Mudan?as clim?ticas fazem agricultor investir em adapta??o de caprinos e ovinos
1 de setembro de 2020
No munic?pio de Irau?uba, um dos mais atingidos pela desertifica??o no Cear?, o produtor Francisco de Assis Sousa mant?m um plantel de 30 ovinos, que ele assegura ser boa aposta para o contexto local, principalmente ap?s tr?s anos de chuvas irregulares na Zona Norte do estado ? realidade tamb?m em diversas outras regi?es do Semi?rido brasileiro neste per?odo. "Aqui ? melhor que bovino. O ovino produz comendo e bebendo menos. Um bovino usa mais ra??o que mais de cinco ovinos juntos. Onde se cria dez vacas, d? para criar 50 ovelhas", afirma o produtor que trabalha na Fazenda Aroeira. Caracter?sticas como essas tornam esses animais interessantes em regi?es que sofrem com clima ?rido. Pesquisas buscam adaptar a cria??o aos desafios das mudan?as clim?ticas.
Segundo o m?dico veterin?rio Olivardo Fac?, pesquisador da ?rea de Melhoramento Gen?tico Animal da Embrapa Caprinos e Ovinos (CE), a melhor adapta??o de caprinos e ovinos a regi?es ?ridas ou semi?ridas ? um fen?meno global: "em geral, essas esp?cies, por terem menor porte, apresentam tamb?m menor exig?ncia para se manter em ambientes extremos". Fac? alerta, por?m, que as compara??es com outras esp?cies n?o podem ser generalizadas, pois dentro mesmo de cada uma delas h? especificidades. "H? bovinos muito bem adaptados ao Semi?rido, como os chamados curraleiros p?-duros. Um animal como esse vai ter uma melhor adapta??o do que um caprino ou ovino de origem europeia, por exemplo. Entre os pequenos ruminantes mesmo, h? diferen?as marcantes", ressalta ele.
Para Fac?, os fatores importantes que devem ser observados s?o as repercuss?es que as mudan?as clim?ticas trar?o para a produ??o pecu?ria. "J? se percebe um quadro de eleva??o da temperatura global e de instabilidades clim?ticas. Uma consequ?ncia disso s?o as secas se agravando e surgindo em regi?es onde n?o havia esse cen?rio. Em uma situa??o como essa, a busca por esp?cies de animais capazes de se manter vi?veis, resilientes a oscila??es de temperatura ser? muito importante", explica.
Sendo o Semi?rido brasileiro uma das regi?es mais afetadas pelas mudan?as clim?ticas, a sustentabilidade da produ??o de caprinos e ovinos, mesmo com a boa adapta??o, depender? da ado??o de m?todos que reduzam os impactos do aquecimento global, com aproveitamento da biodiversidade e dos recursos h?dricos, inclusive por conta da perspectiva de d?ficit h?drico progressivo na regi?o. Esse quadro gera novas demandas para pesquisa, como o melhoramento gen?tico de ra?as adaptadas, recupera??o de solos degradados, melhoramento de esp?cies vegetais para alimenta??o e efici?ncia alimentar, ?reas em que a Embrapa tem investido em pesquisas voltadas para minimizar ou se antecipar a consequ?ncias das mudan?as clim?ticas.
Novas demandas para a pesquisa
O pesquisador Olivardo Fac? avalia que a busca por animais adaptados ao Semi?rido, por exemplo, pode crescer em novas regi?es onde quadros de desertifica??o e seca surjam no futuro, tanto em termos de uso dessas ra?as, como em cruzamentos que possibilitem crias mais resistentes. Da?, a relev?ncia das pesquisas em melhoramento gen?tico com foco nas ra?as de caprinos e ovinos localmente adaptadas, que mobilizam atualmente cinco centros de pesquisa da Embrapa com n?cleos de conserva??o no ?mbito da Plataforma de Recursos Gen?ticos.
"Os programas de melhoramento gen?tico especializado podem precisar de varia??es gen?ticas presentes nas ra?as adaptadas, com objetivos de ter rebanhos com mais resist?ncia contra estresse t?rmico, doen?as, oscila??es de chuvas e ofertas de alimentos", destaca Fac?, citando as possibilidades de cruzamento entre ra?as de animais adaptadas e outras consideradas "ex?ticas", mas com boa produ??o de leite ou carne, para gera??o de crias com tend?ncia a serem produtivas e adaptadas ao ambiente. O pesquisador alerta, por?m, que esses acasalamentos devem ser orientados por pessoal especializado, pois cruzamentos de forma indiscriminada podem resultar, em uma terceira ou quarta gera??o de animais mais fr?gil, sem boas condi??es de adapta??o. "Essas demandas j? s?o realidade e, para uso futuro, h? muito o que a Embrapa estudar".
Consolidar caprinos e ovinos como op??o produtiva em um contexto de mudan?as clim?ticas requer, por?m, preocupa??es com a viabilidade dos sistemas de produ??o, como a oferta de alimentos para os animais. Em virtude disso, a Embrapa tem intensificado a pesquisa e o desenvolvimento de tecnologias que integrem as ?reas de nutri??o animal, forragicultura, melhoramento vegetal e solos. H? pesquisas em andamento com foco na efici?ncia alimentar, redu??o da emiss?o de gases e fertilidade do solo para plantio de forrageiras.
Esta ?ltima tem sido testada com experimentos em parceria com o produtor Francisco Sousa, da Fazenda Aroeira, que tem ajudado na implanta??o de parcelas de terra onde materiais como bagana, esterco e leguminosas da caatinga trituradas s?o usados na tentativa de melhorar a fertilidade do solo em regi?o marcada pela desertifica??o. O objetivo ? recuperar ?reas degradadas para, em 2015, plantar variedades de milho e milheto que possam servir para a alimenta??o do rebanho de ovinos da propriedade.
Segundo o pesquisador Henrique Souza, da ?rea de Meio Ambiente e Pastagens da Embrapa Caprinos e Ovinos, em ?reas como essa, h? a preocupa??o com o chamado superpastejo, uma quantidade de animais acima do suporte de alimento que a ?rea ? capaz de fornecer, fator que intensifica a degrada??o e pode tornar determinadas ?reas invi?veis para produ??o. "Observamos algumas ?reas como esta e perguntamos logo: o que esses animais v?o comer? Por isso, ? fundamental tentar a reposi??o de nutrientes para enriquecimento do solo", afirma.
Fernando Guedes, tamb?m pesquisador da Embrapa Caprinos e Ovinos, complementa que em regi?es de poucas chuvas, o poder de recupera??o da vegeta??o tende a se tornar mais lento. "Aqui em Irau?uba, h? uma m?dia hist?rica de 300 a 400 mm de precipita??es no per?odo chuvoso. Em Sobral, mesmo sendo tamb?m sert?o, a m?dia varia entre 700 a 800 mm de chuva no inverno. Em regi?es com m?dias baixas, ? poss?vel que, com a mesma lota??o de animais, as ?reas se degradem mais ainda que em outras com m?dias de chuva maiores", ressalta Guedes.
As sementes que ser?o levadas para plantio na Fazenda Aroeira, est?o sendo testadas na Casa de Vegeta??o da Embrapa Caprinos e Ovinos, em Sobral (CE), simulando condi??es de temperatura pr?ximas ? realidade local, em amostras de solo e l?minas d??gua que foram coletadas no pr?prio terreno da propriedade rural. As variedades integram uma estrat?gia da Embrapa em testar plantas forrageiras que possam ser produtivas nas condi??es ambientais de regi?es semi?ridas.
Efici?ncia alimentar
Aliados ? pesquisa com plantas forrageiras, est?o experimentos que, em uma perspectiva futura, servir?o para avaliar a efici?ncia alimentar dos caprinos e ovinos, ou seja, conhecer que animais podem, comendo menos, obter o mesmo ganho de peso de outros ou comer a mesma quantidade que outros e, ainda assim, ganhar peso. Para isso, a Embrapa investiu em equipamento de Grow Safe para caprinos e ovinos, que permitir? a an?lise individualizada do comportamento de animais se alimentando, de modo a fornecer informa??es para os testes de desempenho de programas de melhoramento gen?tico.
No Grow Safe, cada animal ? identificado com um brinco eletr?nico e sensor que revela quando e quanto ele se alimenta, ao identificar a diferen?a de peso de ra??o no comedouro antes e depois. Os testes ser?o feitos com dietas padronizadas, para que se determinem os animais de melhor desempenho alimentar. "A ideia ? chegarmos a uma equa??o que possa predizer o ganho de peso e o consumo, a partir deste acompanhamento individual. Mas a perspectiva futura ? identificar, nestes animais de melhor desempenho, marcadores moleculares que reconhe?am genes para a melhor efici?ncia e, quem sabe, chegar a identificar os mais eficientes a partir de coletas de sangue", explica o pesquisador Diego Galvani, da ?rea de Nutri??o Animal da Embrapa Caprinos e Ovinos.
A identifica??o de animais, nos rebanhos, que aproveitem melhor os nutrientes pode contribuir para sistemas de produ??o mais sustent?veis, inclusive ecologicamente: a melhor nutri??o pode reduzir a emiss?o de gases de efeito estufa e de res?duos, que saem na urina e fezes e podem at? contaminar o len?ol fre?tico. A Embrapa tamb?m trabalha para o balanceamento de dietas com compostos que reduzam a emiss?o de metano e maximizem a efici?ncia alimentar.
"Antes, para reduzir os custos de produ??o relacionados ? alimenta??o, voc? buscava substituir os ingredientes por outros mais baratos. Isso at? reduz custo, mas nem sempre contribui para a efici?ncia do sistema, pois o valor nutricional da dieta pode piorar", ressalta Galvani. A inten??o ? encontrar, na biodiversidade da Caatinga, plantas ricas em compostos secund?rios que, uma vez inseridas na dieta, acrescentem nutrientes que possam equilibrar a dieta, reduzindo a fermenta??o de metano e a emiss?o de gases por parte do animal.
Caprinos no Brasil
No Nordeste brasileiro, est?o concentrados alguns dos maiores rebanhos de caprinos e de ovinos no Pa?s. Sozinha, a regi?o concentra 90% da popula??o de caprinos, cerca de 8,4 milh?es de cabe?as, e de 57% de ovinos, aproximadamente 9,8 milh?es de animais, de todo o territ?rio nacional. No caso dos caprinos, Bahia, Pernambuco, Piau? e Cear? s?o os ?nicos estados brasileiros a terem rebanhos com mais de um milh?o de cabe?as. Os mesmos quatro estados se somam ao Rio Grande do Sul como os cinco maiores rebanhos de ovinos do Brasil. Esses animais, em geral, t?m boa adapta??o, produzindo leite, carne e pele, mesmo em condi??es extremas de temperatura, chuvas e oferta de alimentos irregulares. Esses fen?menos clim?ticos s?o verificados n?o somente no Brasil, mas em diversas outras regi?es do planeta com condi??es clim?ticas semelhantes.
N?cleos de ra?as de caprinos e ovinos localmente adaptadas ? Plataforma de Recursos Gen?ticos Animais
Embrapa Caprinos e Ovinos ? ra?as Morada Nova, Santa In?s e Somalis (ovinos); Moxot? e Canind? (caprinos)
Embrapa Meio-Norte ? ra?as Santa In?s (ovinos); Marota e Azul (caprinos)
Embrapa Roraima ? ra?a Barriga Negra (ovinos)
Embrapa Tabuleiros Costeiros ? ra?a Santa In?s (ovinos)
Embrapa Pecu?ria Sul ? ra?a Crioula Lanada (ovinos)
Fonte: Farm Point
Segundo o m?dico veterin?rio Olivardo Fac?, pesquisador da ?rea de Melhoramento Gen?tico Animal da Embrapa Caprinos e Ovinos (CE), a melhor adapta??o de caprinos e ovinos a regi?es ?ridas ou semi?ridas ? um fen?meno global: "em geral, essas esp?cies, por terem menor porte, apresentam tamb?m menor exig?ncia para se manter em ambientes extremos". Fac? alerta, por?m, que as compara??es com outras esp?cies n?o podem ser generalizadas, pois dentro mesmo de cada uma delas h? especificidades. "H? bovinos muito bem adaptados ao Semi?rido, como os chamados curraleiros p?-duros. Um animal como esse vai ter uma melhor adapta??o do que um caprino ou ovino de origem europeia, por exemplo. Entre os pequenos ruminantes mesmo, h? diferen?as marcantes", ressalta ele.
Para Fac?, os fatores importantes que devem ser observados s?o as repercuss?es que as mudan?as clim?ticas trar?o para a produ??o pecu?ria. "J? se percebe um quadro de eleva??o da temperatura global e de instabilidades clim?ticas. Uma consequ?ncia disso s?o as secas se agravando e surgindo em regi?es onde n?o havia esse cen?rio. Em uma situa??o como essa, a busca por esp?cies de animais capazes de se manter vi?veis, resilientes a oscila??es de temperatura ser? muito importante", explica.
Sendo o Semi?rido brasileiro uma das regi?es mais afetadas pelas mudan?as clim?ticas, a sustentabilidade da produ??o de caprinos e ovinos, mesmo com a boa adapta??o, depender? da ado??o de m?todos que reduzam os impactos do aquecimento global, com aproveitamento da biodiversidade e dos recursos h?dricos, inclusive por conta da perspectiva de d?ficit h?drico progressivo na regi?o. Esse quadro gera novas demandas para pesquisa, como o melhoramento gen?tico de ra?as adaptadas, recupera??o de solos degradados, melhoramento de esp?cies vegetais para alimenta??o e efici?ncia alimentar, ?reas em que a Embrapa tem investido em pesquisas voltadas para minimizar ou se antecipar a consequ?ncias das mudan?as clim?ticas.
Novas demandas para a pesquisa
O pesquisador Olivardo Fac? avalia que a busca por animais adaptados ao Semi?rido, por exemplo, pode crescer em novas regi?es onde quadros de desertifica??o e seca surjam no futuro, tanto em termos de uso dessas ra?as, como em cruzamentos que possibilitem crias mais resistentes. Da?, a relev?ncia das pesquisas em melhoramento gen?tico com foco nas ra?as de caprinos e ovinos localmente adaptadas, que mobilizam atualmente cinco centros de pesquisa da Embrapa com n?cleos de conserva??o no ?mbito da Plataforma de Recursos Gen?ticos.
"Os programas de melhoramento gen?tico especializado podem precisar de varia??es gen?ticas presentes nas ra?as adaptadas, com objetivos de ter rebanhos com mais resist?ncia contra estresse t?rmico, doen?as, oscila??es de chuvas e ofertas de alimentos", destaca Fac?, citando as possibilidades de cruzamento entre ra?as de animais adaptadas e outras consideradas "ex?ticas", mas com boa produ??o de leite ou carne, para gera??o de crias com tend?ncia a serem produtivas e adaptadas ao ambiente. O pesquisador alerta, por?m, que esses acasalamentos devem ser orientados por pessoal especializado, pois cruzamentos de forma indiscriminada podem resultar, em uma terceira ou quarta gera??o de animais mais fr?gil, sem boas condi??es de adapta??o. "Essas demandas j? s?o realidade e, para uso futuro, h? muito o que a Embrapa estudar".
Consolidar caprinos e ovinos como op??o produtiva em um contexto de mudan?as clim?ticas requer, por?m, preocupa??es com a viabilidade dos sistemas de produ??o, como a oferta de alimentos para os animais. Em virtude disso, a Embrapa tem intensificado a pesquisa e o desenvolvimento de tecnologias que integrem as ?reas de nutri??o animal, forragicultura, melhoramento vegetal e solos. H? pesquisas em andamento com foco na efici?ncia alimentar, redu??o da emiss?o de gases e fertilidade do solo para plantio de forrageiras.
Esta ?ltima tem sido testada com experimentos em parceria com o produtor Francisco Sousa, da Fazenda Aroeira, que tem ajudado na implanta??o de parcelas de terra onde materiais como bagana, esterco e leguminosas da caatinga trituradas s?o usados na tentativa de melhorar a fertilidade do solo em regi?o marcada pela desertifica??o. O objetivo ? recuperar ?reas degradadas para, em 2015, plantar variedades de milho e milheto que possam servir para a alimenta??o do rebanho de ovinos da propriedade.
Segundo o pesquisador Henrique Souza, da ?rea de Meio Ambiente e Pastagens da Embrapa Caprinos e Ovinos, em ?reas como essa, h? a preocupa??o com o chamado superpastejo, uma quantidade de animais acima do suporte de alimento que a ?rea ? capaz de fornecer, fator que intensifica a degrada??o e pode tornar determinadas ?reas invi?veis para produ??o. "Observamos algumas ?reas como esta e perguntamos logo: o que esses animais v?o comer? Por isso, ? fundamental tentar a reposi??o de nutrientes para enriquecimento do solo", afirma.
Fernando Guedes, tamb?m pesquisador da Embrapa Caprinos e Ovinos, complementa que em regi?es de poucas chuvas, o poder de recupera??o da vegeta??o tende a se tornar mais lento. "Aqui em Irau?uba, h? uma m?dia hist?rica de 300 a 400 mm de precipita??es no per?odo chuvoso. Em Sobral, mesmo sendo tamb?m sert?o, a m?dia varia entre 700 a 800 mm de chuva no inverno. Em regi?es com m?dias baixas, ? poss?vel que, com a mesma lota??o de animais, as ?reas se degradem mais ainda que em outras com m?dias de chuva maiores", ressalta Guedes.
As sementes que ser?o levadas para plantio na Fazenda Aroeira, est?o sendo testadas na Casa de Vegeta??o da Embrapa Caprinos e Ovinos, em Sobral (CE), simulando condi??es de temperatura pr?ximas ? realidade local, em amostras de solo e l?minas d??gua que foram coletadas no pr?prio terreno da propriedade rural. As variedades integram uma estrat?gia da Embrapa em testar plantas forrageiras que possam ser produtivas nas condi??es ambientais de regi?es semi?ridas.
Efici?ncia alimentar
Aliados ? pesquisa com plantas forrageiras, est?o experimentos que, em uma perspectiva futura, servir?o para avaliar a efici?ncia alimentar dos caprinos e ovinos, ou seja, conhecer que animais podem, comendo menos, obter o mesmo ganho de peso de outros ou comer a mesma quantidade que outros e, ainda assim, ganhar peso. Para isso, a Embrapa investiu em equipamento de Grow Safe para caprinos e ovinos, que permitir? a an?lise individualizada do comportamento de animais se alimentando, de modo a fornecer informa??es para os testes de desempenho de programas de melhoramento gen?tico.
No Grow Safe, cada animal ? identificado com um brinco eletr?nico e sensor que revela quando e quanto ele se alimenta, ao identificar a diferen?a de peso de ra??o no comedouro antes e depois. Os testes ser?o feitos com dietas padronizadas, para que se determinem os animais de melhor desempenho alimentar. "A ideia ? chegarmos a uma equa??o que possa predizer o ganho de peso e o consumo, a partir deste acompanhamento individual. Mas a perspectiva futura ? identificar, nestes animais de melhor desempenho, marcadores moleculares que reconhe?am genes para a melhor efici?ncia e, quem sabe, chegar a identificar os mais eficientes a partir de coletas de sangue", explica o pesquisador Diego Galvani, da ?rea de Nutri??o Animal da Embrapa Caprinos e Ovinos.
A identifica??o de animais, nos rebanhos, que aproveitem melhor os nutrientes pode contribuir para sistemas de produ??o mais sustent?veis, inclusive ecologicamente: a melhor nutri??o pode reduzir a emiss?o de gases de efeito estufa e de res?duos, que saem na urina e fezes e podem at? contaminar o len?ol fre?tico. A Embrapa tamb?m trabalha para o balanceamento de dietas com compostos que reduzam a emiss?o de metano e maximizem a efici?ncia alimentar.
"Antes, para reduzir os custos de produ??o relacionados ? alimenta??o, voc? buscava substituir os ingredientes por outros mais baratos. Isso at? reduz custo, mas nem sempre contribui para a efici?ncia do sistema, pois o valor nutricional da dieta pode piorar", ressalta Galvani. A inten??o ? encontrar, na biodiversidade da Caatinga, plantas ricas em compostos secund?rios que, uma vez inseridas na dieta, acrescentem nutrientes que possam equilibrar a dieta, reduzindo a fermenta??o de metano e a emiss?o de gases por parte do animal.
Caprinos no Brasil
No Nordeste brasileiro, est?o concentrados alguns dos maiores rebanhos de caprinos e de ovinos no Pa?s. Sozinha, a regi?o concentra 90% da popula??o de caprinos, cerca de 8,4 milh?es de cabe?as, e de 57% de ovinos, aproximadamente 9,8 milh?es de animais, de todo o territ?rio nacional. No caso dos caprinos, Bahia, Pernambuco, Piau? e Cear? s?o os ?nicos estados brasileiros a terem rebanhos com mais de um milh?o de cabe?as. Os mesmos quatro estados se somam ao Rio Grande do Sul como os cinco maiores rebanhos de ovinos do Brasil. Esses animais, em geral, t?m boa adapta??o, produzindo leite, carne e pele, mesmo em condi??es extremas de temperatura, chuvas e oferta de alimentos irregulares. Esses fen?menos clim?ticos s?o verificados n?o somente no Brasil, mas em diversas outras regi?es do planeta com condi??es clim?ticas semelhantes.
N?cleos de ra?as de caprinos e ovinos localmente adaptadas ? Plataforma de Recursos Gen?ticos Animais
Embrapa Caprinos e Ovinos ? ra?as Morada Nova, Santa In?s e Somalis (ovinos); Moxot? e Canind? (caprinos)
Embrapa Meio-Norte ? ra?as Santa In?s (ovinos); Marota e Azul (caprinos)
Embrapa Roraima ? ra?a Barriga Negra (ovinos)
Embrapa Tabuleiros Costeiros ? ra?a Santa In?s (ovinos)
Embrapa Pecu?ria Sul ? ra?a Crioula Lanada (ovinos)
Fonte: Farm Point