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Entendi e Fechar
Rio+20, sucesso ou fracasso?
1 de setembro de 2020

As confer?ncias internacionais n?o t?m a intensidade dram?tica capaz de satisfazer a nossa fome de espet?culo. No entanto, elas n?o ocorrem em v?o e dispersam sementes para al?m das apar?ncias.

No caso das quest?es do ambiente, foi assim com a Rio-92, com Kyoto e certamente ser? assim tamb?m com a Rio+20.

O modo de funcionamento dessas confer?ncias reflete a realidade de um mundo mais multipolarizado, em que se multiplica sem cessar o n?mero de atores relevantes. N?o ? mais poss?vel, felizmente, que dois ou tr?s pa?ses se re?nam e decidam o destino da humanidade.

Os pr?prios governos, por sua vez, ao falar e decidir por seus pa?ses, devem respeitar a vontade livre de suas sociedades. O mundo tornou-se claramente mais aberto e muito mais democr?tico.

E nesse mundo, mais opini?es est?o sendo levadas em conta, tornando mais complexos os processos de tomada de decis?o.

A partir dessas duas premissas, pode-se fazer um julgamento mais equilibrado e mais justo da nossa confer?ncia. ? verdade que ela n?o foi ambiciosa e que renunciou depressa demais a seus objetivos?

N?o ? uma tarefa simples conseguir que 190 governantes, representando 7 bilh?es de pessoas, se ponham de acordo sobre mudan?as nos modos de produ??o, nos estilos de vida e nas expectativas de crescimento econ?mico para as pr?ximas d?cadas.

Os pr?prios termos do problema dificilmente s?o mat?ria consensual, mesmo entre profissionais e ativistas. H? importantes setores dos movimentos ambientalistas que contestam duramente a "economia verde" que n?o passa, segundo eles, de mais um disfarce ou uma variante do desenvolvimento capitalista.

E os objetivos de uma economia sustent?vel n?o devem ser impostos por meio de ordens de governos centralizadores e sim por meio da administra??o de incentivos que, num ambiente de liberdade, alterem os comportamentos de produtores e de consumidores. Afinal, em que sociedade queremos viver?

Como bem disse o negociador-chefe do Brasil, embaixador Luiz Alberto Figueiredo Machado, a objetivos ambiciosos devem corresponder recursos tamb?m ambiciosos. Uma coisa sem a outra ?, no m?nimo, incoer?ncia, disse ele.

Eu diria que chega mesmo a ser hipocrisia. Os pa?ses ricos desenvolveram-se sem as regras e limites que hoje pesam sobre os pa?ses de desenvolvimento tardio e sem incorrer nos custos em que essas restri??es implicam.

Por isso, se a Uni?o Europeia e os Estados Unidos desejam estabelecer objetivos concretos, devem antecipar-se e oferecer uma parte grande dos recursos necess?rios.

O papel da pol?tica ? agir conforme a circunst?ncia, avan?ando ou recuando conforme as condi??es reais. Nesse sentido, foi prudente recuar em rela??o aos recursos e aos financiamentos.

Mas, pela mesma raz?o, foi necess?rio n?o avan?ar em compromissos que custar?o muito, principalmente para os pa?ses em desenvolvimento, que ainda enfrentam situa??es de extrema pobreza.

A preserva??o dos recursos naturais, para que eles possam ser aproveitados de modo duradouro pelas futuras gera??es, ? uma tarefa importante e que deve obrigar a todos n?s. Mas ao olhar para a natureza e para os homens de amanh?, n?o podemos fechar os olhos para os homens de hoje; para as centenas de milh?es de pobres na ?frica, na ?sia e na Am?rica Latina, especialmente mulheres e crian?as.

Para eles ? preciso haver mais crescimento econ?mico e mais produ??o de alimentos. E n?o vamos conseguir isso retrocedendo a formas primitivas de organiza??o da produ??o, abolindo o uso de novas tecnologias no campo, renunciando ? engenharia gen?tica e amaldi?oando o desenvolvimento.

A Rio+20 ? o espelho do Mundo Novo, mais aberto e mais democr?tico, sem protagonismos excessivos. O governo brasileiro mostrou-se um ator apropriado desses tempos novos, exercendo um tipo de lideran?a serena, l?cida e democr?tica.

Estou convicta de que o Brasil, em todos os aspectos, cumpriu bem o seu papel como anfitri?o de uma das confer?ncias mais importantes deste s?culo.

*K?tia Abreu, 50, senadora (PSD-TO) e presidente da Confedera??o da Agricultura e Pecu?ria do Brasil (CNA), escreve aos s?bados, a cada 14 dias, neste espa?o.

Fonte: Artigo publicado na edi??o do ?ltimo s?bado (23/6), do caderno B-Mercados, do jornal Folha de S.Paulo.

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