o, dano mec?nico, com poss?vel infesta??o de mosca e ou de outros insetos, ? imediatamente descartado.
Todo o processamento da fruta que ? destinada para o mercado americano ? inspecionado ?in loco? por t?cnicos do MAPA.
Avalia??o do Sistema
A avalia??o dessa tecnologia feita pelo Incaper demostrou, no que se refere ao impacto econ?mico em termo de agrega??o de valor, que a possibilidade de comercializa??o com o mercado dos Estados Unidos trouxe aumento de renda significativo aos produtores e um ganho econ?mico acumulado para o Estado de R$ 34,03 milh?es. Al?m disso, permitiu melhoria na qualidade dos frutos de forma geral, mesmo os que n?o s?o destinados ? exporta??o, bem como um aumento no pre?o dos frutos exportados para outros pa?ses, estimado pelo setor produtivo, de 20% acima do pre?o praticado anteriormente as exporta??es para o mercado americano.
O Systems Approach praticado na regi?o de produ??o de mam?o no Esp?rito Santo tem-se mostrado t?o eficiente que desde o seu in?cio de funcionamento, em setembro de 1998, em nenhum dos campos que fazem parte do Programa de Exporta??o as pragas-alvo chegaram a atingir n?veis que justificassem o seu controle com agrot?xicos, como prev? o Programa. Nesse quase 20 anos de programa, n?o ocorreu nenhum caso de recha?o de lotes de frutos por infesta??o da praga, tanto nas packing-houses, onde as frutas s?o processadas e embaladas, como tamb?m no mercado americano.
O sucesso da tecnologia Systems Approach aplicada na regi?o produtora de mam?o do Esp?rito Santo serviu de base para a autoriza??o e aplica??o desse sistema nas ?reas de mam?o da Bahia e do Rio Grande do Norte, a partir do final de 2005. Os primeiros embarques de mam?o da Bahia para os Estados Unidos ocorreram em maio de 2006, e do Rio Grande do Norte, em julho de 2006, sete anos ap?s o Esp?rito Santo ter iniciado as exporta??es para esse mercado. Atualmente no Brasil apenas os mam?es produzidos e processados nos Estados da Bahia, do Esp?rito Santo e do Rio Grande do Norte t?m autoriza??o do governo americano para exportar essa fruta para o seu mercado.
Novas parcerias
Para o aprimoramento e sustentabilidade do Systems Approach na cultura do mam?o, estudos de pesquisa v?m sendo desenvolvidos para a gera??o de novos conhecimentos, atualiza??o e divulga??o do sistema. Para isso, novas parcerias j? foram estabelecidas, como a Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), o Conselho Nacional de Desenvolvimento Cient?fico e Tecnol?gico (CNPq), a Funda??o de Amparo ? Pesquisa e Inova??o do Esp?rito Santo (Fapes), a Associa??o Brasileira dos Produtores e Exportadores de Papaya (Brapex) e outras institui??es.
?? certo que o sistema sofre ajustes e corre??es at? os dias de hoje, por se tratar de uma tecnologia que envolve um conjunto de pr?ticas e conhecimentos. Ele pode ser retroalimentado com novas informa??es geradas por meio de a??es de pesquisas para aumentar a sua seguran?a e aprimoramento, - desde que submetido pelo MAPA e aprovado pelos Estados Unidos, garantiu David.
Assessoria de Comunica??o do Incaper
Juliana Esteves - juliana.esteves@incaper.es.gov.br
Luciana Silvestre ? luciana.silvestre@incaper.es.gov.br
Tatiana Caus ? tatiana.souza@incaper.es.gov.br
Vanessa Capucho - vanessa.covosque@incaper.es.gov.br
Texto: Tatiana Caus
Tel.: (27) 3636-9865 / (27) 3636-9868
Twitter: @incaper Facebook: Incaper
Fonte: Incaper
O ?Systems Approach? ? a integra??o de um conjunto de pr?ticas utilizadas em produ??o, colheita, embalagem e transporte do mam?o, que proporciona, em cada passo, a garantia do fruto livre de praga-alvo, isto ?, a redu??o de risco de infesta??o do mam?o por larvas de moscas-das-frutas. Desta forma, foi atingida a seguran?a quarenten?ria exigida por pa?ses exportadores.
Em consequ?ncia dos resultados no campo, o Estado teve, no ?ltimo ano, um aumento do pre?o do mam?o em 20%. S? em 2016, o Brasil exportou US $43 milh?es e, destes, o Esp?rito Santo exportou US $ 16,8 milh?es. Isso representa 39% de toda a exporta??o brasileira. E para os Estados Unidos, o Esp?rito Santo exportou US $ 3,5 milh?es (85%) dos 4,2 milh?es de d?lares exportado para esse mercado. Esse valor corresponde a 21% da exporta??o de mam?o do Estado.
O sistema foi pioneiro no Brasil, inicialmente aplicado em junho de 1993, em Linhares, no Norte do Estado e finalmente aprovado em mar?o de 1998. Em setembro de1998 ? que foi realizado o primeiro embarque de mam?o brasileiro para os Estados Unidos.
J? s?o mais de vinte anos da pr?tica segura na produ??o dos mamoeiros, com resultados positivos grandiosos para o pa?s. De l? pra c?, o Brasil j? exportou cerca de US $82,2 milh?es da fruta para os Estados Unidos, sendo 95% exportados pelo Esp?rito Santo, designado o maior exportador de mam?o do Brasil.
Os estudos que serviram de base para o desenvolvimento da tecnologia e tamb?m para o caminhar do Programa de Exporta??o do Mam?o Brasileiro para os Estados Unidos, foi fruto da intera??o entre o Instituto Capixaba de Pesquisa, Assist?ncia T?cnica e Extens?o Rural (Incaper), em conjunto com a Universidade Federal de S?o Paulo (USP), a Federa??o de Agricultura do Estado do Esp?rito Santo (FAES), o Servi?o Brasileiro de Apoio ?s Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE-ES), a Ex-Associa??o dos Produtores Rurais do Esp?rito Santo (APRUCENES), empresas de exporta??o de papaia do Estado e o Minist?rio da Agricultura, Pecu?ria e Abastecimento (MAPA).
A volta da exporta??o
Em 1985, apesar do bom padr?o de qualidade da fruta produzida no Brasil, foi comprovado que o dibrometo de etileno, um produto qu?mico utilizado como tratamento quarenten?rio para a desinfesta??o das frutas, poderia causar um efeito teratog?nico nos seres humanos, que seria a m? forma??o dos fetos. Por este motivo, as exporta??es de frutas, hospedeiras de moscas-das-frutas como o mam?o, a partir da? foram suspensas pelo Estados Unidos.
De acordo com o entomologista e pesquisador do Incaper David Martins, a abertura do mercado americano para o mam?o capixaba, por se tratar de um mercado potencial de cerca de 90 mil toneladas ano, atendido por alguns pa?ses da Am?rica Central e, principalmente, pelo M?xico, se apresentava como uma nova op??o de mercado para o mam?o brasileiro, que tem a uni?o europeia como principal destino da fruta. ?Diante do cen?rio instalado, as empresas tiveram que melhorar a qualidade dos seus campos de produ??o e das pr?prias casas de embalagens para atender a esse mercado?, explicou.
Segundo o pesquisador, o ?Systems Approach? representa uma grande evolu??o e alternativa aos tratamentos quarenten?rios que normalmente se baseiam no emprego de subst?ncias qu?micas t?xicas e processos f?sicos, como frio, calor e radia??o. O sistema tem ampla base ecol?gica, levando em considera??o informa??es biol?gicas, ecol?gicas e fisiol?gicas da fruta, na aplica??o de boas pr?ticas de pr? e p?s-colheita no processamento da fruta.
A sua primeira aplica??o foi para o Papaya no Hawa?, em 1991. A partir da?, o m?todo foi desenvolvido para diversas outras frutas, permitindo a exporta??o para os Estados Unidos do abacate do Hawa? e mam?o da Costa Rica. Tamb?m foi utilizado para ma?as e cerejas de Washington e pomelo (grapefruit) da regi?o central da Fl?rida para o Jap?o. Outros casos de sucesso s?o das nozes da Calif?rnia para a Nova Zel?ndia, abacate ?Hass?, do M?xico para os Estados do nordeste americano.
Segundo David Martins, a aplica??o do sistema abre grande perspectivas para a exporta??o de frutas produzidas em ?reas de baixa preval?ncia de moscas-das-frutas. ?Sua utiliza??o no Brasil dever? se constituir no principal instrumento para quebrar as barreiras quarenten?rias impostas pelos pa?ses importadores?.
Atualmente no Brasil apenas o Esp?rito Santo, a Bahia e o Rio Grande do Norte exportam a fruta para os Estados Unidos, ap?s a garantia de risco ?zero? de infesta??o com a aplica??o do sistema.
David dos Santos Martins ficou classificado em 2? lugar pelo projeto em quest?o: ?Systems approach: tecnologia capixaba que viabilizou a exporta??o do mam?o brasileiro para os Estados Unidos?, na categoria "Pesquisa", durante o Pr?mio Destaque Incaper 2016.
Estudos de monitoramento
A primeira fase dos estudos teve inicialmente dura??o de 18 meses nos anos 90, envolvendo seis ?reas de produ??o comercial de mam?o do Estado, representativas da regi?o produtora de mam?o do Esp?rito Santo, em Linhares, no Norte do Estado.
As seis ?reas produtoras de mam?o utilizadas experimentalmente foram monitoradas com duas armadilhas modelos, a McPhail (20 por ?rea) e Jackson (10 por ?rea) para monitorar a mosca-sul-americana (Anastrepha fraterculus) e a mosca-do-mediterr?neo (Ceratitis capitata)?. Ambas eram verificadas semanalmente e as moscas capturadas, contadas e identificadas. Durante as 75 semanas do projeto, as mais de 100 armadilhas capturaram um n?mero significativamente pequeno, mostrando que ?rea cultivada com mam?o no Estado ? de baixa preval?ncia dessas pragas.
Simultaneamente, a matura??o dos frutos foi dividida em cinco diferentes est?gios, variando desde o ponto de colheita ? anterior ao aparecimento da primeira lista amarela na casca do fruto ? at? o est?gio em que os frutos apresentam ? da sua casca amarela, j? impr?prios para uso comercial. Semanalmente, em cada uma das seis ?reas, 50 frutos de cada um dos cinco est?gios eram colhidos para corte e an?lise em laborat?rio, examinando-se um total de mais de 113 mil frutos no per?odo, n?o encontrando nenhum fruto infestado.
As infesta??es no campo foram testadas em gaiolas teladas, contendo duas plantas com frutos em todos os est?gios de matura??o, expostas separadamente por 48 horas a 50 casais da mosca-sul-americana e da mosca-do-mediterr?neo sexualmente maduros. Os resultados s? mostraram infesta??es nos frutos com mais de 75% de sua casca amarela.
Ap?s os resultados serem submetidos e reconhecidos e aprovados pelo Estados Unidos, por meio do Animal and Plant Health Inspection Service (APHIS) do United States Departamento of Agriculture (USDA), em julho de 1995, houve o treinamento de inspetores brasileiros do Minist?rio da Agricultura, Pecu?ria e Abastecimento (MAPA).
Em seguida, ap?s a Assinatura do Plano de Trabalho de operacionaliza??o do Programa de Exporta??o do Mam?o para os Estados Unidos, pelos dois pa?ses, representados pelas autoridades do Departamento Norte-Americano de Agricultura e do MAPA, as exporta??es foram reiniciadas em setembro de 1998.
Metodologia
O monitoramento ainda ? realizado constantemente com as armadilhas McPhail para a mosca-sul-americana e Jackson para mosca-do-mediterr?neo, colocadas no campo na densidade de uma por hectare, sendo 50% de cada modelo na ?rea, que ficam expostas durante sete dias da semana para serem avaliadas.
Na armadilha Jackson usa-se o ferorm?nio Trimedlure (em sach?) que atrai os machos da mosca-do-mediterr?neo, que logo s?o fixados por um piso de cola na parte inferior da estrutura. J? a McPhail utiliza-se a o atrativo alimentar prote?na hidrolisada 5%. Os t?cnicos do Instituto de Defesa Agropecu?ria e Florestal do Esp?rito Santo (Idaf) s?o os respons?veis pela fiscaliza??o
Caso o n?mero de mosca/armadilha/dia (MAD) atinja 1, se faz o controle, se atingir MAD > 2, suspende-se a colheita, faz o controle, e a colheita s? ? realizada novamente assim que o MAD ficar abaixo de 1.
?Mas para esse sistema usado no Estado, esses ?ndices n?o foram alcan?ados em lavouras do programa j? em exporta??o. Somente alguns casos raros foram observados em ?reas monitoradas antes de serem liberadas para exportar seus frutos. Nesses vinte anos, eu n?o me recordo de uma lavoura em que teve que se fazer o controle qu?mico dessa praga?, explicou David.
Etapas do Systems Approach:
Monitorar e controlar a praga toda vez que a densidade populacional das esp?cies-alvo atingir 1 mosca/armadilha/dia; suspender a colheita e fazer o controle e s? retornar a colheita quando a densidade da praga por armadilha/dia for menor que 1;
Colher os frutos antes que ? da superf?cie da casca esteja amarelecida; manter as plantas dos pomares livres de frutos com matura??o acima do est?gio de ? da superf?cie da casca esteja amarelecida; Retirar lavoura e destruir frutos refugados e ca?dos.
Manter o campo de produ??o em boas condi??es de sanidade e livres de plantas com viroses ? dever?o ser erradicadas no in?cio do aparecimento dos sintomas;
Transportar imediatamente os frutos colhidos para uma casa de embalagem (packing house) totalmente protegida contra a entrada de insetos-pragas.
Casa de empacotamento ou packing house
Assim que o mam?o chega do campo, ? retirada uma amostra do lote que foi colhido para verificar a presen?a de larvas e, uma vez que n?o tem a presen?a delas, o mam?o entra para o processo de lavagem e escova??o em ?gua clorada para eliminar as poss?veis contamina??es microbiol?gicas.
Em seguida, os frutos com poss?veis danos ou infestados s?o eliminados por trabalhadores treinados e os frutos v?o para o tratamento hidrot?rmico. Por l?, os frutos s?o tratados com ?gua quente a 48?+/-1?C por 20 minutos. Depois, os frutos passam pelo processo de resfriamento para que voltem a sua temperatura inicial, o mais r?pido poss?vel para que n?o percam a sua qualidade.
Ap?s o resfriamento os frutos s?o classificados por tamanho, embalados em caixas de papel?o, que s?o dispostas em pallets telados e lacrados, que s? ser?o abertos nos Estados Unidos. Durante o processo, qualquer fruto defeituoso por m? forma??o, dano mec?nico, com poss?vel infesta??o de mosca e ou de outros insetos, ? imediatamente descartado.
Todo o processamento da fruta que ? destinada para o mercado americano ? inspecionado ?in loco? por t?cnicos do MAPA.
Avalia??o do Sistema
A avalia??o dessa tecnologia feita pelo Incaper demostrou, no que se refere ao impacto econ?mico em termo de agrega??o de valor, que a possibilidade de comercializa??o com o mercado dos Estados Unidos trouxe aumento de renda significativo aos produtores e um ganho econ?mico acumulado para o Estado de R$ 34,03 milh?es. Al?m disso, permitiu melhoria na qualidade dos frutos de forma geral, mesmo os que n?o s?o destinados ? exporta??o, bem como um aumento no pre?o dos frutos exportados para outros pa?ses, estimado pelo setor produtivo, de 20% acima do pre?o praticado anteriormente as exporta??es para o mercado americano.
O Systems Approach praticado na regi?o de produ??o de mam?o no Esp?rito Santo tem-se mostrado t?o eficiente que desde o seu in?cio de funcionamento, em setembro de 1998, em nenhum dos campos que fazem parte do Programa de Exporta??o as pragas-alvo chegaram a atingir n?veis que justificassem o seu controle com agrot?xicos, como prev? o Programa. Nesse quase 20 anos de programa, n?o ocorreu nenhum caso de recha?o de lotes de frutos por infesta??o da praga, tanto nas packing-houses, onde as frutas s?o processadas e embaladas, como tamb?m no mercado americano.
O sucesso da tecnologia Systems Approach aplicada na regi?o produtora de mam?o do Esp?rito Santo serviu de base para a autoriza??o e aplica??o desse sistema nas ?reas de mam?o da Bahia e do Rio Grande do Norte, a partir do final de 2005. Os primeiros embarques de mam?o da Bahia para os Estados Unidos ocorreram em maio de 2006, e do Rio Grande do Norte, em julho de 2006, sete anos ap?s o Esp?rito Santo ter iniciado as exporta??es para esse mercado. Atualmente no Brasil apenas os mam?es produzidos e processados nos Estados da Bahia, do Esp?rito Santo e do Rio Grande do Norte t?m autoriza??o do governo americano para exportar essa fruta para o seu mercado.
Novas parcerias
Para o aprimoramento e sustentabilidade do Systems Approach na cultura do mam?o, estudos de pesquisa v?m sendo desenvolvidos para a gera??o de novos conhecimentos, atualiza??o e divulga??o do sistema. Para isso, novas parcerias j? foram estabelecidas, como a Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), o Conselho Nacional de Desenvolvimento Cient?fico e Tecnol?gico (CNPq), a Funda??o de Amparo ? Pesquisa e Inova??o do Esp?rito Santo (Fapes), a Associa??o Brasileira dos Produtores e Exportadores de Papaya (Brapex) e outras institui??es.
?? certo que o sistema sofre ajustes e corre??es at? os dias de hoje, por se tratar de uma tecnologia que envolve um conjunto de pr?ticas e conhecimentos. Ele pode ser retroalimentado com novas informa??es geradas por meio de a??es de pesquisas para aumentar a sua seguran?a e aprimoramento, - desde que submetido pelo MAPA e aprovado pelos Estados Unidos, garantiu David.
Assessoria de Comunica??o do Incaper
Juliana Esteves - juliana.esteves@incaper.es.gov.br
Luciana Silvestre ? luciana.silvestre@incaper.es.gov.br
Tatiana Caus ? tatiana.souza@incaper.es.gov.br
Vanessa Capucho - vanessa.covosque@incaper.es.gov.br
Texto: Tatiana Caus
Tel.: (27) 3636-9865 / (27) 3636-9868
Twitter: @incaper Facebook: Incaper
Fonte: Incaper