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Entendi e Fechar
Pol?tica e ambiente
1 de setembro de 2020

O LONGO processo de vota??o do novo C?digo Florestal, que s? em sua fase final se arrasta por um ano, serviu para tornar claras as diferen?as entre os produtores rurais brasileiros e os pol?ticos que se definem como ambientalistas. N?o seria impr?prio reconhecer que, de um modo geral, os ambientalistas s?o conservadores em sua vis?o do mundo e autorit?rios na sua a??o pol?tica.

Al?m disso, s? levam em conta aspectos ambientais, fechando os olhos para a rica complexidade da vida moderna que nos obriga a tratar com equil?brio os fatores econ?micos, sociais e culturais.

Os produtores rurais s?o otimistas em rela??o ao futuro e desejam o aumento da produ??o e da renda como aspira??o leg?tima da sociedade. Para atingir seus prop?sitos, acreditam nos mecanismos da democracia representativa.

Por imaginar que os recursos da terra chegaram ao limite de utiliza??o, os ambientalistas defendem a conten??o e a modifica??o imediata do consumo das pessoas.
Tornaram-se o que se pode chamar de conservadores da era p?s-moderna. Para eles, o que importa ? recriar ambientes naturais que existiam antes do capitalismo moderno.
No fundo, a atual luta dos ambientalistas contra os produtores brasileiros ? apenas um cap?tulo de sua guerra contra as formas de viver e de produzir que a ci?ncia e a tecnologia permitiram, e que os homens naturalmente escolheram.

Essa vis?o tem graves consequ?ncias ?ticas, uma vez que implica limitar o jogo do consumo quando a grande maioria da humanidade ainda vive com baixa qualidade de vida e bem-estar.

Os produtores do Brasil, e grande parte da sociedade que os apoia, filiam-se a uma tradi??o mais otimista na capacidade que tem o homem de adaptar-se ?s mudan?as no mundo material.

Desde os prim?rdios, a hist?ria n?o tem sido uma narrativa de fracassos e de desastres, mas, pelo contr?rio, de adapta??o criativa e de supera??o. Apesar de alguns insucessos, a marcha geral da civiliza??o, invariavelmente, ? positiva. No caso brasileiro, a adapta??o da produ??o agr?cola ? evidente finitude dos recursos naturais j? vem ocorrendo h? tempos.

Nas ?ltimas tr?s d?cadas, a produ??o de gr?os no pa?s passou de 47 milh?es de toneladas para 159 milh?es de toneladas, enquanto a ?rea plantada cresceu apenas de 37 para 49 milh?es de hectares, com eleva??o de 151% na produtividade.

Se, em 2010, tiv?ssemos a mesma produtividade de 1977, teriam sido necess?rios, para a mesma produ??o agr?cola, uma ?rea total de 122 milh?es de hectares, 73 milh?es de hectares a mais do que efetivamente utilizamos.

O que poupa recursos e preserva o mundo natural de utiliza??o n?o s?o normas, burocratas e ret?rica ambiental, mas a a??o dos produtores e o apoio do avan?o cient?fico. Na pr?tica, a pol?tica ambientalista n?o confia nas institui??es da democracia representativa.

Longe dos principais partidos, seus integrantes exilam-se em pequenas siglas, em que desfrutam da comodidade do pensamento ?nico, dispensando-se das canseiras do debate e do convencimento.

Com o apoio financeiro de empresas que se apropriam da natureza como ingrediente de marketing, procuram influir na burocracia do Estado para impor ? sociedade sua vis?o restrita do mundo. E fogem da luta parlamentar -n?o prop?em emendas nem projetos alternativos. No Brasil, at? aqui, tiveram ?xito.

H? 46 anos, o Congresso vem sendo privado de votar normas ambientais. A legisla??o em vigor foi criada ou modificada por meio de decretos, de resolu??es e de portarias, decididas sem transpar?ncia e longe dos olhos da sociedade.

Os produtores rurais dependem da democracia para viver, produzir e progredir. Por isso, sua arena ? o Parlamento e suas raz?es precisam ser compartilhadas pela maioria.
Como se v?, estamos diante de duas vis?es de mundo e de dois modos de a??o pol?tica. O que prevalecer vai ditar os pr?ximos rumos da sociedade, da economia e da pol?tica brasileiras.

*K?tia Abreu (DEM-TO), 49, senadora e presidente da CNA (Confedera??o da Agricultura e Pecu?ria do Brasil), escreve aos s?bados, a cada 14 dias, neste espa?o.

Fonte: Folha de S?o Paulo

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