Setor leiteiro adota censo, campanhas e maior controle para superar crise
1 de setembro de 2020
Envolto em dificuldades de mercado, que se somam ? desconfian?a ap?s casos de adultera??o, o setor leiteiro ga?cho tenta se recuperar. Ind?stria e produtores buscam alternativas e tra?am estrat?gias para fazer de 2015 um ano de retomada. Tudo para minimizar preju?zos que ainda est?o por vir: a estimativa ? de que milhares de fam?lias podem deixar a atividade.
A baixa remunera??o ? uma das raz?es que podem levar produtores a desistir. Em janeiro, o pre?o pago pelo litro atingiu o menor patamar em cinco anos no Estado: R$ 0,73 ? 10% a menos em rela??o a 2014, em valores corrigidos. E o Conseleite projeta R$ 0,74 para fevereiro, cujos dados ainda s?o processados. O recuo tamb?m se refletiu nos supermercados, com o menor pre?o em cinco anos.
A explica??o para a desvaloriza??o ? consenso: a crise da cadeia ga?cha atingiu o fundo do po?o no in?cio de 2015. H? expectativa de recupera??o no ano, mas a tarefa n?o ser? f?cil.
O setor, que j? vinha cambaleando em fun??o dos efeitos da Opera??o Leite Compen$ado, encontrou mais obst?culos, o mais recente deles a greve dos caminhoneiros, obrigando a jogar fora milhares de litros.
Ao contr?rio do que costuma ocorrer, a retra??o na demanda devido ?s f?rias escolares n?o veio acompanhada do recuo na produ??o, j? que o ver?o chuvoso favoreceu as pastagens. O resultado foi alta nos estoques e, com isso, queda nos pre?os.
"Hoje, o consumidor ? mais exigente. Ent?o, pode ter havido retra??o no consumo (com a Opera??o Leite Compen$ado), inclusive em outros Estados, porque exportamos 60% da nossa produ??o" avalia o diretor-executivo do Instituto Ga?cho do Leite (IGL), Ard?mio Heineck.
O descompasso entre o aumento da oferta e o consumo no pa?s tamb?m ? apontado como fator para a crise. Entre 2010 e 2013, a produ??o de leite ga?cha cresceu mais do que o dobro da brasileira. O salto foi de 24%, uma m?dia de 8% ao ano ? quatro vezes mais do que o aumento anual do consumo, estimado em 178 litros per capita por ano no pa?s.
Melhorias no horizonte
Com a volta ?s aulas e a normaliza??o do consumo, espera-se que o pre?o comece a reagir neste m?s. Segundo o presidente do Sindicato da Ind?stria de Latic?nios e Produtos Derivados do Estado (Sindilat-RS), Alexandre Guerra, a sinaliza??o de melhora tamb?m vem do mercado externo, com alta de 25% na cota??o do leite em p?. O dirigente diz que o desabastecimento provocado pela paralisa??o dos caminhoneiros tamb?m pode aumentar o pre?o do leite.
Para o presidente da Comiss?o de Leite da Federa??o da Agricultura do Estado (Farsul), Jorge Rodrigues, a retomada do setor ser? impulsionada pelo mercado interno, pois a estiagem em Goi?s e Minas Gerais ? dois dos cinco maiores produtores ? pode abrir espa?o ? produ??o ga?cha.
Presidente da Federa??o dos Trabalhadores na Agricultura no Estado (Fetag-RS), Carlos Joel da Silva pede que "cada um fa?a a sua parte". Mas a possibilidade de uma oitava fase da Leite Compen$ado, quando o setor ensaia uma recupera??o, preocupa: "Se vier com estardalha?o, pode sepultar de vez a cadeia no Estado".
? frente da opera??o deflagrada pelo Minist?rio P?blico Estadual em 2013 e cuja investiga??o aponta suposta adultera??o de 100 milh?es de litros em um ano, o promotor Mauro Rockenbach discorda: "Quem sepulta a cadeia s?o os fraudadores, agindo contra um setor altamente produtivo e importante. N?o inventamos fraude, apenas defendemos os consumidores".
Mapeamento, mais controle e fiscaliza??o
Censo, campanha publicit?ria, treinamento t?cnico, busca por novos mercados e cria??o de mecanismos para coibir fraudes. Estes s?o alguns exemplos de a??es que est?o no radar do Instituto Ga?cho do Leite (IGL) para contornar a crise vivenciada pelo setor.
Formado por 35 entidades, o IGL pretende lan?ar at? maio uma campanha para incentivar o consumo de leite e seus derivados. Para driblar a desconfian?a do consumidor, a ideia ? transformar a vigil?ncia de ?rg?os como o Minist?rio P?blico ? que deflagrou a Leite Compen$ado ? em uma "oportunidade mercadol?gica", mostrando que o produto ga?cho ? "o mais fiscalizado do pa?s".
"O controle deve ser permanente, assim como o produtor tem a obriga??o de ordenhar as vacas todos os dias. Cada segmento tem de fazer a sua parte, a? sim teremos condi??es e seguran?a para buscar outros mercados" avalia Jorge Rodrigues, da Farsul.
Neste m?s, o IGL tamb?m deve concluir um levantamento socioecon?mico da atividade leiteira. A forma??o de banco de dados, segundo o diretor-executivo do instituto, Ard?mio Heineck, ? fundamental para melhorar a gest?o da cadeia produtiva no Estado.
Al?m da maior oferta de derivados l?cteos, outra a??o tida como priorit?ria ? a abertura de novos mercados. Por isso, as entidades buscam agilizar o credenciamento de empresas ga?chas para exportar leite em p? ? R?ssia. O potencial de demanda do pa?s europeu, que pode enviar comitiva ao Estado nos pr?ximos meses, ? estimado em 30 mil toneladas por m?s.
Tamb?m est?o sendo articulados, por meio da Assembleia Legislativa e da Secretaria da Agricultura, projetos de lei que possam coibir a adultera??o de leite no Estado. As propostas seriam voltadas para o transporte do leite e para a comercializa??o e penaliza??o dos fraudadores da mat?ria-prima.
Incerteza pode fazer at? 30 mil fam?lias deixarem o setor
Nos pr?ximos cinco anos, at? 30 mil fam?lias ga?chas poder?o abandonar a atividade leiteira, projetam a Federa??o dos Trabalhadores na Agricultura do Estado (Fetag-RS) e a Federa??o dos Trabalhadores na Agricultura Familiar da Regi?o Sul (Fetraf-Sul). Boa parte, segundo presidente da Fetag-RS, Carlos Joel da Silva, produz menos de 50 litros por dia e mora em ?reas de dif?cil acesso. Por tais raz?es, acabam encontrando cada vez mais dificuldades na hora de comercializar a mat?ria-prima.
Entre esses produtores de leite, tamb?m est?o os que eram vinculados a alguma das 15 empresas que fecharam as portas no Rio Grande do Sul nos ?ltimos meses. A estimativa ? de que cerca de 10 mil fam?lias ficaram sem receber pagamento das ind?strias que decretaram fal?ncia no RS.
"Toda a atividade tem suas crises e os que ficam pelo caminho. Mas vamos olhar para frente e trabalhar para perder o m?nimo poss?vel de produtores" ressalta Ard?mio Heineck, diretor-executivo do IGL.
Presidente do sistema Ocergs/Sescoop, Vergilio Perius afirma que as cooperativas absorveram parte deste contingente, cumprindo com seu papel de promover a inclus?o social. Desde dezembro, 3,7 mil produtores de leite se tornaram s?cios de cooperativas.
"O leite ? a ?ncora do desenvolvimento da agricultura familiar do Estado. Se terminar o leite, termina tudo" observa Perius.
Desestimulado pelos baixos pre?os, o produtor Paulo Stangherlin, 45 anos, de S?o Paulo das Miss?es, pensa em desistir da atividade depois de duas d?cadas de dedica??o. Ele, que vem reduzindo a produ??o, recebe R$ 0,56 pelo litro, valor que considera invi?vel: "N?o tem como sobreviver desse jeito. Nunca sobra nada. Tem exig?ncia, mas n?o tem retorno, e a m?o de obra ? puxada. N?o tem fim de semana nem feriado".
Stangherlin administra a propriedade de 25 hectares com a ajuda da mulher, V?nia. Al?m de produzirem cerca de cem litros por dia, tamb?m plantam milho para silagem do gado e soja em uma ?rea de oito hectares. Por enquanto, n?o t?m planos de deixar o campo, mas, se a situa??o do leite n?o melhorar em um ano, o casal pretende investir s? na agricultura. "Com esse problema da adultera??o, temos pouca esperan?a de que as coisas possam melhorar. Antes, o Rio Grande era refer?ncia em qualidade. Hoje, h? rejei??o. E os produtores est?o pagando por erros de freteiros e firmas".
Qualidade e investimento garantem maior valoriza??o
Se h? preocupa??o com desist?ncia, tamb?m h? quem persista com otimismo na atividade. Um exemplo ? a fam?lia Siqueira, que produz leite h? quase 20 anos em Boa Vista do Incra, no Noroeste. H? quatro anos, ap?s cogitarem mudan?a para a cidade, os irm?os Altair, 23 anos, Ademir, 40, e Edivaldo, 26, inverteram a l?gica predominante e apostaram mais em qualidade do que quantidade.
"Passamos a cuidar mais da qualidade, pensando em quem vai consumir o produto", conta Altair.
Incentivados pela Nestl? e pelos t?cnicos da Emater e da Embrapa, eles investiram em gen?tica, pastagens e equipamentos para ordenha e armazenamento. O valor recebido pelo litro de leite em janeiro foi R$ 0,98 ? 25% a mais do que a m?dia calculada pelo Conseleite. Em 2014, a m?dia ficou em R$ 1,07.
Com 54 vacas em lacta??o, o volume captado por dia ? de 1,08 mil litros. Apesar da boa rentabilidade, a alta nos custos preocupa. Altair observa que o produto deveria ser mais valorizado. ? o que tamb?m afirma Gustavo Dal Maso, 35 anos, que herdou dos pais a voca??o para a produ??o leiteira: "O pre?o n?o acompanha o mercado. Tudo ? caro, e o nosso produto n?o sobe. Mas quem gosta do que faz, n?o abandona".
Investindo constantemente em m?quinas e infraestrutura, ele produz 800 litros por dia e tem 50 vacas. A produ??o ? destinada ? Nestl?, e o pre?o ? de R$ 0,94 por litro ? R$ 0,20 acima da proje??o do Conseleite para fevereiro.
"Quando o pre?o baixa, tem de produzir mais para compensar, pois h? custos fixos. Corro atr?s de qualidade. Bom ? ver que o investimento faz com que, na hora dif?cil, minhas perdas sejam menores do que outros que aplicam menos. Com boa estrutura e qualidade, o pre?o ? justo. Se pular de galho em galho, uma hora o galho quebra. ? preciso cautela e trabalho. N?o penso em desistir", ressalta Dal Maso.
Fonte: Milk Point
A baixa remunera??o ? uma das raz?es que podem levar produtores a desistir. Em janeiro, o pre?o pago pelo litro atingiu o menor patamar em cinco anos no Estado: R$ 0,73 ? 10% a menos em rela??o a 2014, em valores corrigidos. E o Conseleite projeta R$ 0,74 para fevereiro, cujos dados ainda s?o processados. O recuo tamb?m se refletiu nos supermercados, com o menor pre?o em cinco anos.
A explica??o para a desvaloriza??o ? consenso: a crise da cadeia ga?cha atingiu o fundo do po?o no in?cio de 2015. H? expectativa de recupera??o no ano, mas a tarefa n?o ser? f?cil.
O setor, que j? vinha cambaleando em fun??o dos efeitos da Opera??o Leite Compen$ado, encontrou mais obst?culos, o mais recente deles a greve dos caminhoneiros, obrigando a jogar fora milhares de litros.
Ao contr?rio do que costuma ocorrer, a retra??o na demanda devido ?s f?rias escolares n?o veio acompanhada do recuo na produ??o, j? que o ver?o chuvoso favoreceu as pastagens. O resultado foi alta nos estoques e, com isso, queda nos pre?os.
"Hoje, o consumidor ? mais exigente. Ent?o, pode ter havido retra??o no consumo (com a Opera??o Leite Compen$ado), inclusive em outros Estados, porque exportamos 60% da nossa produ??o" avalia o diretor-executivo do Instituto Ga?cho do Leite (IGL), Ard?mio Heineck.
O descompasso entre o aumento da oferta e o consumo no pa?s tamb?m ? apontado como fator para a crise. Entre 2010 e 2013, a produ??o de leite ga?cha cresceu mais do que o dobro da brasileira. O salto foi de 24%, uma m?dia de 8% ao ano ? quatro vezes mais do que o aumento anual do consumo, estimado em 178 litros per capita por ano no pa?s.
Melhorias no horizonte
Com a volta ?s aulas e a normaliza??o do consumo, espera-se que o pre?o comece a reagir neste m?s. Segundo o presidente do Sindicato da Ind?stria de Latic?nios e Produtos Derivados do Estado (Sindilat-RS), Alexandre Guerra, a sinaliza??o de melhora tamb?m vem do mercado externo, com alta de 25% na cota??o do leite em p?. O dirigente diz que o desabastecimento provocado pela paralisa??o dos caminhoneiros tamb?m pode aumentar o pre?o do leite.
Para o presidente da Comiss?o de Leite da Federa??o da Agricultura do Estado (Farsul), Jorge Rodrigues, a retomada do setor ser? impulsionada pelo mercado interno, pois a estiagem em Goi?s e Minas Gerais ? dois dos cinco maiores produtores ? pode abrir espa?o ? produ??o ga?cha.
Presidente da Federa??o dos Trabalhadores na Agricultura no Estado (Fetag-RS), Carlos Joel da Silva pede que "cada um fa?a a sua parte". Mas a possibilidade de uma oitava fase da Leite Compen$ado, quando o setor ensaia uma recupera??o, preocupa: "Se vier com estardalha?o, pode sepultar de vez a cadeia no Estado".
? frente da opera??o deflagrada pelo Minist?rio P?blico Estadual em 2013 e cuja investiga??o aponta suposta adultera??o de 100 milh?es de litros em um ano, o promotor Mauro Rockenbach discorda: "Quem sepulta a cadeia s?o os fraudadores, agindo contra um setor altamente produtivo e importante. N?o inventamos fraude, apenas defendemos os consumidores".
Mapeamento, mais controle e fiscaliza??o
Censo, campanha publicit?ria, treinamento t?cnico, busca por novos mercados e cria??o de mecanismos para coibir fraudes. Estes s?o alguns exemplos de a??es que est?o no radar do Instituto Ga?cho do Leite (IGL) para contornar a crise vivenciada pelo setor.
Formado por 35 entidades, o IGL pretende lan?ar at? maio uma campanha para incentivar o consumo de leite e seus derivados. Para driblar a desconfian?a do consumidor, a ideia ? transformar a vigil?ncia de ?rg?os como o Minist?rio P?blico ? que deflagrou a Leite Compen$ado ? em uma "oportunidade mercadol?gica", mostrando que o produto ga?cho ? "o mais fiscalizado do pa?s".
"O controle deve ser permanente, assim como o produtor tem a obriga??o de ordenhar as vacas todos os dias. Cada segmento tem de fazer a sua parte, a? sim teremos condi??es e seguran?a para buscar outros mercados" avalia Jorge Rodrigues, da Farsul.
Neste m?s, o IGL tamb?m deve concluir um levantamento socioecon?mico da atividade leiteira. A forma??o de banco de dados, segundo o diretor-executivo do instituto, Ard?mio Heineck, ? fundamental para melhorar a gest?o da cadeia produtiva no Estado.
Al?m da maior oferta de derivados l?cteos, outra a??o tida como priorit?ria ? a abertura de novos mercados. Por isso, as entidades buscam agilizar o credenciamento de empresas ga?chas para exportar leite em p? ? R?ssia. O potencial de demanda do pa?s europeu, que pode enviar comitiva ao Estado nos pr?ximos meses, ? estimado em 30 mil toneladas por m?s.
Tamb?m est?o sendo articulados, por meio da Assembleia Legislativa e da Secretaria da Agricultura, projetos de lei que possam coibir a adultera??o de leite no Estado. As propostas seriam voltadas para o transporte do leite e para a comercializa??o e penaliza??o dos fraudadores da mat?ria-prima.
Incerteza pode fazer at? 30 mil fam?lias deixarem o setor
Nos pr?ximos cinco anos, at? 30 mil fam?lias ga?chas poder?o abandonar a atividade leiteira, projetam a Federa??o dos Trabalhadores na Agricultura do Estado (Fetag-RS) e a Federa??o dos Trabalhadores na Agricultura Familiar da Regi?o Sul (Fetraf-Sul). Boa parte, segundo presidente da Fetag-RS, Carlos Joel da Silva, produz menos de 50 litros por dia e mora em ?reas de dif?cil acesso. Por tais raz?es, acabam encontrando cada vez mais dificuldades na hora de comercializar a mat?ria-prima.
Entre esses produtores de leite, tamb?m est?o os que eram vinculados a alguma das 15 empresas que fecharam as portas no Rio Grande do Sul nos ?ltimos meses. A estimativa ? de que cerca de 10 mil fam?lias ficaram sem receber pagamento das ind?strias que decretaram fal?ncia no RS.
"Toda a atividade tem suas crises e os que ficam pelo caminho. Mas vamos olhar para frente e trabalhar para perder o m?nimo poss?vel de produtores" ressalta Ard?mio Heineck, diretor-executivo do IGL.
Presidente do sistema Ocergs/Sescoop, Vergilio Perius afirma que as cooperativas absorveram parte deste contingente, cumprindo com seu papel de promover a inclus?o social. Desde dezembro, 3,7 mil produtores de leite se tornaram s?cios de cooperativas.
"O leite ? a ?ncora do desenvolvimento da agricultura familiar do Estado. Se terminar o leite, termina tudo" observa Perius.
Desestimulado pelos baixos pre?os, o produtor Paulo Stangherlin, 45 anos, de S?o Paulo das Miss?es, pensa em desistir da atividade depois de duas d?cadas de dedica??o. Ele, que vem reduzindo a produ??o, recebe R$ 0,56 pelo litro, valor que considera invi?vel: "N?o tem como sobreviver desse jeito. Nunca sobra nada. Tem exig?ncia, mas n?o tem retorno, e a m?o de obra ? puxada. N?o tem fim de semana nem feriado".
Stangherlin administra a propriedade de 25 hectares com a ajuda da mulher, V?nia. Al?m de produzirem cerca de cem litros por dia, tamb?m plantam milho para silagem do gado e soja em uma ?rea de oito hectares. Por enquanto, n?o t?m planos de deixar o campo, mas, se a situa??o do leite n?o melhorar em um ano, o casal pretende investir s? na agricultura. "Com esse problema da adultera??o, temos pouca esperan?a de que as coisas possam melhorar. Antes, o Rio Grande era refer?ncia em qualidade. Hoje, h? rejei??o. E os produtores est?o pagando por erros de freteiros e firmas".
Qualidade e investimento garantem maior valoriza??o
Se h? preocupa??o com desist?ncia, tamb?m h? quem persista com otimismo na atividade. Um exemplo ? a fam?lia Siqueira, que produz leite h? quase 20 anos em Boa Vista do Incra, no Noroeste. H? quatro anos, ap?s cogitarem mudan?a para a cidade, os irm?os Altair, 23 anos, Ademir, 40, e Edivaldo, 26, inverteram a l?gica predominante e apostaram mais em qualidade do que quantidade.
"Passamos a cuidar mais da qualidade, pensando em quem vai consumir o produto", conta Altair.
Incentivados pela Nestl? e pelos t?cnicos da Emater e da Embrapa, eles investiram em gen?tica, pastagens e equipamentos para ordenha e armazenamento. O valor recebido pelo litro de leite em janeiro foi R$ 0,98 ? 25% a mais do que a m?dia calculada pelo Conseleite. Em 2014, a m?dia ficou em R$ 1,07.
Com 54 vacas em lacta??o, o volume captado por dia ? de 1,08 mil litros. Apesar da boa rentabilidade, a alta nos custos preocupa. Altair observa que o produto deveria ser mais valorizado. ? o que tamb?m afirma Gustavo Dal Maso, 35 anos, que herdou dos pais a voca??o para a produ??o leiteira: "O pre?o n?o acompanha o mercado. Tudo ? caro, e o nosso produto n?o sobe. Mas quem gosta do que faz, n?o abandona".
Investindo constantemente em m?quinas e infraestrutura, ele produz 800 litros por dia e tem 50 vacas. A produ??o ? destinada ? Nestl?, e o pre?o ? de R$ 0,94 por litro ? R$ 0,20 acima da proje??o do Conseleite para fevereiro.
"Quando o pre?o baixa, tem de produzir mais para compensar, pois h? custos fixos. Corro atr?s de qualidade. Bom ? ver que o investimento faz com que, na hora dif?cil, minhas perdas sejam menores do que outros que aplicam menos. Com boa estrutura e qualidade, o pre?o ? justo. Se pular de galho em galho, uma hora o galho quebra. ? preciso cautela e trabalho. N?o penso em desistir", ressalta Dal Maso.
Fonte: Milk Point