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Entendi e Fechar
Pesquisadores identificam novas pragas que podem atacar lavouras
1 de setembro de 2020

A fiscaliza??o de fronteiras secas e maior agilidade na aprova??o de mol?culas s?o consideradas fundamentais para evitar a entrada de novas doen?as

No in?cio dos anos 90, uma praga desconhecida deixou um rastro de devasta??o nas lavouras de cacau cultivadas na Bahia. A praga, que posteriormente foi batizada de vassoura de bruxa, causou perdas imensas aos produtores do estado. Como resultado, a produ??o cacaueira do Brasil, que respondia por cerca de 15% da mundial, foi reduzida a m?seros 4% e at? hoje n?o se recuperou, tamanho preju?zo causado pela doen?a. Para se ter uma ideia, a produ??o que em 1989 foi de 390 mil toneladas, no ano 2000 n?o passou de 123 mil toneladas.

Pragas como essa rondam as lavouras brasileiras, vindas de diversas partes do mundo. Algumas, como a Helicoverpa armigera, que vem tirando o sono dos produtores do sudoeste baiano, Goi?s, Mato Grosso e do Paran?, nem se sabe ao certo como chegaram aqui. Atentos a essa amea?a constante, a Associa??o Nacional de Defesa Vegetal (Andef) e a Sociedade Brasileira de Defesa Agropecu?ria (SBDA), em parceria com pesquisadores da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecu?ria (Embrapa), desenvolveram um estudo que aponta quais s?o as 150 pragas e doen?as que podem atingir as lavouras brasileiras nos pr?ximos anos. Entre elas, dez oferecem maior risco por estarem em ?reas pr?ximas ou em pa?ses com importantes rela??es comerciais com o Brasil.

?Esse estudo deixa claro quais s?o os desafios que o Brasil tem para evitar que essas amea?as se concretizem. Precisamos reduzir a burocracia na aprova??o de novos agroqu?micos e melhorar a fiscaliza??o das nossas fronteiras?, explica Eduardo Daher, presidente da Andef.

Entre as dez mais amea?adoras, Daher destaca a Striga, uma planta daninha que chega silenciosa e se instala junto ? raiz de v?rios tipos de outras plantas. ?Ela mata literalmente pela raiz, sugando todos os nutrientes de que a planta precisa para se desenvolver. ? perigosa porque n?o ? vis?vel como a ferrugem, que voc? identifica as manchas nas folhas?, explica o executivo.

Para se ter uma ideia dos preju?zos que tais doen?as causam nas lavouras, em duas safras, a Helicoverpa j? causou danos de R$ 2 bilh?es ? agricultura brasileira. ?A ferrugem da soja, que chegou ao Brasil em 2003, j? causou preju?zos da ordem de R$ 25 bilh?es ao agroneg?cio?, ressalta Daher.

Fronteiras
Um dos principais ve?culos para a expans?o desse tipo de praga no mundo ? o ser humano. Por isso, Daher chama a aten??o para os cuidados que o Brasil precisa ter com suas fronteiras, especialmente durante eventos internacionais, como foi o caso da Copa das Confedera??es, da Jornada Mundial da Juventude e, no pr?ximo ano, com a Copa do Mundo. ??s vezes as pessoas trazem v?rus e bact?rias na sola do sapato, dependendo do local por onde passam antes de viajar?, explica.

Para Regina Sugayama, consultora da Agropec e uma das pesquisadoras que participam do trabalho, n?o h? como blindar o Brasil da entrada de pragas, pois toda fronteira tem suas falhas. O problema, segundo ela, ? que ?a vigil?ncia brasileira est? focada nos portos e aeroportos que historicamente t?m mais entrada de material agropecu?rio. Mas no Norte do Brasil, a situa??o ? de insufici?ncia, com poucos postos de vigil?ncia, poucos fiscais?, alerta.

Assim, Daher considera fundamental o refor?o da comunica??o com o p?blico urbano, sobre os cuidados que devem ser tomados, inclusive com os itens da bagagem durante viagens nacionais e internacionais. ?Trazer alimentos n?o industrializados ou amostras de plantas e sementes do exterior, por exemplo, ? proibido, mas muita gente n?o sabe disso?, explica. Ele afirma ainda que boa parte dessas pragas s?o trazidas sobretudo pela Am?rica Central, em movimentos terrestres. ?E para piorar, n?o temos controle da fronteira seca do Pa?s; as doen?as entram pelo sapato e pelo vento?, diz.
Ela explica ainda que, em um recente levantamento feito pelos pesquisadores que participam do estudo foi constatado que, nos ?ltimos 20 anos, ao menos 20 pragas ex?ticas foram detectadas no Brasil. ?? um a por ano. Ser? que a gente vai dar conta de oferecer tecnologia para lidar com tantos problemas emergentes??, questiona.

Novas tecnologias
Regina revela que sua maior preocupa??o ? pensar em um futuro onde mais pragas ter?o entrado no Pa?s, enquanto o sistema nacional de registro de tecnologias para o controle das mesmas n?o avan?a na mesma velocidade. ?Muitas mol?culas t?m tido seu uso banido ou est?o em processo de reavalia??o. Ou seja, teremos mais pragas e menos tecnologia. O tempo para desenvolver e registrar uma tecnologia ? muito mais longo do que a velocidade com que as pragas t?m entrado?, explica.

Atualmente, um defensivo para ser aprovado no Brasil precisa obter laudos e aprova??es junto ao Ibama, Anvisa e ao Minist?rio da Agricultura, o que pode levar anos. ?N?o ? poss?vel esperar de quatro a cinco anos para que uma nova mol?cula seja aprovada para ser comercializada no Brasil, quando muitas vezes ela j? usada em larga escala em outros pa?ses. A praga n?o espera?, critica.

Diante desse cen?rio desafiador, o Minist?rio da Agricultura (Mapa) vem se reunindo com as principais entidades do setor para discutir o assunto e estudar a cria??o de um centro estrat?gico de pol?tica fitossanit?ria. O levantamento sobre as pragas que amea?am o Brasil, inclusive, tiveram in?cio com iniciativa do Dr. Odilson Ribeiro, ent?o diretor do departamento de Sanidade Vegetal do Mapa. Mas, para Daher, o governo precisa tamb?m desburocratizar a aprova??o de novas mol?culas e produtos para o mercado.

Segundo ele, o Brasil costuma reagir ao problema e n?o buscar maneiras de preveni-lo, o que acaba complicando o quadro. ?? muito mais barato e inteligente prevenir um problema dessa magnitude do que combater quando ele j? estiver se alastrando e causando preju?zos?, pondera.

Fonte: Campo Vivo

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